Aguardado pelos fãs de ficção científica e de demais filmes ambientados no espaço sideral, Ad Astra – Rumo às Estrelas é uma das estreias cinematográficas da última quinta-feira (26). Com direção de James Gray (Z: A Cidade Perdida), a obra protagonizada por Brad Pitt (Era Uma Vez em… Hollywood) e Tommy Lee Jones (Onde os Fracos Não Têm Vez) é sensível e misteriosa. Apesar disso, o desenvolvimento sutil de sua história dificulta a imersão completa do espectador.
Roy McBride (Pitt) é recrutado para uma missão espacial secreta, cujo objetivo é cruzar o Sistema Solar para encontrar seu pai, o também astronauta Clifford McBride (Jones) – que desapareceu há mais de vinte anos antes de chegar ao planeta Netuno. No caminho até lá, Roy passa pelas futurísticas colônias terrestres, Lua e Marte; enfrenta desafios inesperados, e faz descobertas sobre o próprio passado.
Pela temática e cenários extraterrestres, é impossível não lembrar de outros longas-metragens similares. Interestelar (2014), de Christopher Nolan, e Gravidade (2013), de Alfonso Cuarón, por exemplo, são ambas produções recentes cujos protagonistas, astronautas, traçam jornadas pessoais em pleno espaço sideral. Assim, Ad Astra integra à lista de “road movies” intergalácticos. De qualquer forma, o ápice dramático da trama não é capaz de justificar seu suspense, um tanto arrastado, e o tom sentimental da mesma.
No filme de Gray, há momentos bastante semelhantes aos de Gravidade; como a cena de introdução, na qual Roy cai em direção ao solo de uma das últimas camadas da atmosfera (e os efeitos visuais beiram a perfeição); tais como os momentos mais parecidos aos de Interestelar, em que o personagem viaja pela galáxia e a câmera subjetiva mostra sua vida, de dentro da nave.
Aventura introspectiva
Além do que, é fundamental ressaltar a influência do clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, nas três obras desta década. Tanto Ad Astra quanto Gravidade e Interestelar, todas as produções têm referências ao enredo de 2001 e à brilhante direção de Kubrick. No filme com Brad Pitt, por conseguinte, a solidão e o lirismo de algumas cenas são indissociáveis do legado que o longa de 1968 deixou à sétima arte; o que é positivo, se considerar-se o contexto artístico de Ad Astra. Talvez, por isso, as sutilezas da narração sejam tão relevantes.
Quanto aos efeitos especiais, estes são o ponto alto da produção – tanto os visuais quanto os sonoros. Os momentos de transição entre os planetas, como a breve passagem por um belo Saturno, e as cenas de ação (que são poucas, mas muito tensas) demonstram o trabalho técnico de alta qualidade da obra.
No entanto, não somente a lentidão do filme, mas também a função vaga e deslocada de alguns personagens traz mais problemas ao longa-metragem. Nem mesmo a escalação de estrelas notórias de Hollywood – como Ruth Negga, Donald Sutherland e Liv Tyler – garante o aprofundamento ou o peso das figuras que elas interpretam.
Em contraste a isso, Roy é vivido com sabedoria e consistência por Pitt; o que convence o espectador em ocasiões que poderiam facilmente soar piegas. Já a incomum curva dramática da produção pode causar algum estranhamento, justamente pela falta de ação e revelações pouco surpreendentes.
Para quem se interessa por futuros altamente tecnológicos ou gosta de assistir a jornadas pelo espaço, Ad Astra é, de fato, um título interessante. E, por outro lado, a aventura introspectiva e gradual de Roy distancia-se de hipóteses científicas; de modo a retratar as relações familiares muito mais do que oferecer dinamismo e artifícios de roteiro populares.
Ficha técnica
Direção: James Gray
Duração: 2h04
País: EUA
Ano: 2019
Elenco: Brad Pitt, Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, Ruth Negga
Gênero: Drama, Suspense, Ficção científica
Distribuição: Fox Film do Brasil
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