O Quebra Cabeça de Tarik, curta-metragem de animação dirigido por Maria Leite e roteirizado por Eduardo Felix, funciona como um pequeno conto de horror e suspense. Protagonizado por bonequinhos de madeira, o filme narra uma história sobre criador e criatura.
Nele, acompanhamos o arriscado experimento de Tarik, cientista muito velho que se recusa a morrer. Em seu laboratório subterrâneo, o homem coloca máquinas para trabalharem na substituição das partes de seu corpo, um corpo que aparentemente já viveu muito e que não resiste mais ao tempo.
Como em um quebra-cabeças, cada movimento é minimamente calculado pela inteligência do cientista e executado pela habilidade de suas máquinas. Entretanto, algo parece não estar tão bem calculado assim, e o homem acaba pego de surpresa pelo resultado improvável de uma de suas obras anteriores.
Nenhuma palavra é dita neste curta-metragem. Contemplamos apenas as imagens fascinantes da animação – resultados da experiência de Maria Leite com o grupo de teatro de bonecos Giramundo -, embalados por uma atmosfera claustrofóbica e angustiante e conduzidos emocionalmente pela trilha sonora.
Intrigante seria uma boa definição para O Quebra Cabeça de Tarik. No começo, o filme se ocupa em demonstrar as “brincadeiras de ser deus” do tal cientista Tarik – sem deixar isso óbvio demais. Depois, somos apresentados à decadência humana e física do personagem, para, no final, sermos completamente envolvidos pela narrativa tenebrosa e encantadora que se apresenta diante de nós.
A dinâmica de conflitos entre criador e criatura é velha conhecida da literatura e do cinema, mas neste curta mineiro essas relações são revisitadas de forma única. Dos bonecos inanimados surge um ensaio espantoso sobre territórios obscuros do que é ser humano e do que é adorar a vida.
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Ficha técnica:
Direção: Maria Leite
Duração: 19 min
País: Brasil
Ano: 2015
Gênero: Animação
Distribuição: Disponível no site Porta Curtas.
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