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Crítica: Democracia em Vertigem (Netflix)
No documentário nacional, uma produção original da Netflix – que estreou na última quarta-feira (19) –, a diretora Petra Costa esquematiza os motivos que a levam ao atual desamparo político e, em um resumo analítico das duas últimas décadas, parte da história de sua família para estancar uma ferida.
6 filmes dirigidos por brasileiras, sobre mulheres e para todos
5 filmes para você se apaixonar de vez pelo cinema nacional
Quanto mais pessoas estiverem por dentro dos últimos lançamentos, independentemente do gênero a que pertencerem, mais fácil será para que aceitemos a relevância do nosso cinema – inclusive, internacionalmente. Seguindo essa linha, selecionamos
cinco títulos brasileiros que farão você se apaixonar de vez pelo cinema nacional
4 filmes conceituados sobre mães da ‘vida real’
A maternidade é tema recorrente em filmes de comédia e até mesmo de terror. Títulos que englobam as desventuras de “mães faz-tudo”, sobre mulheres bem-sucedidas e igualmente surtadas, chamam a atenção pelo humor e falso retrato da realidade.
Plano B, Não Sei Como Ela Consegue, Perfeita é a Mãe, Uma Mãe em Apuros…todas essas produções mostram a condição feminina de maneiras distintamente exageradas: ora como mulheres incríveis e polivalentes, ora como irresponsáveis e rebeldes. Enquanto isso, filmes como O Bebê de Rosemary, A Mão Que Balança o Berço, Carrie, A Estranha, Mama e O Chamado trazem mães atormentadas e/ou diabólicas.
Recentemente, o lançamento de Tully, sobre as imperfeições da maternidade, trouxe às telas uma discussão bastante necessária: a representatividade realista da figura materna. Assim, nos esforçamos para pensar em outros longas-metragens que lidem com o tema de maneira responsável. Como são poucos, seu apontamento e enaltecimento é importantíssimo – não somente à sétima arte, mas também à representação de gênero. Confira, abaixo, 4 filmes conceituados sobre mães da vida real:
Olmo e A Gaivota (2014)
Dirigido por Petra Costa (Elena) e Lea Glob, Olmo e A Gaivota explora as sutilezas do limite entre documentário e ficção. Olivia (Olivia Corsini) e Serge (Serge Nicolaï) são um casal de atores que vive na França. Quando uma nova montagem de A Gaivota, peça do renomado dramaturgo russo Anton Tchekhov, começa a ser produzida pelo grupo de teatro do casal, Olivia descobre estar grávida.
A partir daí, a atriz tem de lidar com as dificuldades comuns da gravidez (aumento de peso, sensibilidade extrema, desconforto físico e etc.), e com o fato de não poder deixar seu apartamento durante nove meses – em um prédio sem elevador, e considerando os riscos à própria gestação. Assim, Olivia sofre com sua nova realidade e com o tratamento social dado a uma mulher grávida.
Olmo e A Gaivota é, antes de mais nada, um apelo das diretoras ao papel aplicado às gestantes pelo senso comum. Gravidez não é doença, mas também não é um “mar de rosas”. A mulher sempre sentirá a pressão em ser feliz com o futuro bebê – mesmo que sofra de dores constantes ou sinta medo do próprio futuro. Uma vez mãe, sempre mãe. E o ganho de uma nova identidade desperta um tipo de ansiedade muito específico. Afinal, além de uma nova vida depender exclusivamente de seus cuidados, a sua própria terá novas prioridades.
A coprodução entre Brasil, França, Suécia e Portugal ganhou o prêmio de Melhor Longa-Metragem de Documentário no Festival do Rio 2015, e está disponível na Globosat Play.
Trailer legendado
5 obras de arte do cinema dirigidas por mulheres
É de conhecimento geral que o número de longas-metragens já lançados e dirigidos por mulheres é muito inferior aos que contam com homens na direção. Pensando na questão da representatividade e do olhar feminino por trás das câmeras, selecionamos 5 obras de arte de diretoras dos últimos 15 anos. Tem documentários brasileiros e americano, e ficção francesa e peruana. Confere aí embaixo!
1. ELENA (2012)
Petra Costa parte em busca de sua irmã mais velha, a atriz Elena Andrade, que foi morar em Nova York para realizar um sonho, e nunca mais retornou ao Brasil. 20 anos depois da partida da irmã, Petra vaga pelas ruas procurando encontrar também a si própria, enquanto ouvimos sua doce voz confundir-se recorrentemente à de Elena. A “memória inconsolável” de Petra é a irmã, e “é dela (memória) que tudo nasce” na caçula da família. A poesia e o lirismo presentes na vida da diretora são uma herança de sua mãe e de Elena, que, o tempo todo, refletem-se por dentro e por fora em Petra. A partir disso, o documentário se desenvolve como uma metáfora da ausência que Elena faz na vida da cineasta.
O longa-metragem participou de vários festivais e levou os prêmios de Melhor Documentário no Films de Femmes (França) e no Festival de Havana (Cuba) de 2013, além de faturar Menção Especial no Festival de Guadalajara (México) no mesmo ano, e Melhor Documentário (Júri Popular), Direção, Montagem e Direção de Arte no Festival de Brasília 2012. Você pode assistir à Elena na íntegra no YouTube.
2. A TETA ASSUSTADA (2008)
No Peru, existe uma lenda sombria de que os filhos de mulheres estupradas durante a guerra do terrorismo absorvem uma profunda tristeza através do leite materno, tornando-se igualmente afetados pelos abusos sofridos por suas mães. Fausta (Magaly Solier) é um dos filhos popularmente conhecidos por não terem alma – herdeiros da chamada “teta assustada”. A jovem esconde um segredo simbólico: uma batata introduzida em sua vagina, como forma de “evitar” um estupro.
A diretora Claudia Llosa explora os traumas de uma cultura do estupro, cuja origem se dá desde que a América Latina foi colonizada por europeus. A personagem de Solier representa as mulheres peruanas que convivem diariamente com o fantasma de terem seus corpos violados. E, dessa forma, a protagonista manifesta toda a dor sentida por tantas mulheres, levando um sentimento de acolhimento às espectadoras familiarizadas com tal situação, assim como de surpresa e horror àquelas que nunca passaram por algo parecido. Um drama impactante, mas necessário. A Teta Assustada foi o ganhador do Festival de Cinema de Havana e do Urso de Ouro, em 2009.
3. A 13ª EMENDA (2016)
Quando Ava DuVernay foi convidada pela Netflix a fazer um documentário com o tema que quisesse, a cineasta não hesitou em explorar as consequências da pós-abolição norte-americana. Pertencente à Constituição dos EUA, a 13ª Emenda consiste na abolição da escravatura e da servidão involuntária – salvo em casos de punição por crimes pelos quais o réu tenha sido condenado –, sendo adotada formalmente em 1865. Entretanto, até hoje, assim como no resto dos países do mundo que sofreram com o sistema de escravidão, a prática deficiente da Emenda implica na prorrogação do racismo institucional.
O longa trata da questão precária do sistema carcerário dos EUA e de sua ligação direta com a escravidão. Focando em um formato padrão de documentários, e embora simples, o filme mantém um ritmo contínuo e nos expõe dados importantíssimos a respeito das prisões norte-americanas e de sua história. Contando com a entrevista de Angela Davis, A 13ª Emenda foi indicado ao Oscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem e venceu o BAFTA 2017 pela mesma categoria. O filme pode ser encontrado na plataforma da Netflix.
4. A CULPA É DO FIDEL! (2006)
Julie Gravas comanda a direção deste sensível drama francês, sobre uma menina de 9 anos, Anna (Nina Kervel-Bey), cujos pais retornam de uma viagem ao Chile completamente diferentes e alheios ao alto padrão de vida da filha em Paris. Após a morte de seu tio comunista e do retorno da mãe e do pai à França, Anna enfrenta o primeiro grande dilema de sua vida, ao tentar compreender o comportamento dos progenitores, assim como as visitas de seus amigos barbudos em um novo – e pequeno – apartamento. Através de muito diálogo, no entanto, a menina cria uma nova perspectiva de vida e alcança o sentimento de empatia por seus familiares.
A Culpa é do Fidel! foi indicado ao prêmio de Melhor Longa-Metragem Estrangeiro no Grande Prêmio Brasileiro do Cinema 2008, e participou da Competição Mundial de Cinema Dramático do Festival de Sundance (EUA), em 2007.
5. JUSTIÇA (2004)
Dirigido por Maria Augusta Ramos, o documentário é formado por registros de audiências de um Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, protagonizadas por promotores, defensores públicos, juízes e réus – em sua maioria, homens negros e pobres. No longa, é mostrada a pressão psicológica imposta aos réus, os abusos verbais sofridos por eles e mais uma série de (in)justiças às quais os mesmos estão submetidos, dentro e fora dos tribunais.
Uma ode aos Direitos Humanos, o filme foi o ganhador do Grande Prêmio do Festival Internacional de Documentários Visões do Real de Nyon (Suíça) em 2004. Justiça está disponível na íntegra no YouTube.