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[Coluna] Childish Gambino & Donald Glover: como lidar com tanto talento?
Suas críticas em (e a) diferentes meios artísticos dos quais faz parte – cinema, televisão e música – atingiram o ápice de seu sucesso até então, quando o videoclipe de This Is America, sob a alcunha de Childish Gambino, foi lançado no YouTube no início deste mês.
(This Is America):
(Fonte: Donald Glover / YouTube)
A partir daí, uma enxurrada de análises e possíveis interpretações do clipe varreu a internet de cima a baixo. Os simbolismos de This Is America pesam na consciência por suas críticas afiadíssimas ao racismo nos Estados Unidos da América. Enquanto uma figura irônica e estereotipada dança em primeiro plano (interpretada pelo próprio Glover), as cenas de violência escondidas sob o entretenimento estadunidense chocam pelo realismo artístico.
Ao mesmo tempo em que adolescentes se movem de modo coreografado, seus movimentos lembram, um tanto, reações a uma guerra civil – e nem tão silenciosa –; o que nos é bastante familiar, afinal de contas; considerando que o Brasil apresenta dados quanto à polícia que mais mata ser também a que mais morre. Segundo uma pesquisa do ano passado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 76% das vítimas de intervenções policiais são negras, e 82% têm entre 12 e 29 anos.
Pensando nessa familiaridade entre ambos os países, é muito fácil nos identificarmos com outro trabalho de Donald Glover – o qual assina com seu próprio nome. Atlanta, série de televisão exibida originalmente pelo canal FX, está para Glover assim como Girls esteve para Lena Dunham. Afinal, em cada uma, os artistas polivalentes atuam como criadores, roteiristas, diretores e protagonistas.
(Trailer da segunda temporada de Atlanta; primeira temporada disponível na Netflix Brasil):
(Fonte: TV Promos / YouTube)
No entanto, enquanto que Girls retratou o cotidiano de quatro jovens empoderadas e brancas do Brooklyn (em Nova Iorque), Atlanta mostra os contratempos da juventude negra e marginalizada na capital da Geórgia (também nos EUA). Por sua obra, o artista faturou dois prêmios Emmy em 2017, de Melhor Ator e Direção em Série de Comédia. Aliás, condecoração é algo que Donald tem adquirido cada vez mais no meio comercial, já que ele também levou o Grammy deste ano de Melhor Performance Tradicional de R&B, por Redbone – canção que faz parte da abertura do aclamado thriller sobre racismo Corra!, de Jordan Peele.
Glover estreou, em seu primeiro papel de relevância, na série Community, da NBC. Antes disso, havia escrito e atuado em 30 Rock. Já em 2015, dublou a voz do personagem Miles Morales, a versão negra do Homem-Aranha, em Ultimate Spider-Man. Daí em diante, suas escolhas no cinema e televisão trouxeram-lhe um reconhecimento progressivo.
Seu rosto e talento inconfundível, propenso à veia cômica, podem ser vistos em Perdido em Marte, Homem-Aranha: De Volta ao Lar (em mais uma pequena, mas relevante participação), no atual Solo: Uma História Star Wars (como Lando Calrissian) e, futuramente, no live-action da Disney de O Rei Leão (apenas como a voz do protagonista Simba).
(Áudio de Redbone):
(Fonte: Donald Glover / YouTube)
Seus três álbuns de estúdio já lançados (Camp, Because the Internet e Awaken, My Love!), como Childish Gambino, exploram todos ritmos diversos, como o já citado R&B e o popular rap. Assim, a aclamação de todos os lados da crítica justifica-se imensamente com a capacidade inventiva e bem-sucedida de Glover.
Desde meu primeiro contato com o artista de várias facetas, até sua inevitável repercussão mundial, seja como Donald Glover ou Childish Gambino, minha admiração cresce cada vez mais. O ativismo do escritor, comediante, diretor, músico, DJ, e tantas outras coisas, é algo que vale a pena de se gastar um tempo avaliando. E, pelo menos por enquanto, mantemos a validação do workaholic mais talentoso da atualidade totalmente em alta.
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Trailer de Solo: Uma História Star Wars
A Corrida para o Oscar 2018 de Melhor Atriz
Na última segunda-feira (11), foram divulgados os indicados ao Globo de Ouro 2018. Nas categorias de Melhor Filme (Drama e Comédia ou Musical) destacam-se Me Chame Pelo Seu Nome, Dunkirk, A Forma da Água, The Post – A Guerra Secreta, Corra! e Lady Bird – Hora de Voar. Na quarta (13), dois dias depois da divulgação, os indicados ao SAG Awards 2018 também foram anunciados.
Sendo assim, podemos considerar largada a corrida para a 90ª edição dos Academy Awards. Uma das categorias mais habitualmente comentadas dessas premiações é a de Melhor Atriz Principal. Desta vez, segundo o site Spoiler Movies – que realiza previsões bastante assertivas das indicações ao Oscar –, cinco atrizes estão cotadas para a categoria principal de atuação feminina: Frances McDormand (Três Anúncios para um Crime), Sally Hawkins (A Forma da Água), Margot Robbie (Eu, Tonya), Saoirse Ronan (Lady Bird) e Meryl Streep (The Post).
Das cinco, apenas a veterana Streep não foi indicada ao SAG do ano que vem, sendo “substituída” por Judi Dench (Victoria e Abdul). Quanto ao Globo de Ouro, todas as cinco atrizes foram anunciadas às categorias principais. Mesmo que Streep não tenha levado aquela indicação, considerando seu histórico de “queridinha da Academia”, muito provavelmente a gigante aparecerá entre as disputantes pelo Oscar 2018 – lembrando que Meryl foi indicada 20 vezes à premiação, das quais 16 foram à Atriz Principal, e levou o prêmio três vezes.
Frances McDormand foi anunciada quatro vezes como concorrente aos prêmios de atriz da Academia, tendo vencido em sua única indicação à Principal por Fargo, em 1997. Quanto à jovem de 23 anos, Saoirse Ronan, apesar da pouca idade, já é considerada veterana em Hollywood. Ronan foi indicada ao Oscar pela primeira vez aos 14 anos de idade, pelo drama Desejo e Reparação. Depois, aos 21, foi indicada novamente, pela primeira vez como Atriz Principal, por Brooklyn.
Já a inglesa Sally Hawkins atuou em duas dezenas de filmes, mas apenas em 2014 foi indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante, por Blue Jasmine. Se sua indicação for confirmada para o próximo Academy Awards, essa seria sua primeira nomeação por um papel principal. E, por último, mas não menos importante, temos a popular Margot Robbie. Ao contrário de suas possíveis concorrentes ao Oscar, Robbie é a única a nunca ter sido indicada a um Globo de Ouro ou SAG Awards – até agora. Com sua atuação no filme Eu, Tonya, no qual ela deu vida à real protagonista de um dos maiores escândalos esportivos da história, Margot chamou a atenção da crítica especializada, que logo tratou de especular indicações de Melhor Atriz para a jovem de 27 anos.
Assim como Eu, Tonya, A Forma da Água e Lady Bird têm feito bastante barulho, até mesmo aqui no Brasil. A semelhança entre os três filmes se dá apenas no protagonismo de jovens mulheres: uma patinadora rebelde dos anos 90, uma zeladora muda e sensível na década de 60, e uma adolescente confusa e sonhadora dos anos 2000. Filmes tão diferentes, mas que, com certeza, denotam muita importância para a representação feminina no cinema. Enquanto isso, Streep e McDormand demonstram toda a força de suas atuações, interpretando, respectivamente, uma jornalista disposta a trazer à tona uma verdade escondida por 30 anos e uma mãe desesperada para vingar o assassinato da filha.
Esperemos, então, pelos próximos capítulos da “saga do Oscar”, assim como pela confirmação dessas cinco maravilhas na categoria de Atriz Principal. A Forma da Água tem previsão de estreia no Brasil para 11 de janeiro, The Post para 25 de janeiro, Três Anúncios para um Crime para 8 de fevereiro, Eu, Tonya para 15 de fevereiro e Lady Bird para 5 de abril. Já a 90ª cerimônia do Oscar será realizada em 8 de março de 2018, em Los Angeles (Califórnia), e será transmitida na televisão pelo canal pago TNT.
*Texto originalmente publicado em 14/12/17