Tag: feminismo
Coisa Mais Linda: sororidade, emancipação feminina e um Rio de Janeiro para estrangeiro ver
Eleições, novo documentário de Alice Riff, chega aos cinemas para provar que política tem tudo a ver com educação
[Coluna] Carol Danvers e a subversão da super-heroína comum em Capitã Marvel
6 filmes dirigidos por brasileiras, sobre mulheres e para todos
[Coluna] Precisamos falar sobre Hana e as masculinidades frágeis e tóxicas do BBB19
O Big Brother Brasil começou há menos de 20 dias e definitivamente não se fala em outra coisa na casa mais vigiada do país: Hana Khalil. Aliás, tanto dentro quanto fora da casa, todas as ações da participante viraram estopim para o início de debates sobre machismo, violências simbólicas e a importância do feminismo.
Soni: drama indiano sobre duas policiais mulheres chega ao catálogo da Netflix
Sex Education é a série original Netflix perfeita para a família tradicional brasileira
Otis Milburn (Asa Butterfield) é o típico adolescente socialmente retraído que faz de tudo para passar despercebido na escola, contando com a parceria de um único e melhor amigo, Eric (Ncuti Gatwa). Ele vive com a mãe, Jean (Gillian Anderson), uma terapeuta sexual. Aos 16 anos, Otis vivencia as contradições de ser um jovem tímido e sexualmente inexperiente mesmo tendo uma mãe “descolada” e aparentemente bem-resolvida.
[Coluna] O engessamento das pautas identitárias nas premiações hollywoodianas
Em 2018, os movimentos organizados por mulheres abalaram as estruturas misóginas de Hollywood. Como resultado de feminismos que vêm sendo discutidos nos últimos anos por toda a sociedade, atrizes e trabalhadoras da indústria cinematográfica norte-americana usaram seus espaços em premiações como Globo de Ouro, Sag Awards e Oscar para dar palco aos seus discursos e denúncias sobre violência de gênero e disparidade salarial no cinema.
6 protagonistas do cinema que quebram padrões de gênero
Negritudes Brasileiras, de Nátaly Neri, explora o formato documentário no Youtube para falar de racismo
No último dia 12, os youtubers Nátaly Neri (do canal Afros e Afins) e Murilo Araújo (do canal Muro Pequeno) lançaram, em seus próprios canais, o fruto do trabalho que realizaram como embaixadores do programa Creators for Change, um apoio do YouTube Brasil para o fomento de produções audiovisuais que tenham impactos sociais na plataforma.
Nátaly Neri, cientista social, youtuber, militante negra e feminista, acostumada a gravar vídeos de aproximadamente 20 minutos para o Afros e Afins, produziu, dessa vez, o documentário em longa-metragem Negritudes Brasileiras, sobre colorismo e racismo estrutural no Brasil. Murilo Araújo também inovou e produziu uma série de vídeos sobre as masculinidades do homem negro.
Com a ajuda de profissionais audiovisuais do grupo Gleba do Pêssego, formado por jovens negros e LGBT+ das periferias de São Paulo, Neri tocou seu projeto: um filme didático, rico em informações, visualmente harmônico e que conversa não somente com a história do Brasil e nossa formação enquanto nação, mas também com questões identitárias que ainda hoje são entraves sociais.
Em Negritudes Brasileiras, mulheres e especialistas negros dão depoimentos sobre suas vivências e compartilham conhecimento com imensa generosidade. O filme abre com falas de mulheres sobre suas aparências físicas. Depois, ele se preocupa em explicar como as questões raciais se estabelecem no Brasil, desde o período da escravidão, passando pela miscigenação ligada à valoração do embranquecimento, colorismo e construção de identidades ao longo da história do país, até chegar no mito da democracia racial, na pluralidade da negritude e das vivências do que é ser negro no Brasil de hoje.
O protagonismo dos relatos femininos no filme obviamente tem muito a ver com o posicionamento político essencialmente feminista da idealizadora, mas também é fundamental para que o filme alcance níveis de discussões que só as experiências dessas mulheres negras, representantes da camada mais vulnerável da sociedade, são capazes de acessar.
Em sua conta no Twitter, Nátaly Neri agradeceu pelo carinho das pessoas que elogiavam o filme e falou um pouco sobre sua primeira experiência como realizadora de um longa-metragem. “Foi a experiência mais intensa, enriquecedora, exaustiva, brilhante e dolorosa da minha vida na internet e no ativismo”, desabafou. E completou dizendo: “esse documentário é uma grande fala em primeira pessoa, de nós, para nós mesmos, sobre nós. Estou feliz com todas as devolutivas de vocês”.
(Fonte: Afros e Afins / YouTube)
O documentário também impressiona pelo seu cuidado estético. Todos os elementos postos em cena conversam, de alguma forma, com o tema proposto e com a personalidade da idealizadora; desde as roupas dos entrevistados até a ambientação feita por cenários simples, mas funcionais e bonitos. Para os que acompanham o trabalho da youtuber, fica nítida a preocupação que ela teve em transferir sua essência à nova empreitada.
São muitas as qualidades de Negritudes Brasileiras, mas ele é, antes de mais nada, um filme autoral, fundamental e redondo. Neri e os jovens da Gleba do Pêssego trabalharam com primor e realizaram um filme único, equilibrando conteúdos, sendo flexíveis num formato que cai bem tanto numa tela de cinema quanto numa reprodução do YouTube, passando a mensagem de forma clara, prezando pela estética e deixando até uma bibliografia no final dos créditos.
Se você ainda não assistiu ao documentário, corra para o YouTube. Em um momento de retrocessos como o que o Brasil vive hoje, a pluralidade de narrativas e os refrescos de formatos incentivados por um programa como o Creators for Change são absolutamente necessários. Negritudes Brasileiras é conteúdo de extrema qualidade, e está disponível gratuitamente.
Leia também: Juily Manghirmalani, co-diretora da paródia de ‘Vai Malandra’, fala sobre audiovisual, feminismo e YouTube
Ficha técnica
Idealização: Nátaly Neri
Duração: 58 min
País: Brasil
Ano: 2018
Gênero: Documentário
Distribuição: YouTube Brasil