Aos 50 anos, Marie-Francine (Valérie Lemercier) vê sua vida mudar drasticamente quando é demitida do emprego que ama e abandonada pelo marido, que a troca por uma mulher mais jovem. Em pouco tempo, a protagonista de 50 são os novos 30 perde toda a estabilidade que havia alcançado ao longo da vida e precisa voltar a morar com os pais, aceitando suas regras como se fosse uma adolescente.
Quando começa a trabalhar em uma pequena loja de cigarros eletrônicos por não conseguir nada melhor, Marie-Francine conhece e se apaixona por Miguel (Patrick Timsit), o cozinheiro do restaurante ao lado que também vive com a família. Desse envolvimento surgem situações inusitadas e uma parceria inspiradora.
50 são os novos 30 é uma comédia com objetivos múltiplos. Ao mesmo tempo em que é leve – às vezes até mesmo tola – e não se leva a sério, ela trata de algumas questões contemporâneas importantes, relacionadas principalmente ao que é ser uma mulher de 50 anos hoje em dia – partindo, claro, do ponto de vista de uma francesa, branca, de classe média.
Algumas situações propostas pelo filme, como o machismo do ex-marido da protagonista, as dificuldades de recolocação no mercado de trabalho e as constantes cobranças dos pais e conhecidos sobre sua vida amorosa e aparência (pressão estética), fazem parte também do cotidiano de inúmeras mulheres. Aqui, entretanto – e apesar de retratadas com responsabilidade -, essas situações soam um pouco caricaturais.
Nesse contexto, a trajetória de Marie-Francine acaba permeada por posturas clichês do gênero comédia romântica, deixando seu arco muito semelhante ao de um conto de fadas moderno, com toques de rebeldia adolescente, mas protagonizado por uma princesa de 50 anos. Não que isso invalide a proposta do filme, que, por sinal, é muito elegante e bem humorado, mas, de certo modo, o restringe a uma superfície.
Talvez a diretora de fato tenha querido transpor a realidade de uma mulher madura para a de uma jovem, sem desprendê-la dos pesos sociais que carrega consigo. Uma escolha original e notável. O problema é que, na prática, essa opção anda por um linha tênue que separa o espectador que compra a ideia com entusiasmo e aquele que a entende como muito pouco verossimilhante.
Os personagens e a trilha sonora, em contrapartida, são carismáticos, divertidos e nada óbvios. Aqui vale destacar: a personagem Nadège (Nadège Beausson-Diagne), única mulher negra do longa, mas uma mulher excepcional; o trabalho polivalente de Valérie Lemercier, que dá vida a uma personagem que pertence a uma faixa etária pouco explorada pelo cinema; e a trilha sonora portuguesa divertidíssima.
Sem dúvidas, a direção e o protagonismo feminino de 50 são os novos 30 fazem toda a diferença no resultado final. Isso porque, se por um lado o filme soa “leve demais” ao se aproximar das fórmulas de contos de fadas, por outro ele é honesto e engraçado, sem abrir mão das pautas importantes que se propôs a tratar. Ou seja, ideal para quem procura por filmes agradáveis e divertidos.
Assista ao trailer de 50 são os novos 30:
(Fonte: Cineart Filmes Oficial / YouTube)
Ficha técnica
Ano: 2018
Duração: 1h35
Direção: Valérie Lemercier
Elenco: Valérie Lemercier, Patrick Timsit, Hélène Vincent, Nadège Beausson-Diagne
Gênero: Comédia
Distribuição: Cineart Filmes
País: França
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