Crítica: Glacé

O ano começou com mais uma série de suspense criminal francesa no catálogo da Netflix. Glacé chegou logo no dia 1º, acompanhando a investigação do comandante Martin Servaz (Charles Berling) e da capitã Irène Ziegler (Julia Piaton) em torno de um mistério sombrio e oculto há anos em uma pequena cidade dos Pirineus franceses.

A princípio, a produção parece demorar para “engatar” – isso porque a trama não faz questão de dar muitas explicações sobre os porquês das coisas. Quando um crime sanguinário envolvendo um cavalo acontece, Servaz é chamado para trabalhar no caso e, a partir daí, a história se desenvolve. Se, por um lado, o contexto geral não é entregue ao público de cara, abrindo espaço para interpretações diferentes, por outro, essa escolha de narrativa demanda bastante atenção do espectador aos detalhes e, em alguns momentos, pode ser um pouco complicado – já que a maioria de nós não tem familiaridade com o idioma francês.

Imagem: divulgação

Talvez, esse estranhamento inicial também se deva ao fato de que Glacé é uma coprodução da Gaumont Télévision e Metropole Television, distribuída como série original da Netflix. Isso significa que se trata de uma produção local com distribuição mundial – diferentemente de A Louva-a-deus, outra série francesa original Netflix lançada recentemente. Glacé tem, portanto, um clima muito diferente do que estamos habituados a ver nas séries norte-americanas, e isso não é um problema. O ponto é que a audiência precisa estar disposta a aceitar uma série que em muito se assemelha a um nicho menor como o cinema alternativo francês, com a bela fotografia de paisagens gélidas da França, enquadramentos que se revezam entre o tradicional e o experimental, e uma montagem que também oscila entre algo mais sereno e outro mais arrojado.

Apesar de A Louva-a-deus parecer ligeiramente mais comercial que Glacé – levando em conta aspectos como ritmo e até mesmo o desfecho –, é impossível não traçar semelhanças entre as duas. Ambas possuem seis episódios, abordam uma investigação sobre assassinatos em série, foram lançadas com dois dias de diferença, exploram a relação entre investigadores e criminosos e, felizmente, possuem muitas mulheres dentro de um gênero de série que costuma ser dominado por homens. Aliás, esperemos que essa tendência francesa de ter mulheres ocupando diversas e complexas personagens permaneça em voga.

Glacé não chega a ser uma obra prima ou algo indispensável, mas é uma boa série. Seu desenvolvimento é satisfatório e o final deixa no ar a possibilidade de uma segunda temporada. Vale a pena dar uma chance!

 

Ficha técnica

Criação: Gérard Carré, Caroline Van Ruymbeke, Pascal Chaumeil

País: França

Ano: 2017

Elenco: Charles Berling, Julia Piaton, Pascal Greggory, Nina Meurisse

Gênero: Suspense, Policial

Distribuição: Netflix

 

COMENTÁRIOS

1 comentário em “Crítica: Glacé”

  1. Gostei da série Glacé, gosto do cinema francês, tem uma forte pegada psicológica e os personagens são bem humanos, sem glamour. Já Louva-a-Deus, começou bem mas acho que o escritor/diretor escorregou na maionese, parece que quis escrever 10 histórias em uma, coitado do Damien.

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