Spcine Play disponibiliza 11 curtas-metragens de diretoras brasileiras em homenagem ao mês da mulher

Desejar feliz dia das mulheres no 8 de março não basta. Flores e parabéns não são suficientes para apagar todos os outros dias de violências simbólicas, físicas e emocionais impostas às mulheres pelas opressões misóginas do dia a dia. Por isso, pequenas e constantes ações  cotidianas (e afirmativas) são fundamentais para caminharmos rumo à tão sonhada equidade de gênero.

No cinema, o cenário não é diferente: a disparidade de gênero também afeta a produção audiovisual nacional. Filmes dirigidos por mulheres são muito menos realizados, lançados e assistidos no Brasil. Então, para homenagear e contribuir com o mês da mulher, a Spcine Play preparou uma seleção de 11 curtas-metragens de diretoras brasileiras que ficarão disponíveis gratuitamente na plataforma Looke durante todo o mês de março. São filmes dirigidos por mulheres diversas e que possuem temáticas e gêneros também diversos. Conheça um pouco mais sobre quatro deles:

SOLON

Na tela, durante pouco mais de 15 minutos, uma criatura misteriosa performa sua evolução. O cenário ermo e devastado, de profundo vazio e solidão, é digno de uma ficção científica.

‘Solon’ / Divulgação

Aos poucos, a criatura se modifica e torna-se mulher. Com ela, surge o mundo e seus quatro elementos: água, terra, ar e fogo. A partir da performance, Solon aponta para as profundas relações de interdependência que existem entre o feminino e a natureza.

O curta conta com performance e coreografia Tana Guimarães e direção e roteiro de Clarissa Campolina.

PERIPATÉTICO

Em grego, peripatético quer dizer ambulante ou itinerante. Vem daí a inspiração do curta de Jessica Queiroz, importante nome do cinema negro e feminino brasileiro.

‘Peripatético’/ Divulgação

No filme, ambientado durante os ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC) em maio de 2006, os jovens Simone (Larissa Noel), Thiana (Maria Sol) e Michel (Alex de Jesus) conversam em constante movimento. Caminhando, eles compartilham seus sonhos, medos, experiências de vida e impressões de mundo.

Além de realizar um trabalho impressionante de linguagem, Peripatético coloca em xeque o mito da meritocracia através de metáforas muito pertinentes, expõe as dinâmicas das violências urbanas e policiais, problematiza relações indivíduo e trabalho e discute a relação do jovem pobre e periférico – representante da camada mais vulnerável da sociedade, tanto em relação à classe social  quanto geograficamente – com as expectativas da vida adulta (trabalho, família, educação).

SINISTRO

Dirigido por Mariani Ohno e roteirizado por Cauê Shimoda, Sinistro constrói uma atmosfera sombria de terror para retratar o relacionamento disfuncional e abusivo de uma mãe (Tatiana Schunck) com sua filha (Gabriela Canejo).

‘Sinistro’ / Divulgação

A garota sofre de uma coceira na mão esquerda que incomoda profundamente a mãe. A medida em que a coceira torna-se mais frequente e os deveres de casa vão ficando atrasados, o humor da mãe muda. Decepcionada com o marido e com a rotina, a mulher desconta na mão esquerda da filha sua inabilidade de lidar com transformações da vida e com subversões criativas da criança, que se expressa através de desenhos.

Aqui, a coceira na mão esquerda entra como elemento fantástico que representa o desconhecido sobrenatural. Um desconhecido que sugere o embate entre a necessidade de controle de uma adulta e a necessidade de autonomia de uma jovem.

TEA FOR TWO

Tea For Two é o primeiro trabalho de Julia Katharine como diretora de cinema. Neste filme, ela, uma mulher trans, narra a história de um triângulo amoroso formado por  mulheres.

‘Tea For Two’ / Divulgação

Silvia (Gilda Nomacce), a protagonista, é uma cineasta que já teve seus dias de glória, mas que agora vive ressentida profissionalmente e isolada entre discos e livros. Num mesmo dia ela recebe a proposta de retomar um antigo relacionamento e acaba conhecendo uma nova pessoa. A partir daí, a protagonista precisa analisar se quer repetir um romance, viver um novo ou focar em si mesma.

O curta também está sendo exibido nos cinemas antes das sessões do longa-metragem Lembro Mais dos Corvos, protagonizado por Katharine e dirigido por Gustavo Vinagre. Por isso, ele já pode ser considerado como o primeiro filme dirigido por uma mulher trans brasileira a estrear em circuito comercial.

Clique aqui para acessar todos os curtas-metragens disponibilizados pela Spcine Play.

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