Esta poderia ser mais uma entre tantas histórias policiais sobre narcotráfico na fronteira do México com os Estados Unidos, exceto por um detalhe: zumbis. Em S.O.Z. Soldados o Zombies, série original Prime Video criada por Nicolas Entel e Miguel Tejada Flores e dirigida por Rigoberto Castañeda (Diablero), os mortos-vivos possuem um segundo coração e algum resto de cognição, o suficiente para que se comuniquem como matilha e tenham um objetivo.
Prestes a ser extraditado para os EUA, o mais perigoso narcotraficante mexicano, Alonso Marroquín (Sergio Peris-Mencheta), coloca em andamento um plano para escapar da prisão de segurança máxima de onde será transferido. A fuga pelo deserto dá certo, porém, paralelamente, um experimento clandestino do exército estadunidense na região, liderado por um cientista decadente, acaba fracassando na criação de supersoldados, transformando por acidente toda a força-tarefa responsável pela extradição de Marroquín em zumbis.
Mas não quaisquer zumbis: são zumbis obstinados, que apesar de ávidos por carne humana ainda se lembram da missão de capturar o narcotraficante fugitivo. Para fechar a apresentação dos núcleos, o deserto fronteiriço também reserva ação para Lilia (Fátima Molina), uma jornalista disposta a tudo para conseguir uma entrevista de Marroquín e provar seu valor profissional.
Então, partindo do que há de mais básico nos universos já conhecidos das produções sobre narcotráfico e zumbis, S.O.Z define como sua condição original um “apocalipse” criado em laboratório e alastrado em meio ao antagonismo entre policiais estadunidenses e traficantes mexicanos – e tudo que ele significa.
UMA GRANDE INTRODUÇÃO
Dividida em oito episódios, a primeira temporada de Soldados o Zombies funciona como uma grande introdução, dedicada a apresentar os personagens e suas motivações, bem como a origem da mutação que começa a se espalhar pela fronteira.
Mas os zumbis se multiplicarão por todo o mundo? Caso aconteça, como Marroquín, novamente em fuga, seguirá protagonizando o enredo? O narcotraficante se transformará em salvador da humanidade? São todas questões deixadas em aberto, para possíveis futuros episódios.
Por isso, embora do ponto de vista técnico represente um marco relevante na produção audiovisual de gênero no México, com efeitos visuais de qualidade (créditos extras para a maquiagem), realizados com um orçamento que não deve chegar nem perto do que circula por Hollywood, S.O.Z ainda não emplaca sua tentativa de mensagem anti-imperialista e tampouco se destaca ao repetir lugares comuns amplamente reproduzidos em obras policiais e de terror – como as performáticas perseguições de policiais gringos a criminosos latinos ou o processo de proliferação dos zumbis, além, claro, da repórter intrometida que circula amarrando as pontas da trama.
No fim, a mistura de gêneros até oferece nuances dignas de expectativa, especialmente em relação às particularidades dos monstros criados. Entretanto, a impressão que fica é a de uma temporada que simplesmente serve de prólogo do verdadeiro desenrolar da história, ainda por vir – ou de passarela para o desfile de criaturas.
Ficha técnica
Criação: Nicolas Entel, Miguel Tejada Flores
País: México
Ano: 2021
Elenco: Sergio Peris-Mencheta, Fátima Molina, Horacio García Rojas, Nery Arredondo, Adria Morales, Toby Schmitz, Carlos Valencia
Gênero: Terror, Policial
Distribuição: Prime Video
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