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Crítica: O Vizinho (Netflix)
Superlópez: filme sobre super-herói espanhol chega ao Brasil distribuído pela Netflix
[Coluna] O Doutrinador é uma infeliz tentativa de ser “isentão” no cinema nacional
, primeira grande produção sobre um herói brasileiro a chegar aos cinemas, nasceu dos quadrinhos homônimos de Luciano Cunha e estreou no início de novembro. Nenhum outro momento da história do país seria tão conturbado para sua chegada às salas de exibição quanto o que vivemos neste ano de eleição presidencial – coincidência ou não, a data de lançamento do longa foi alterada algumas vezes, e a estreia acabou acontecendo após o segundo turno das eleições.
Crítica: Jessica Jones – 2ª temporada
Na última quinta (08), em pleno Dia Internacional da Mulher, estreou na Netflix a segunda temporada de uma das séries mais queridas da Marvel: Jessica Jones. Krysten Ritter retorna como a protagonista Jones, a investigadora particular mais durona de Nova York, nesta temporada cheia de surpresas e reviravoltas.
Agora, trabalhando com um novo parceiro, seu vizinho Malcolm Ducasse (Eka Darville), Jessica é induzida por sua irmã adotiva, a celebridade Trish Walker (Rachael Taylor), a investigar um caso de interesse estritamente pessoal. Como nos é mostrado na primeira temporada, depois do acidente que matou sua família, e do qual Jones também participou, a então adolescente adquiriu novas habilidades. No entanto, sua super-força – o maior dentre os atributos – não teve origens naturais, como pensávamos. E é a partir daí que o enredo central dos novos episódios é construído.
Além do trio principal, a ambiciosa Jeri Hogarth (interpretada pela veterana Carrie-Anne Moss) está de volta, protagonizando um núcleo à parte. Como no início, seus interesses amorosos e sua sede por poder são a grande razão de seus problemas. Enquanto isso, Janet McTeer dá vida a uma personagem misteriosa e ambígua, que pode ser a ruína ou a salvação de grandes conflitos.
Ao mesmo tempo em que esta temporada segue o familiar clima de suspense noir – com seus casos extraordinários, humor ácido, fotografia arroxeada e trilha sonora instigante –, desta vez, Jessica Jones apresenta subtramas mais complexas e diversificadas. É claro que, em um primeiro momento, a presença do vilão Kilgrave (David Tennant) faz falta. Afinal, sua forte personalidade, motivações cruéis e escabrosas, além da ótima atuação de Tennant, marcaram bastante a primeira temporada da série.
Conscientes disso, a Marvel Television, juntamente com a Netflix, elaborou uma trama na qual, durante a primeira metade da temporada, o maior objetivo do espectador é desvendar quem seria o novo grande vilão. Será que há mesmo um personagem tão emblemático como o repugnante Kilgrave? Ou será que o suposto antagonista não é páreo para a vilania de seu antecessor? Ou ainda, e se o vilão tiver dado espaço a figuras pouco metafóricas de opressores reais (como Kilgrave faz), focando em situações mais verossímeis?
Para descobrir o intuito dos roteiristas, você precisa assistir à série. E, acredite ou não, mesmo ao término de seu 13º episódio (o último da temporada), não temos todas as respostas a essas perguntas – o que chega a ser algo positivo, já que obviedade e rotulação não são tão bem-vindas em produções televisivas. Talvez, o único rótulo relevante de Jessica Jones diz respeito à representatividade de seus personagens.
Mais uma vez, e como era de se esperar, o feminismo da protagonista nos é escancarado com destreza – assim como através de mulheres extrema e psicologicamente fortes: Trish e Hogarth. Esta última, inclusive, vivida pela grandiosa Moss, representa com naturalidade a homossexualidade, ao nos entregar uma advogada bem-sucedida, rica e assumidamente lésbica. Por falar em Hogarth, a personagem fora adaptada de um – originalmente – masculino, dos quadrinhos.
Simultaneamente, no decorrer dos episódios, percebemos Jessica cada vez mais tramitada à decadência e à destruição de pessoas próximas. Sua dedicação ao buscar por verdade, e para manter inabaláveis seus valores éticos, é realmente admirável – ainda mais se considerarmos todo o sofrimento ao qual uma mulher tão jovem já foi submetida: perdas enormes, experimentação ilegal do próprio corpo, exploração de menor, abuso sexual, controle da mente, culpa, renegação, alcoolismo e, mais recentemente, dúvidas sobre fatos dolorosos de seu passado.
Ainda assim, as muitas reviravoltas da trama acabam por deixá-la sem um propósito esclarecido. O fato de Jessica buscar por detalhes de seu passado é, de fato, interessante, mas, o modo como as coisas se dão, nem tanto. E, ao mesmo tempo em que a grande quantidade de cenários explorados é uma boa ideia, o rápido vai e vem dos personagens parece um tanto confuso a quem maratona a temporada.
Jessica Jones é realmente uma série que merece a devida atenção (às duas temporadas). A manutenção de sua qualidade demonstra que a Marvel está mesmo empenhada em produzir conteúdo televisivo desse tipo – e não somente cinematográfico. Enquanto temos todo o misticismo de seu universo nos cinemas, na Netflix,
temos urbanismo e proximidade com a vida real
Crítica: Liga da Justiça
Quando a Warner Bros. confirmou a produção de Liga da Justiça e de todo o universo cinematográfico da DC Comics, os fãs foram à loucura. Mas, sob suas cabeças, pairou a dúvida de que a DC seria mesmo capaz de transformar suas histórias tão bem quanto a concorrente Marvel.
Em 2012, Os Vingadores foi um verdadeiro sucesso de crítica e de bilheteria. Daí em diante, a Walt Disney Pictures catapultou a popularidade de seus filmes de super-heróis, trazendo, quase que com unanimidade de público, uma alta qualidade ao Universo Marvel. Quanto à DC, em 2013, com o lançamento de O Homem de Aço – o primeiro filme de Henry Cavill como Superman –, a Warner viu-se bem atrás de sua rival, tanto para a crítica especializada quanto para o público.
A rixa entre Marvel e DC intensificou-se à medida em que os polêmicos filmes desta última eram lançados no cinema. Batman vs Superman: A Origem da Justiça (2016) conseguiu atingir níveis satisfatórios de bilheteria, mas a crítica apresentou baixa aprovação. O filme tem uma vasta lista de problemas e sua má execução é inegável. Já o seguinte Esquadrão Suicida consegue ser ainda pior.
Neste ano, com Mulher-Maravilha, a DC finalmente nos entregou um longa-metragem digno de apreço. Sendo assim, as expectativas para Liga da Justiça aumentaram um pouco, mas não o suficiente para esquecer os fracassos antecessores da empresa. Zack Snyder retorna na direção do primeiro filme da Liga. Batman (Ben Affleck), Mulher-Maravilha (Gal Gadot), Aquaman (Jason Momoa), Flash (Ezra Miller) e Cyborg (Ray Fisher) reúnem-se para evitar que um poderoso inimigo ataque o planeta.
Em primeiro lugar, apesar de todos os pesares, e considerando a baixa média de aprovação da crítica, Liga da Justiça é um bom filme. Ele é supreendentemente divertido e apresenta um enredo amarrado. A harmonia entre os integrantes do grupo é inegável e todos os atores entregam boas atuações.
A cena de introdução traz um Batman bastante amadurecido, lutando em um cenário “a la Gotham de Tim Burton”. Em seguida, há uma espécie de clipe musical, construído a partir das técnicas mais usadas por Snyder – como câmera lenta e explosões –, e uma sequência fantástica da Mulher-Maravilha em ação. As primeiras cenas do filme já trazem um clima bem diferente do de Batman vs Superman. Está claro que a produção quis mostrar que aprendeu com as reprovações anteriores e inovou em seu estilo; principalmente através da fotografia mais colorida que a DC adotou em seus dois últimos filmes. E, o mais importante, é que isso tudo funciona.
Ezra Miller é o principal alívio cômico do longa. Sua atuação competente não transforma Barry Allen (o Flash) em alguém cansativo, mas sim carismático e até mesmo ingênuo. O Aquaman de Jason Momoa é basicamente o integrante mais descolado da Liga. Protagonizando cenas na inédita Atlantis, embaixo d’água, temos um vislumbre de como será seu filme solo. Quanto ao Cyborg, sua trama individual é, talvez, a menos explorada, mas não o suficiente para o personagem passar despercebido ou ter sua forte personalidade diminuída.
O filme sofre com a falta de representatividade feminina, mesmo com uma sequência fenomenal das Amazonas em Themyscira, e já que Diana Prince é a única integrante mulher da Liga. Além disso, um dos problemas do longa está na rápida resolução do ato final, o que deu um tom simplista demais à história.
No mais, Liga da Justiça guarda surpresas agradáveis – e a maior delas é justamente a qualidade do filme. Não há enrolação e nem muitas pontas soltas, como há em exaustão em Batman vs Superman. Liga se propõe a ser exatamente aquilo que um filme de super-heróis é: uma série de efeitos especiais de última geração, com personagens carismáticos e uma boa narração. Aguardemos os próximos longas da DC, e que eles não percam a qualidade adotada recentemente.
*Texto originalmente publicado em 23/11/17
Ficha técnica
Ano: 2017
Duração: 2h
Direção: Zack Snyder
Elenco: Gal Gadot, Ben Affleck, Ezra Miller, Jason Momoa, Ray Fisher
Distribuidora: Warner Bros
País: EUA