Tag: comédia adolescente
Eu Sou Mais Eu, novo trabalho de Kéfera no cinema, repete fórmula de É Fada!
Em 2016, Kéfera estreava como atriz de cinema com o longa É Fada!, interpretando Geraldine, uma fada atrapalhada designada a ajudar a jovem Luna (Klara Castanho) com seus problemas de autoconfiança e com o bullying que sofria no colégio. Agora, em 2019, algo bastante semelhante acontece no novo trabalho cinematográfico de Kéfera, Eu Sou Mais Eu, filme dirigido por Pedro Amorim.
Sex Education é a série original Netflix perfeita para a família tradicional brasileira
Otis Milburn (Asa Butterfield) é o típico adolescente socialmente retraído que faz de tudo para passar despercebido na escola, contando com a parceria de um único e melhor amigo, Eric (Ncuti Gatwa). Ele vive com a mãe, Jean (Gillian Anderson), uma terapeuta sexual. Aos 16 anos, Otis vivencia as contradições de ser um jovem tímido e sexualmente inexperiente mesmo tendo uma mãe “descolada” e aparentemente bem-resolvida.
Sierra Burgess é uma Loser e a representatividade do “quase lá”
As apostas da Netflix em romances adolescentes que flertam com os clichês de gênero da comédia romântica, enquanto tocam (de leve) em assuntos atuais, seguem de vento em popa. Dessa vez, o lançamento é =&0=&. Dirigido por Ian Samuels e roteirizado por Lindsey Beer, o filme chegou ao catálogo do serviço de streaming no feriado de 7 de setembro.
O longa tem como par romântico os protagonistas Sierra (Shannon Purser, a saudosa Barb de Stranger Things) e Jamey (Noah Centineo, o Peter Kavinsky de Para Todos os Garotos que já Amei).
Sierra é uma garota nerd, gorda e introvertida que, por acidente – causado pela popular Veronica (Kristine Froseth) -, começa a conversar com Jamey, o atleta bonitão e bonzinho. Enquanto ele acredita estar conversando com Veronica, Sierra desenvolve uma paixonite pelo rapaz. Mais tarde, essas relações cruzadas obviamente se transformam em muita confusão.
A trama, portanto, é simples: a jovem fora dos padrões estéticos do ensino médio começa a receber atenção do galã por engano. Depois, ele percebe que está apaixonado porque conseguiu conhecê-la para além das aparências. Levando isso em conta, fica claro que apenas a sinopse não sustentaria todo o burburinho em torno do filme. O hype surge, na verdade, por alguns outros motivos: a popularidade de Shannon Purser e Noah Centineo e o marketing desenvolvido em relação à protagonista gorda e a uma aparente representatividade.
Claro que ter uma protagonista gorda é importante. Poucos filmes escalam mulheres gordas para serem o foco de suas narrativas – principalmente comédias românticas. Mas, é impossível deixar passar o fato de que, aqui, em particular, Jamey só se interessa por Sierra porque conheceu suas outras qualidades antes de ver sua aparência – e o próprio personagem diz isso com todas as letras. Quando, então, os filmes irão tratar mulheres gordas com naturalidade? Por que Jamey não poderia simplesmente ter se apaixonado por Sierra e o romance adolescente esbarrado em outros tipos de obstáculos?
Além disso, como longa-metragem, em si, Sierra Burgess é uma Loser é fraco. O artifício do encontro improvável entre garota excluída e cara bacana, consequência de algum tipo de falha de comunicação, já foi usado muito recentemente em Para Todos os Garotos que já Amei. O mesmo acontece com o papel de Centineo, que aqui se repete como pretendente bom moço, generoso e “desconstruidão”. – com menos destaque e tempo de tela, mas com todo apoio da Netflix para se consagrar como sensação do momento.
A repetição de estereótipos de personagens secundários, apesar de batida, ainda consegue se elevar minimamente por conta dos atores negros e do irmão com deficiência auditiva de Jamey. Mesmo assim, todos eles são subaproveitados. Uma pena, porque o potencial estava todo ali e foi deixado de lado para dar espaço às intermináveis cenas de Sierra enganando Jamey com as mensagens de texto que ele acreditava serem de Veronica.
Nota-se, durante o filme, um pouco de inexperiência, tanto por parte do diretor, quanto por parte da roteirista. O trabalho da dupla resultou em um filme com pouca identidade, que dedica muito tempo ao “conto ou não conto” e “mando mensagens ou não mando mensagens” e abandonou o desfecho de seus personagens (dos secundários e até dos principais, em algum grau).
Talvez, o grande acerto de Sierra Burgess é uma Loser seja a relação de amizade e parceria que se desenvolve entre Veronica e Sierra. Jovens que tiveram educações diferentes, condições e experiências de vida diferentes, mas que, entre as tantas brechas para serem rivais, encontram uma na outra a possibilidade de serem pessoas melhores. Afinal, nenhuma delas é perfeita. Assim, as duas quebram expectativas com suas reações diante de certos acontecimentos, repetindo, também, um pouco do que vimos da relação entre irmãs em “
Para Todos os Garotos
Para Todos os Garotos que Já Amei é agradável, mas mais do mesmo
Na falta de comédias românticas e adolescentes, a Netflix lançou mais uma produção original no último dia 17. Para Todos os Garotos que Já Amei é uma adaptação do best-seller de Jenny Han, e conta a história de Lara Jean (Lana Condor); uma jovem cuja vida social muda drasticamente, após um acontecimento inesperado.
O filme de Susan Johnson segue uma premissa reutilizada, inúmeras vezes, em longas-metragens do gênero – e já completamente desgastada –, de que uma garota introvertida é capaz de despertar o interesse de um rapaz popular.
Inicialmente, Para Todos os Garotos que Já Amei foi vendida como uma história diferente – ao menos, para um filme adolescente. Afinal, a trama principal apoia-se nas consequências que um envio de cartas de amor secretas, escritas por Lara Jean, têm na vida da mesma. Sem saber quem roubou ou enviou as cartas a seus destinatários (os cinco meninos por quem a protagonista já fora apaixonada), Lara Jean entra em crise, principalmente, pelo seguinte motivo: o garoto de quem ela gosta, atualmente, é o namorado de sua irmã.
Numa tentativa de fugir do eterno clichê apresentado – quando, para evitar alguns conflitos pessoais, a menina aceita namorar de mentira o atleta Peter Kavinsky (Noah Centineo) – a produção opta, muito mais, por assumir um papel de homenagem às antigas produções do gênero, do que por ser só mais um título bobo. Assim, há cenas em que os filmes de John Hughes são citados, ou em que a canção Everybody Wants To Rule The World (da banda Tears for Fears) adiciona um peso dramático; sem falar no uso proposital de estereótipos juvenis, que atuam como parte essencial da história.
Ainda que o apelo aos filmes oitentistas seja positivo, tal como a representatividade de um elenco diverso, há problemas no longa que não podem ser desconsiderados. A função vaga (e, por vezes, incompreensível) de alguns personagens limita a produção àquilo de que ela aparenta fugir o tempo todo: sua total falta de propósito narrativo.
Ao final de Para Todos os Garotos que Já Amei, nos perguntamos qual a relevância de frisar o conflito entre Lara Jean e sua irmã mais velha, uma vez que isso sequer é explorado. Outro exemplo, desse descaso do roteiro, está na amizade entre a protagonista e o namorado da irmã, ou entre sua única amiga mulher, ou com um de seus “ex-amores” – de quem Lara se aproxima fraternalmente. Até mesmo a suposta vilã do filme, a ex-namorada de Peter, fica defasada pela superficialidade da narração.
Embora simples, agradável e meigo em alguns momentos, Para Todos os Garotos que Já Amei é totalmente esquecível. Talvez, se a Netflix unisse produções com representatividade à qualidade de roteiro e direção, seus filmes originais fossem muito mais memoráveis e bem-sucedidos do que o são. Enquanto isso, a sensação de compreensibilidade, que temos com este filme, já é (algo de) melhor do que a confusão sentida ao assistir a longas como Mudo, Onde Está Segunda? e uma vasta lista de títulos “originais Netflix” que não deram nada certo.
Ficha técnica
Direção: Susan Johnson
Duração: 1h39
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Lana Condor, John Corbett, Noah Centineo, Janel Parrish
Gênero: Comédia dramática, Romance
Distribuição: Netflix