Tag: diretoras negras
Peripatético e o ser jovem na periferia
O Caso do Homem Errado
Vaga Carne e Sete Anos em Maio: dois representantes da excelência do cinema mineiro
Atlantique (Netflix) representa o Senegal no Oscar 2020
Eu Não Sou uma Bruxa: a perseguição contra as mulheres nunca parou
Noirblue: a dança como representação do deslocamento político dos corpos
Spcine Play disponibiliza 11 curtas-metragens de diretoras brasileiras em homenagem ao mês da mulher
Negritudes Brasileiras, de Nátaly Neri, explora o formato documentário no Youtube para falar de racismo
No último dia 12, os youtubers Nátaly Neri (do canal Afros e Afins) e Murilo Araújo (do canal Muro Pequeno) lançaram, em seus próprios canais, o fruto do trabalho que realizaram como embaixadores do programa Creators for Change, um apoio do YouTube Brasil para o fomento de produções audiovisuais que tenham impactos sociais na plataforma.
Nátaly Neri, cientista social, youtuber, militante negra e feminista, acostumada a gravar vídeos de aproximadamente 20 minutos para o Afros e Afins, produziu, dessa vez, o documentário em longa-metragem Negritudes Brasileiras, sobre colorismo e racismo estrutural no Brasil. Murilo Araújo também inovou e produziu uma série de vídeos sobre as masculinidades do homem negro.
Com a ajuda de profissionais audiovisuais do grupo Gleba do Pêssego, formado por jovens negros e LGBT+ das periferias de São Paulo, Neri tocou seu projeto: um filme didático, rico em informações, visualmente harmônico e que conversa não somente com a história do Brasil e nossa formação enquanto nação, mas também com questões identitárias que ainda hoje são entraves sociais.
Em Negritudes Brasileiras, mulheres e especialistas negros dão depoimentos sobre suas vivências e compartilham conhecimento com imensa generosidade. O filme abre com falas de mulheres sobre suas aparências físicas. Depois, ele se preocupa em explicar como as questões raciais se estabelecem no Brasil, desde o período da escravidão, passando pela miscigenação ligada à valoração do embranquecimento, colorismo e construção de identidades ao longo da história do país, até chegar no mito da democracia racial, na pluralidade da negritude e das vivências do que é ser negro no Brasil de hoje.
O protagonismo dos relatos femininos no filme obviamente tem muito a ver com o posicionamento político essencialmente feminista da idealizadora, mas também é fundamental para que o filme alcance níveis de discussões que só as experiências dessas mulheres negras, representantes da camada mais vulnerável da sociedade, são capazes de acessar.
Em sua conta no Twitter, Nátaly Neri agradeceu pelo carinho das pessoas que elogiavam o filme e falou um pouco sobre sua primeira experiência como realizadora de um longa-metragem. “Foi a experiência mais intensa, enriquecedora, exaustiva, brilhante e dolorosa da minha vida na internet e no ativismo”, desabafou. E completou dizendo: “esse documentário é uma grande fala em primeira pessoa, de nós, para nós mesmos, sobre nós. Estou feliz com todas as devolutivas de vocês”.
(Fonte: Afros e Afins / YouTube)
O documentário também impressiona pelo seu cuidado estético. Todos os elementos postos em cena conversam, de alguma forma, com o tema proposto e com a personalidade da idealizadora; desde as roupas dos entrevistados até a ambientação feita por cenários simples, mas funcionais e bonitos. Para os que acompanham o trabalho da youtuber, fica nítida a preocupação que ela teve em transferir sua essência à nova empreitada.
São muitas as qualidades de Negritudes Brasileiras, mas ele é, antes de mais nada, um filme autoral, fundamental e redondo. Neri e os jovens da Gleba do Pêssego trabalharam com primor e realizaram um filme único, equilibrando conteúdos, sendo flexíveis num formato que cai bem tanto numa tela de cinema quanto numa reprodução do YouTube, passando a mensagem de forma clara, prezando pela estética e deixando até uma bibliografia no final dos créditos.
Se você ainda não assistiu ao documentário, corra para o YouTube. Em um momento de retrocessos como o que o Brasil vive hoje, a pluralidade de narrativas e os refrescos de formatos incentivados por um programa como o Creators for Change são absolutamente necessários. Negritudes Brasileiras é conteúdo de extrema qualidade, e está disponível gratuitamente.
Leia também: Juily Manghirmalani, co-diretora da paródia de ‘Vai Malandra’, fala sobre audiovisual, feminismo e YouTube
Ficha técnica
Idealização: Nátaly Neri
Duração: 58 min
País: Brasil
Ano: 2018
Gênero: Documentário
Distribuição: YouTube Brasil
Rafiki, a história de amor lésbico censurada no Quênia
5 filmes dirigidos por mulheres para assistir na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Entre os dias 18 e 31 de outubro acontece a 42ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Ao todo, serão exibidos mais de 300 filmes, vindos de diversos lugares do mundo, e muitos deles dirigidos por mulheres. Para te ajudar a organizar sua programação em meio a tanta variedade de opções, destacamos cinco obras dirigidas por mulheres que são imperdíveis! Confira:
1. ILHA – Glenda Nicácio e Ary Rosa (Brasil)
Em agosto deste ano, Glenda Nicácio rompeu um hiato de décadas e se tornou a única diretora brasileira negra a lançar um filme de ficção em circuito comercial nos últimos 30 anos. O filme era o encantador Café com Canela, codirigido por Ary Rosa.
Agora, durante a Mostra, a dupla faz seu segundo longa-metragem, Ilha, chegar às grandes telas. Dessa vez, os diretores contam a história de Emerson, um jovem da periferia que quer fazer um filme sobre a Ilha, um lugar onde quem nasce não consegue escapar. Para colocar seu plano em ação, o personagem sequestra um cineasta e os dois passam a reencenar sua vida.
Ilha é um título fundamental para quem gosta de acompanhar a diversidade do cinema nacional contemporâneo dirigido por mulheres.
Sessões na Mostra: ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA - 26/10/18 - 19:10 - (Sexta) CINESALA - 27/10/18 - 14:00 - (Sábado) CINE CAIXA BELAS ARTES - 30/10/18 - 15:30 - (Terça)
2. FAMÍLIA SUBMERSA – Maria Alché (Argentina)
Quando Marcela (Mercedes Morán) perde sua irmã Rina, o processo de luto e o fluxo contínuo da rotina familiar tornam sua vida um tanto quanto sufocante. A protagonista passa a viver no automático, dividindo seu tempo entre embalar as coisas da irmã, resolver burocracias e atender às demandas da família.
A vida não para enquanto ela sente dor. A filha precisa dela por estar triste depois de uma briga com o namorado. As coisas dentro de casa quebram. O filho precisa de ajuda para estudar.
Na iminência de um transbordamento de sentimentos represados, Marcela consegue um respiro ao conhecer Nacho (Esteban Bigliardi), amigo de uma de suas filhas. Dessa parceria improvável, ela tira forças para embarcar numa viagem pessoal de redescobrimento de si mesma.
Assim, ao mesmo tempo em que equilibra todos os pratos do cotidiano e da perda, recebendo parentes e lidando com pequenos conflitos, a personagem procura, em si mesma e numa certa ancestralidade, condições de bancar quem deseja ser.
Em Família Submersa, a diretora e roteirista Maria Alché consegue representar delicada e melancolicamente o que é estar sozinho em meio ao caos e a multidão. Importante destacar também a magistral interpretação de Mercedes Morán, o trabalho de cenografia e o trabalho da diretora de fotografia Hélène Louvart, que consegue criar uma atmosfera simultaneamente fresca e asfixiante.
Sessões na Mostra:
INSTITUTO MOREIRA SALLES - PAULISTA - 18/10/18 - 19:50 - (Quinta)
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - AUGUSTA ANEXO - 19/10/18 - 17:40 - (Sexta)
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA - 26/10/18 - 19:15 - (Sexta)
ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA - FREI CANECA - 27/10/18 - 16:40 - (Sábado)
CINESALA - 28/10/18 - 14:00 - (Domingo)