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Diablero leva folclore mexicano com qualidade para a Netflix
Foi aos 45 do segundo tempo de 2018 que a Netflix lançou uma de suas séries originais mais especiais e inusitadas do ano. Ambientada na Cidade do México, Diablero acompanha as peripécias de Elvis Infante (Horácio Garcia Rojas), conhecido como diablero, homem que ganha a vida “caçando” demônios, e de Ramiro Ventura (Christopher Von Uckermann), um jovem padre que precisa abrir mão da doutrina cristã para descobrir o paradeiro de uma garotinha sequestrada por forças sobrenaturais.
As melhores séries originais Netflix de 2018
No entanto, cada série adicionada ao catálogo se comporta de determinada maneira. Podemos separá-las em três grupos: o primeiro, formado pelas séries que chegam discretamente ao catálogo e discretas continuam; no segundo encaixam-se as produções lançadas também sem nenhum apoio de marketing, mas que por algum motivo específico tornam-se fenômenos; e o terceiro diz respeito às séries que já estreiam com toda uma estratégia de marketing planejada.
La Casa de Papel pode ser mencionada como grande representante do segundo grupo. Dos últimos dias de 2017 para o início de 2018, a série espanhola tornou-se fenômeno cultural. De repente, os assaltantes da Casa da Moeda viraram ídolos nacionais – principalmente. Foi a partir daí que a Netflix Brasil passou a dedicar atenção à série.
Já como representante do terceiro grupo temos O Mundo Sombrio de Sabrina. A série “trevosa” da bruxinha adolescente parece ser a nova grande aposta a nível mundial da Netflix, e justamente por isso sua estreia contou com campanhas de marketing fortíssimas.
Considerando que acompanhar todo esse fluxo de conteúdo seja humanamente impossível, listamos três ótimas séries originais que estrearam suas primeiras temporadas em 2018, mas que talvez não tenham chegado ao nível de popularidade de La Casa de Papel e Sabrina. Será que você assistiu a todas elas? Acompanhe:
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Samantha!
Tempo Compartilhado, um filme enigmático sobre férias estranhas
Dirigido por Sebastián Hoffman, o longa ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Sundance e tem marcado presença nas listas de melhores filmes mexicanos de 2018, ao lado de filmes como Museu e Roma.
Sua proposta temática é clara: denunciar a indústria turística, expondo como o capitalismo selvagem é capaz de nos alienar e angustiar até quando o assunto é descanso. Sua realização, por outro lado, recorre a abstrações diversas. Tempo Compartilhado é um projeto ambicioso e exige que o espectador esteja disposto a vivenciar a experiência, digamos.
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América Latina para Imbecis busca ser um antídoto contra o nosso complexo de vira-lata
Em junho deste ano, a humorista Hannah Gadsby surpreendeu os assinantes da Netflix com Nanette, sua apresentação impecável e emocionante sobre o que é ser uma mulher lésbica num mundo misógino. O show de Gadsby serviu, entre tantas outras coisas, para mostrar ao público do humor que é possível tratar de assuntos sérios e delicados a partir de uma abordagem crítica, responsável e ácida ao mesmo tempo. Nesse mesmo perfil de show de humor se encaixa o lançamento =&0=&.
Recém disponibilizado na Netflix, o stand-up América Latina para Imbecis, escrito e performado pelo ator, comediante e roteirista John Leguizamo, busca resgatar milhares de anos de história latino-americana invisibilizada nos livros escolares e no imaginário popular das Américas – e do mundo.
Com um cenário repleto de livros e uma lousa, Leguizamo aproveita sua origem colombiana para realizar uma apresentação que mistura relatos de suas vivências enquanto homem latino-americano que mora nos EUA com referências históricas de bibliografias que ele considera essenciais para o resgate e a manutenção de nossa ancestralidade latina.
Seu ponto de partida é o filho que sofre bullying no colégio. Em sua narrativa, o artista conta que o garoto sofre pequenas agressões cotidianas por ser latino e que, como todos nós, não possui referências suficientes para fazer um trabalho escolar sobre heróis nacionais sem escolher um personagem branco.
Usando a falta de conhecimento – e de apreço – do filho sobre a história e a cultura da América Latina como fio condutor de seu espetáculo, Leguizamo nos conta 3 mil anos de história latina.
Ele fala sobre como os impérios Maias, Astecas, Incas (entre tantos outros), civilizações tecnológica e socialmente avançadas, e culturalmente ricas e complexas, foram atacadas e exterminadas pela ganância dos brancos europeus.
Com riqueza de detalhes, o artista explica que as únicas vantagens dos europeus durante a colonização eram seus germes, as transmissões de doenças. Foi assim que os colonizadores brancos conseguiram invadir as terras da América, exterminar civilizações impressionantes, estuprar as mulheres nativas, destruir conhecimento e cultura e derreter obras de arte para saquear o ouro. Ao que tudo indica, a história do mundo é mesmo sempre contada por homens privilegiados e medíocres.
Em meio ao panorama histórico, América Latina para Imbecis chega aos dias de hoje com duras críticas a Donald Trump, que assim como os colonizadores, acha de bom tom enjaular seres humanos. Além disso, alguns questionamentos fundamentais são colocados: por que dizemos folclore em vez de cultura? por que dialeto em vez de idioma? artesanato no lugar de obras de arte? Por que aceitamos ser diminuídos em todas as esferas de nossas vidas?
Depois, em um dos momentos mais tocantes da apresentação humorística, Leguizamo diz que “a vida latina não vale muito nos EUA”. E nem no resto do mundo, sejamos honestos. Já diria a cantora Ana Tijoux em sua música Somos Sur: somos todos os oprimidos, calados e sem voz. Somos o sul.
Apesar de relacionar com maestria a nossa ausência da memória com nossa problemática autoestima, em alguns momentos o espetáculo deixa a desejar em relação a representatividade. É de se imaginar que as mulheres nativas tenham sofrido de outras maneiras (mais graves) com a colonização, e a performance não dá conta de uma abordagem que inclua questões de gênero com autoridade. Se homens latino-americanos foram e são invisibilizados, as mulheres e a comunidade LGBTQI+ são muito mais.
De qualquer forma, América Latina para Imbecis é um exercício positivo de memória que usa o humor para alcançar a afetividade das pessoas, além de ser um chamado para que os povos latinos, com suas semelhanças e diferenças, se unam, reconstruam sua autoestima e reajam à violência do racismo e da xenofobia para seguir em frente, rumo a reconstrução do orgulho de ser o sul.
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Recém chegado ao catálogo da Netflix, =&0=&
é um poderoso soco no estômago de quem dedica pouco mais de uma hora para assisti-lo. O documentário, dirigido pela diretora Madeleine Gavin e distribuído mundialmente pela plataforma de streaming, retrata a realidade de mulheres brutalizadas pela violência sexual na República Democrática do Congo que se recuperam de traumas físicos e emocionais em uma espécie de centro de reabilitação feminino chamado “Cidade da Alegria”.
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Alex (Inés Efron) nasceu com características sexuais femininas e masculinas. Tentando poupar a filha dos preconceitos de terceiros e de médicos que queriam “corrigir” a genital da criança, Kraken (Ricardo Darín) e Suli (Valeria Bertuccelli) se mudaram da Argentina para uma pequena vila no Uruguai. Anos mais tarde, a família recebe a visita de um casal de amigos e de seu filho Álvaro (Martín Piroyansky). É então que Alex, agora com 15 anos, e o jovem visitante começam sua própria jornada de descobertas sobre identidade de gênero e orientação sexual.
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tem suas três temporadas disponíveis na Netflix. Aos desavisados, a produção espanhola pode parecer apenas mais uma série de ficção sobre viagens no tempo, mas a obra criada pelos irmãos Javier e Pablo Olivares é um verdadeiro mergulho pelos séculos espanhóis.