Tag: distopia
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Chico, uma distopia realista?
O ano é 2029. Durante os 13 anos seguintes ao golpe que provocou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o racismo foi institucionalizado no Brasil. Pressupõe-se que, mais cedo ou mais tarde, crianças pobres, negras e marginalizadas virão a cometer algum crime. Por isso, assim que nascem elas são marcadas com tornozeleiras de rastreamento que as acompanharão por toda a vida. Chico é uma dessas crianças. Negro, pobre, morador de favela.
[Estreia] Mentes Sombrias é mais uma distopia adolescente, e regada de clichês
X-Men, Jogos Vorazes e Maze Runner. Junte todas essas séries – de livros que viraram filmes – e terá Mentes Sombrias; a mais nova distopia adolescente, que estreia nos cinemas nesta quinta (16).
Inspirado no romance homônimo de Alexandra Bracken, o longa-metragem conta a história de Ruby (Amandla Stenberg), uma garota que adquire poderes especiais, após ser infectada por um vírus que acomete crianças.
Os sobreviventes da doença viral, tendo manifestado diferentes intensidades de poderes, são enviados a um campo de concentração, onde são obrigados a viver e a trabalhar. Ruby pertence à categoria mais elevada dos jovens poderosos e, por conseguinte, deveria ser executada. Mas, como uma boa heroína, a menina manipula as mentes de autoridades e se passa por “não-perigosa”.
Com o passar de alguns anos, Ruby tem sua verdadeira identidade descoberta e, com a ajuda da Dra. Cate Connor (Mandy Moore), consegue escapar. É assim que a adolescente conhece e vira amiga de outros jovens como ela: fugitivos e poderosos.
De Jennifer Yuh Nelson (Kung Fu Panda 2 e 3), Mentes Sombrias é um simples filme de ação adolescente. Não há quaisquer refinamentos técnicos e/ou narrativos durante suas quase duas horas de duração – e, se o esperado é uma produção feita unicamente para entreter, assistir ao longa pode ser um bom programa. No entanto, a repetição de temas, os diálogos clichês e o desenvolvimento superficial dos personagens, não ajudam na história.
Por mais interessante que seja ver uma mulher negra (Stenberg) como protagonista, a representatividade da produção não é o bastante. A superficialidade da trama e o desgaste de sua proposta são realmente um problema. Dessa forma, fica difícil classificar Mentes Sombrias como um filme bom.
Tudo o que está em tela – desde os personagens até as cenas de clímax – já foram vistos diversas vezes em longas do gênero. Não há sequer um momento memorável na produção de Nelson. Nem mesmo a vilã de Gwendoline Christie (Star Wars: O Despertar da Força), a caçadora Lady Jane, traz algo de efetivamente interessante a Mentes Sombrias.
Talvez, o cinema adolescente esteja, de fato, precisando de uma reinvenção; já que o tema distópico com triângulos amorosos é algo que parece não ter mais tanto apelo nos jovens. Com a emergência de assuntos verossímeis – como sexualidade, racismo, bullying, depressão, diferença de classes e etc. –, não falar sobre nada disso é subestimar o próprio público. Lembremo-nos de que não há nada de errado com temas fantásticos; mas, precisamos, sim, de originalidade, e de uma adequação aprimorada à realidade.
Ficha técnica
Direção: Jennifer Yuh Nelson
Duração: 1h44
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Amandla Stenberg, Harris Dickinson, Mandy Moore, Gwendoline Christie
Gênero: Fantasia, aventura, romance
Distribuição: Fox Film do Brasil
[Estreia] Ilha dos Cachorros, de Wes Anderson, é doce, mas comete gafe
Nesta quinta (19), estreia nos cinemas a mais nova animação de Wes Anderson, Ilha dos Cachorros. Com um imenso elenco estelar – vozes de Bryan Cranston, Scarlett Johansson, Bill Murray, Edward Norton, Jeff Goldblum, Greta Gerwig, Tilda Swinton, Frances McDormand e, até mesmo, Yoko Ono –, o stop motion traz para as telas um grupo de cachorros que, excluídos em uma ilha com depósitos de lixo, simboliza a segregação racial entre os humanos.
Dentro da história, os brancos opressores da vida real são todos os moradores de Megasaki, uma cidade japonesa e distópica. Neste universo, os cachorros – supostamente – estariam pondo em risco a saúde dos humanos; uma vez que esses animais poderiam transmitir uma nova doença, e pelo simples contato com as pessoas.
Baseando-se na duvidosa constatação, Kobayashi (voz do ator japonês Kunichi Nomura), o prefeito corrupto da cidade, decreta o isolamento de todos os cachorros em uma ilha afastada e lotada de lixo. Sob a perspectiva dos animais, o diretor (assim como em sua outra animação, O Fantástico Sr. Raposo) explora uma cruel realidade canina.
Separado de seu dono, até mesmo o cachorro do sobrinho de Kobayashi, o pré-adolescente Atari (Koyu Rankin), é enviado à ilha – o que dá o ponto de partida para o início da trama. Atari, empenhado em encontrar o amigo Spots (Liev Schreiber), faz amizade com os demais cães da ilha e, assim, segue em uma jornada em meio ao lixo acumulado.
Wes Anderson, como de costume, trabalha unicamente com enquadramentos simétricos. Os takes com pontos de fuga, além de suas fotografias solares e coloridas, são a marca registrada do diretor. Então, se depender de sua qualidade técnica, Ilha dos Cachorros agradará a todos. O filme aborda muito bem o conceito de amizade, e a história, de fato, surpreende – a partir de suas várias reviravoltas.
Os personagens são todos carismáticos e a sacada de Anderson, ao colocar diálogos em inglês somente para os animais (enquanto que os humanos falam em japonês), garantem a graciosidade e o humor da produção. Mesmo com um argumento bastante válido – quanto à segregação e à soberania racial –, Ilha dos Cachorros peca na representação simbólica dos personagens ativistas; que, claramente, fazem referência ao movimento negro.
Algo que deixa isso claro é a intercambista estadunidense, e branca, Tracy Walker (Gerwig). Em sua primeira cena, a menina aparece à frente de um grupo de protestantes, com um corte de cabelo em black power (loiro), um braço estendido para cima e a mão fechada em punho. Esses detalhes juntos, por mais que não sejam apontados em momento algum do filme, associam o contexto da narrativa diretamente com o movimento em questão.
É importante ressaltar que não há nada de errado em metaforizar a luta dos negros através de cachorros. O que podemos interpretar, no mínimo, como uma gafe do diretor é o fato de uma personagem branca fazer esse tipo de alusão, a um grupo do qual não faz parte. A impressão que fica é a de que Anderson se apropriou do movimento negro para contar uma história bonitinha – e, com isso, vem certa falta de representatividade.
Mesmo que o longa-metragem seja repleto de japoneses, esse problema de representatividade é inegável; o que inclui a feminina. As fêmeas e mulheres da produção, por mais marcantes que sejam, aparecem em número consideravelmente menor do que o masculino. E isso acaba, sim, por prejudicar a experiência de assistir ao filme.
Ainda que agradável e fluido, Ilha dos Cachorros poderia ter sido muito mais do que aquilo que entrega. Já como diretor de animação, Anderson parece estar cada vez melhor – mas é evidente que um ótimo filme não se faz apenas com boas técnicas de filmagem e intenções aparentemente nobres.
Ficha técnica
Direção: Wes Anderson
Duração: 1h42
País: Alemanha, EUA
Ano: 2018
Elenco: Bryan Cranston,
Frances McDormand
Tudo o que sabemos sobre a 2ª temp. de The Handmaid’s Tale até agora
No ano passado, a plataforma de streaming Hulu liberou a primeira temporada da série baseada na obra de Margaret Atwood, The Handmaid’s Tale (O Conto da Aia, em tradução para o português). A produção acompanha a vida de aias escravizadas em uma sociedade patriarcal e totalitária, que prioriza a reprodução e a eugenia acima de quaisquer Direitos Humanos anteriormente conquistados pela população.
1. A DATA DE ESTREIA
No início deste mês, a Hulu anunciou que a segunda temporada da série tem data de estreia para 25 abril de 2018. Só faltam 3 meses!
2. O ENREDO
Segundo o showrunner Bruce Miller, a nova temporada vai acompanhar a rotina das colônias da fictícia Gilead – nação na qual os EUA teriam se tornado, num futuro distópico. Como praticamente toda a obra original de Atwood já foi adaptada nos dez primeiros episódios, desta vez, as subtramas contarão com a criatividade de sua produção, que trabalha na expansão do universo da história. Afinal, Miller afirmou recentemente, para o The Hollywood Reporter, que enxerga um longo futuro para a série, com até dez temporadas.
3. O RETORNO DE ALEXIS BLEDEL
A atriz Alexis Bledel (a Rory, de Gilmore Girls), que interpretou a aia denominada Ofglen, está confirmada para o elenco fixo de The Handmaid’s. E isso se deve, em grande parte, à sua marcante participação na temporada passada, que lhe proporcionou um Emmy de Melhor Atriz Convidada em Série de Drama. O que será que aconteceu à (não mais) Ofglen? Será que ela e Offred (Elisabeth Moss) vão se reencontrar? Aguardemos!
4. A PARTICIPAÇÃO DE MARISA TOMEI