Presságio e Desaparecida: O CSI argentino protagonizado por Luisana Lopilato

Em 2018, o argentino Alejandro Montiel lançava o drama policial Desaparecida na Netflix. Agora, dois anos depois, o diretor retorna à plataforma de streaming com Presságio (La Corazonada, no original) uma espécie de prelúdio sobre a trajetória profissional da policial Manuela Pelari, apelidada Pipa (Luisana Lopilato), cujo passado pessoal já havia sido revirado no primeiro filme.

Luisana Lopilato é Manuela Pelari em ‘Desaparecida’ e ‘Presságio’/ Divulgação

Dessa vez, então, acompanhamos o início de carreira de Pipa, quando ela assume seu primeiro grande caso e, paralelamente, acaba conduzindo uma investigação de assassinato que envolve seu chefe, Francisco Juanez (Joaquín Furriel).

Não exatamente complementares, os filmes muito se aproximam do formato das séries procedurais televisivas: há uma mesma protagonista como elemento comum entre eles, mas cada um explora os gêneros policial e suspense de maneira relativamente particular. Assim, em Desaparecida prevalece o drama dos conflitos íntimos de Pipa; enquanto em Presságio predominam os detalhes e reviravoltas do proceder de operações investigativas típicos do suspense criminal.

CSI ARGENTINO 

Tecnicamente impecáveis e baseados na obra da escritora Florencia Etcheves, os filmes sofrem do mal que acomete a grande maioria dos originais Netflix: o engessamento de formatos, histórias e estéticas; fenômeno derivado da necessidade de servir genéricos a um mercado globalizado que demanda quantidade.

‘Presságio’/ Divulgação

Mas não por acaso Presságio está no TOP 10 Netflix Brasil desde que estreou, no último dia 28. Embora muito parecido com várias produções policiais que já circulam no mercado e na própria Netflix – principalmente com episódios da série estadunidense CSI -, o longa se faz atrativo pela grandeza de seu elenco principal. Da mesma forma, o engavetamento de reviravoltas na trama pode conseguir manter qualquer espectador entretido.

Nesse sentido, os dois trabalhos de Montiel apresentam-se como filmes burocráticos e altamente previsíveis, que privilegiam os mecanismos de reprodução de chavões de gênero e marketing em detrimento da elaboração dos personagens e da narrativa. Por consequência, testemunhamos histórias irregulares, que ora se perdem em didatismos tolos, ora atropelam peças fundamentais do enredo. Em conjunto, portanto, Desaparecida e Presságio parecem valorizar mais a forma que o  conteúdo.

Mais dinâmico e maduro que Desaparecida, porém, Presságio até pode justificar a popularidade da dupla de filmes. O que ele não consegue justificar é sua existência como “complemento” do outro, já que nada tem a acrescentar à primeira produção. Aliás, os dois filmes funcionam perfeitamente bem separados. Supõe-se, então, que na verdade Presságio sirva como uma continuidade de acabamento, uma forma de reparar a insuficiência de seu antecessor e seguir com a “franquia”; empreitada mais comercial do que criativa.

Logo, a conclusão que se tira é que a dupla de filmes argentinos do momento na Netflix nada fica devendo ao cinema mediano estadunidense, mas também não acrescenta grandes novidades ao argentino.

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Ficha Técnica de Presságio:

Direção: Alejandro Montiel

Duração: 1h56

País: Argentina

Ano: 2020

Elenco: Luisana Lopilato, Joaquín Furriel, Rafael Ferro, Maite Lanata

Gênero: Suspense policial

Distribuição: Netflix

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