Tag: filme adolescente
Crítica: Modo Avião (Netflix)
A Gente se Vê Ontem: filme adolescente produzido por Spike Lee trata de viagens no tempo e racismo
Para Todos os Garotos que Já Amei é agradável, mas mais do mesmo
Na falta de comédias românticas e adolescentes, a Netflix lançou mais uma produção original no último dia 17. Para Todos os Garotos que Já Amei é uma adaptação do best-seller de Jenny Han, e conta a história de Lara Jean (Lana Condor); uma jovem cuja vida social muda drasticamente, após um acontecimento inesperado.
O filme de Susan Johnson segue uma premissa reutilizada, inúmeras vezes, em longas-metragens do gênero – e já completamente desgastada –, de que uma garota introvertida é capaz de despertar o interesse de um rapaz popular.
Inicialmente, Para Todos os Garotos que Já Amei foi vendida como uma história diferente – ao menos, para um filme adolescente. Afinal, a trama principal apoia-se nas consequências que um envio de cartas de amor secretas, escritas por Lara Jean, têm na vida da mesma. Sem saber quem roubou ou enviou as cartas a seus destinatários (os cinco meninos por quem a protagonista já fora apaixonada), Lara Jean entra em crise, principalmente, pelo seguinte motivo: o garoto de quem ela gosta, atualmente, é o namorado de sua irmã.
Numa tentativa de fugir do eterno clichê apresentado – quando, para evitar alguns conflitos pessoais, a menina aceita namorar de mentira o atleta Peter Kavinsky (Noah Centineo) – a produção opta, muito mais, por assumir um papel de homenagem às antigas produções do gênero, do que por ser só mais um título bobo. Assim, há cenas em que os filmes de John Hughes são citados, ou em que a canção Everybody Wants To Rule The World (da banda Tears for Fears) adiciona um peso dramático; sem falar no uso proposital de estereótipos juvenis, que atuam como parte essencial da história.
Ainda que o apelo aos filmes oitentistas seja positivo, tal como a representatividade de um elenco diverso, há problemas no longa que não podem ser desconsiderados. A função vaga (e, por vezes, incompreensível) de alguns personagens limita a produção àquilo de que ela aparenta fugir o tempo todo: sua total falta de propósito narrativo.
Ao final de Para Todos os Garotos que Já Amei, nos perguntamos qual a relevância de frisar o conflito entre Lara Jean e sua irmã mais velha, uma vez que isso sequer é explorado. Outro exemplo, desse descaso do roteiro, está na amizade entre a protagonista e o namorado da irmã, ou entre sua única amiga mulher, ou com um de seus “ex-amores” – de quem Lara se aproxima fraternalmente. Até mesmo a suposta vilã do filme, a ex-namorada de Peter, fica defasada pela superficialidade da narração.
Embora simples, agradável e meigo em alguns momentos, Para Todos os Garotos que Já Amei é totalmente esquecível. Talvez, se a Netflix unisse produções com representatividade à qualidade de roteiro e direção, seus filmes originais fossem muito mais memoráveis e bem-sucedidos do que o são. Enquanto isso, a sensação de compreensibilidade, que temos com este filme, já é (algo de) melhor do que a confusão sentida ao assistir a longas como Mudo, Onde Está Segunda? e uma vasta lista de títulos “originais Netflix” que não deram nada certo.
Ficha técnica
Direção: Susan Johnson
Duração: 1h39
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Lana Condor, John Corbett, Noah Centineo, Janel Parrish
Gênero: Comédia dramática, Romance
Distribuição: Netflix
[Estreia] Mentes Sombrias é mais uma distopia adolescente, e regada de clichês
X-Men, Jogos Vorazes e Maze Runner. Junte todas essas séries – de livros que viraram filmes – e terá Mentes Sombrias; a mais nova distopia adolescente, que estreia nos cinemas nesta quinta (16).
Inspirado no romance homônimo de Alexandra Bracken, o longa-metragem conta a história de Ruby (Amandla Stenberg), uma garota que adquire poderes especiais, após ser infectada por um vírus que acomete crianças.
Os sobreviventes da doença viral, tendo manifestado diferentes intensidades de poderes, são enviados a um campo de concentração, onde são obrigados a viver e a trabalhar. Ruby pertence à categoria mais elevada dos jovens poderosos e, por conseguinte, deveria ser executada. Mas, como uma boa heroína, a menina manipula as mentes de autoridades e se passa por “não-perigosa”.
Com o passar de alguns anos, Ruby tem sua verdadeira identidade descoberta e, com a ajuda da Dra. Cate Connor (Mandy Moore), consegue escapar. É assim que a adolescente conhece e vira amiga de outros jovens como ela: fugitivos e poderosos.
De Jennifer Yuh Nelson (Kung Fu Panda 2 e 3), Mentes Sombrias é um simples filme de ação adolescente. Não há quaisquer refinamentos técnicos e/ou narrativos durante suas quase duas horas de duração – e, se o esperado é uma produção feita unicamente para entreter, assistir ao longa pode ser um bom programa. No entanto, a repetição de temas, os diálogos clichês e o desenvolvimento superficial dos personagens, não ajudam na história.
Por mais interessante que seja ver uma mulher negra (Stenberg) como protagonista, a representatividade da produção não é o bastante. A superficialidade da trama e o desgaste de sua proposta são realmente um problema. Dessa forma, fica difícil classificar Mentes Sombrias como um filme bom.
Tudo o que está em tela – desde os personagens até as cenas de clímax – já foram vistos diversas vezes em longas do gênero. Não há sequer um momento memorável na produção de Nelson. Nem mesmo a vilã de Gwendoline Christie (Star Wars: O Despertar da Força), a caçadora Lady Jane, traz algo de efetivamente interessante a Mentes Sombrias.
Talvez, o cinema adolescente esteja, de fato, precisando de uma reinvenção; já que o tema distópico com triângulos amorosos é algo que parece não ter mais tanto apelo nos jovens. Com a emergência de assuntos verossímeis – como sexualidade, racismo, bullying, depressão, diferença de classes e etc. –, não falar sobre nada disso é subestimar o próprio público. Lembremo-nos de que não há nada de errado com temas fantásticos; mas, precisamos, sim, de originalidade, e de uma adequação aprimorada à realidade.
Ficha técnica
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Duração: 1h44
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Amandla Stenberg, Harris Dickinson, Mandy Moore, Gwendoline Christie
Gênero: Fantasia, aventura, romance
Distribuição: Fox Film do Brasil
5 coisas feministas de Meninas Malvadas que você pode nunca ter reparado
Aparentemente só mais um filme de Ensino Médio americano, Meninas Malvadas tem como premissa os hábitos adolescentes – principalmente femininos – e como isso pode afetar a convivência de todas elas de maneira negativa. Cady Heron (Lindsay Lohan) é uma jovem recém-chegada de algum país africano (não mencionado no filme), que faz amizade rapidamente com uma dupla de artistas deslocados.
Pouco tempo depois, Cady se vê envolvida em um plano para destruir a reputação de um grupo de meninas populares: as chamadas Poderosas, liderado pela “abelha-rainha” Regina George (Rachel McAdams). Pensando no roteiro reflexivo e empoderado de Tina Fey, listamos
5 coisas feministas do longa-metragem que você pode nunca ter reparado
Crítica: Everything Sucks!
Na última sexta (16), estreou no catálogo da Netflix a série adolescente Everything Sucks!, mais uma produção original da plataforma. Ambientada nos anos 90, a série engloba os já conhecidos dilemas adolescentes, como primeiro amor e sexualidade, mas de uma forma raramente abordada para o público jovem.
Em 1996, a Boring High School, localizada na real cidade de Boring, no estado de Oregon (EUA), recebe diariamente seus excêntricos estudantes, em meio à puberdade. Luke (Jahi Winston) e seus amigos, Tyler (Quinn Liebling) e McQuaid (Rio Mangini), acabam de chegar ao ensino médio, e mal podem esperar para começar a viver a adolescência plenamente. Para complicar ainda mais essa fase tão atribulada da vida, Luke descobre que sua crush, o alvo de sua paixonite, é também filha do diretor. Kate (Peyton Kennedy), a jovem em questão, já tem, digamos, “outras prioridades”.
Ao longo dos curtos dez episódios, Kate vai cada vez mais a fundo em sua jornada para identificar a própria sexualidade. Inicialmente insegura, é, também, em sua amizade com Luke que a garota confirma seus interesses sexuais e define várias coisas importantes para uma jovem de sua idade. Enquanto isso, somos apresentados ao casal mais superficial e irritante que Boring (palavra que significa “chato” em inglês, portanto, Boring High School seria a “Escola Secundária Chata”) já recebeu: Oliver (Elijah Stevenson) e Emaline (Sydney Sweeney). Membros do clube de teatro, os dois não medem esforços para chamar a atenção de quaisquer pessoas, seja encenando mortes violentas no meio do refeitório ou terminando o namoro nos corredores na escola.
As referências à cultura dos anos 90 são realmente fortes na série, considerando que sua ambientação é fundamental para o desenrolar das subtramas. Se os personagens pertencessem à geração Z (jovens nascidos após a segunda metade da década em questão), por exemplo, portando smartphones e interagindo nas redes sociais, toda a dinâmica do grupo principal seria diferente. Como uma boa produção teen da época, vide 10 Coisas que Eu Odeio em Você (1999) e As Patricinhas de Beverly Hills (1995), Everything Sucks! traz fitas cassete, ska punk (ritmo musical popular naqueles tempos), o rock de Oasis, MTV, skatewear (“moda skate”), walkmans e grandes estereótipos adolescentes.
O que seria dos novatos sem a mimada Emaline para atazanar suas vidas, por exemplo? Ou de Boring High School inteira sem um diretor canastrão para envergonhá-la? Difícil saber, uma vez que a série, além de se apropriar de elementos tão característicos da época, acompanha um ritmo narrativo bastante original – para dizer o mínimo.
Ao mesmo tempo em que a produção se sai bem ao abordar não somente a sexualidade de Kate, mas também todo seu contexto pessoal – a relação com o pai, Ken (Patch Darragh), seu amor pela música de Tori Amos e sua instrospecção, devido os anos de exclusão social –, a série peca nas rápidas e recorrentes mudanças de foco. O problema não está na falta de um protagonista, porque o elenco pequeno é capaz de brilhar por conta própria quando demandado, mas, sim, nos pequenos absurdos vividos pelos jovens; como a falta de espontaneidade de alguns personagens, conflitos mal solucionados e demais situações, como Kate dirigir um ônibus escolar sozinha.
Além do mais, uma das tramas mais aleatórias e sem graça é a de Ken com a mãe de Luke, a aeromoça e mãe solteira Sherry (Claudine Mboligikpelani Nako). Essa falta de interesse provocada se dá devido à dispersão da história dos jovens, abrindo espaço para o sentimentalismo exagerado e forçado do casal de pais. A realidade é que “ninguém” está interessado em Ken e Sherry, então, por que não simplesmente pular todas as suas cenas e deixar lugar para as tramas adolescentes? Aparentemente, a produção Netflix não soube estabelecer um núcleo secundário minimamente interessante. Mais Kate e menos Ken teria sido uma ótima opção.
Mesmo que Everything Sucks! seja um pouco cansativa de se acompanhar em determinados momentos, sua primeira temporada termina de forma “redonda” e
abre espaço para um aprofundamento em questões realmente envolventes