Crítica: A Casa das Flores (2ª temporada)

Virgínia de la Mora está morta. A decisão de matar a personagem foi tomada por Manolo Caro, realizador de A Casa das Flores (La Casa de las Flores), quando a atriz Verónica Castro decidiu que era hora de deixar sua personagem para trás e não voltar para novos episódios. Sem a presença da matriarca dos De la Mora, a segunda temporada da original Netflix começa com a nada tradicional família mexicana tentando se reestruturar.

Ao fim da primeira temporada, vimos que a floricultura acabou nas mãos dos inimigos “los Chiquis”, que Diego (Juan Medina) roubou a fortuna da família e que Virgínia foi embora na surdina. Sem mãe, primeiro fugida e depois morta, sem floricultura e sem dinheiro, os irmãos De la Mora se dividiram.  Paulina (Cecilia Suárez) foi para a Espanha tentar viver tranquila com Maria José (Paco León) e o filho; Elena (Aislinn Derbez) assumiu sua carreira de arquiteta; e Julián (Dario Bernal) fez julianices.

Imagem: divulgação

Verónica Castro não chegou a filmar uma morte para Virgínia, então a solução para justificar a futura ausência da personagem na trama foi informar seu falecimento nas redes sociais da equipe da série e da Netflix, como material de divulgação para a segunda temporada. Uma jogada de marketing tão mórbida quanto cômica, e perfeitamente condizente com a personalidade novelesca da produção.

Assim, os novos episódios estrearam na última sexta-feira (18) com Virgínia já morta, a floricultura sob risco de demolição e o cabaré vendido por Ernesto (Arturo Ríos) e transformado em  “casa de los pollos” (casa dos frangos). Com o dinheiro da venda, o patriarca acabou entrando para uma seita religiosa mercenária.

É por um problema no testamento da mãe que Paulina volta ao México, decidida a recuperar os negócios da família (cabaré e floricultura) e a vingar-se de Diego. 

Agora os De la Mora finalmente estão de volta. E tão disfuncionais como sempre.

PAULINA DE LA MORA

Com a saída de Castro, Manolo Caro precisou apostar ainda mais na parceria com Cecilia Suárez. Paulina de la Mora já mostrava-se especial desde o início da série, e não à toa rendeu um Prêmio Platino de Melhor Interpretação Feminina em Minissérie ou Telessérie para Suárez em maio deste ano.  Sua forma vagarosa e articulada de falar, a determinação, as ações duvidosas, os chiliques, os erros e os acertos, seu quase anti-heroísmo e seu enorme coração soam como patrimônios e espinha dorsal da identidade de A Casa das Flores. 

Paulina de la Mora (Cecilia Suárez) / Divulgação

Nos novos episódios, portanto, a personagem segue roubando a cena. Ela ainda tenta agradar a memória da mãe e cuidar (ou controlar) da vida de todos ao seu redor, deixando a sua própria em segundo plano, mas agora já não precisa se submeter ao poder matriarcal de Virginia, podendo tornar-se, abertamente, ela mesma o ponto de sustentação “oficial” da família. 

Graças ao ótimo texto e ao brilhante e intenso trabalho de sua intérprete, Paulina de la Mora cresce e consagra-se como estrela da produção. Tão controversa quanto única, mostra-se um caso de imenso sucesso de construção de personagem. Fosse produto de Hollywood, certamente a estaríamos chamando de fenômeno cultural.

CAOS E MÚSICA

Para este segundo ano, a estrutura da série se manteve: crítica, humor, dramalhão e desajustes familiares seguem sendo a alma do seriado.  Os novos episódios são tão caóticos, vibrantes, sentimentais e carismáticos quanto os primeiros; embora haja novidades. 

Imagem: divulgação

Além das piadinhas sobre o sotaque da Espanha, da belíssima animação da abertura, das novas presepadas mirabolantes e da entrada dos atores Mariana Treviño e Eduardo Rosas no elenco, a série aprofundou sua musicalidade. Ilariê, Gloria Trevi, Julieta Venegas e reggaeton formam uma combinação que só seria possível mesmo em A Casa das Flores.  

Não é exagero nenhum dizer que, atualmente, a produção se destaca como uma das melhores séries originais da Netflix. Manolo Caro criou sua própria novela no streaming, repleta de clichês valiosos do gênero, mas com identidade inconfundível. Um melodrama popular, ácido, profundamente contemporâneo e, acima de tudo, absolutamente consistente. 

Ao que tudo indica, será longeva a trajetória da família De la Mora. Uma pena que a Netflix Brasil não invista na divulgação da série. 

Leia também: A Casa das Flores reinventa o dramalhão mexicano na Netflix

Atualização (27/04/2020): Crítica da 3ª temporada

Ficha técnica – 2ª temporada

Criação: Manolo Caro

País: México

Ano: 2019

Elenco: Cecilia Suárez, Aislinn Derbez, Dario Yazbek Bernal, Paco León, Arturo Ríos, Juan Medina, Mariana Treviño,  Eduardo Rosas

Gênero: Comédia, Drama

Distribuição: Netflix

COMENTÁRIOS

2 comentários em “Crítica: A Casa das Flores (2ª temporada)”

  1. Nossa! Esta temporada ficou muito ruim. não se aproveita nenhum episódio inteiro.

    Me parece que ficou tudo jogado, não há um elo de ligação. E eu não acredito que isto se deva ao fato da matriarca ter saído.

  2. Assisti a primeira temporada, ri muito e recomendei para amigos , a segunda não gostei ,,, muito chata , sem aquele humor da primeira , com muita informação ao mesmo tempo cansativa as cenas , estou na terceira não terminei ainda , espero que não me decepcione mais .

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