Crítica: Alto Mar (3ª Temporada)

Ainda sem renovação confirmada oficialmente pela Netflix, a série espanhola Alto Mar chega à sua terceira temporada com uma surpresa para a audiência brasileira: a adição de Marco Pigossi ao elenco principal. O ator interpreta Fábio, um espião inglês em missão secreta que divide o posto de galã da trama com Nicolás (Jon Kortajarena). 

‘Alto Mar’/ Divulgação

Mais de um ano se passou desde os acontecimentos da primeira e conturbada viagem do transatlântico espanhol Bárbara de Braganza – concluída no Rio de Janeiro ao final da segunda temporada. Eva (Ivana Baquero), agora escritora publicada, e Carolina (Alejandra Onieva), dona de seu próprio barco, se encontram na Argentina para embarcar novamente no transatlântico de Fernando (Eloy Azorín). Dessa vez, rumo ao porto de Veracruz, no México, com a esperança de finalmente conseguirem uma jornada agradável em família.

Mas a viagem, claro, reserva inúmeros imprevistos às desafortunadas irmãs Villanueva.  Depois de terem lidado com sérios segredos familiares vindo à tona, presenciado toda sorte de crimes cometidos e até testemunhado aparições fantasmagóricas, Eva e Carolina lidarão com um vírus letal. Levado a bordo por um cientista alemão, a arma biológica coloca em risco  a vida de todos os passageiros. Correndo contra o tempo, então, a intrépida e curiosa Eva se junta a Fábio para descobrir a identidade do cientista e evitar uma epidemia.

Assim, nos seis episódios recém-lançados uma leva de novos personagens se soma a figuras já queridas pelo público. Com romance, traições, drama, investigações, perseguições, mistério e a habitual excelência na estética da reconstrução de época, a produção mantém sua identidade e não economiza no encadeamento de reviravoltas. Como resultado, um novo tabuleiro é formado. Todos são suspeitos, e o jogo está posto.

AGATHA CHRISTIE E TITANIC

De volta ao Bárbara de Braganza! O espaço limitado do navio se consolida como um dos maiores trunfos da produção espanhola. Ali, os grandes conflitos e as subtramas ganham ritmo próprio, se movimentam com agilidade e são beneficiados pela convivência obrigatória entre vilões e mocinhos. 

Imagem: divulgação

Porém, diferente do que acontece nas duas primeiras temporadas, dedicadas a estabelecer as relações interpessoais dos personagens e, por isso, bastante próximas do formato folhetim, o roteiro agora se ocupa do mistério e da investigação com quase total atenção. Dessa forma, a trama assume de vez um perfil de mistério, suspense e crime que já vinha sendo delineado e que muito parece aludir às clássicas novelas policiais de Agatha Christie.

Além da provável inspiração na obra da “Rainha do Crime”, como é conhecida a escritora inglesa, Alto Mar faz lembrar Titanic ao tratar da trajetória do luxuoso e promissor Bárbara de Braganza como uma história que vai da pompa ao fiasco. Nesse sentido, a abordagem dada à questão da disposição das diferentes classes sociais dentro do navio também inevitavelmente remonta ao clássico do cinema. 

O FIM 

Diante de tantos elementos populares, das misturas de gêneros às inspirações, passando por protagonistas incontestavelmente carismáticos (embora nem sempre bem desenvolvidos), pela quantidade de subtramas e pela envolvente avalanche de reveses, é impossível dizer que acompanhar Alto Mar não seja um bom passatempo. Facilitações narrativas desafiam nossa suspensão da descrença desde a primeira temporada, é verdade, mas a série mantém a energia elevada para envolver o espectador até o último minuto.

E em caso de não haver quarta temporada, podemos pelo menos considerar que Alto Mar termina em bom momento, com arcos razoavelmente finalizados, uma boa medida de acontecimentos impactantes (ou controversos) e situações que se desenrolam apressadas, mas que são dignas de um final minimamente satisfatório – e certamente menos frustrante que o de As Telefonistas, outra produção Bambú Producciones que não nutre muito apego pela vida de seus protagonistas, mas que muito antes de acabar já havia degringolado e perdido impulso entre incontáveis repetições.

Trailer:
(Fonte: Netflix Brasil/ YouTube)

Ficha técnica – 3ª temporada

Criação: Ramón Campos e Gema R. Neira

País: Espanha

Ano: 2020

Elenco: Alejandra Onieva, Ivana Baquero, Jon Kortajarena, Eloy Azorín, José Sacristán, Marco Pigossi

Gênero: Drama

Distribuição: Netflix

COMENTÁRIOS

2 comentários em “Crítica: Alto Mar (3ª Temporada)”

  1. É até difícil de comentar algo tão ruim. Um completo desastre. Houve um decréscimo da mínima qualidade e lógica da primeira a terceira série, culminando naquele amontoado de situações absurdas e sem ligação. Parecia uma montagem muito amadora de teatro, desde das atuações sem convicção dos atores, que deveriam estar sem acreditar num roteiro pobre e ridículo, com cenas que se resumem no final patético apresentado. Uma afronta ao espectadores de menor exigência. Uma das piores séries ou filme que assisti até hoje.

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