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Ninguém Nunca Saberá: o machismo no México rural dos anos 70
Compra-me um Revólver: um conto nada encantado sobre ser garota em um México tomado pela violência
Conheça os vencedores dos Prêmios Platino 2019
Diablero leva folclore mexicano com qualidade para a Netflix
Foi aos 45 do segundo tempo de 2018 que a Netflix lançou uma de suas séries originais mais especiais e inusitadas do ano. Ambientada na Cidade do México, Diablero acompanha as peripécias de Elvis Infante (Horácio Garcia Rojas), conhecido como diablero, homem que ganha a vida “caçando” demônios, e de Ramiro Ventura (Christopher Von Uckermann), um jovem padre que precisa abrir mão da doutrina cristã para descobrir o paradeiro de uma garotinha sequestrada por forças sobrenaturais.
Tempo Compartilhado, um filme enigmático sobre férias estranhas
Dirigido por Sebastián Hoffman, o longa ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Sundance e tem marcado presença nas listas de melhores filmes mexicanos de 2018, ao lado de filmes como Museu e Roma.
Sua proposta temática é clara: denunciar a indústria turística, expondo como o capitalismo selvagem é capaz de nos alienar e angustiar até quando o assunto é descanso. Sua realização, por outro lado, recorre a abstrações diversas. Tempo Compartilhado é um projeto ambicioso e exige que o espectador esteja disposto a vivenciar a experiência, digamos.
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Museu, protagonizado por Gael García Bernal, discute o valor simbólico da arte
Roma: cinema latino-americano, protagonismo feminino e luta de classes
A Casa das Flores reinventa o dramalhão mexicano na Netflix
Associar o México às suas novelas melodramáticas -e conservadoras- é quase que automático em nosso imaginário popular. Há anos estamos acostumados a pensar no país como expoente intocável do gênero que consagrou novelas como A Usurpadora e Maria do Bairro. Contudo, na última sexta-feira (10) a Netflix lançou um respiro às convenções do gênero: =&0=&, série criada por Manolo Caro, chegou ao catálogo da plataforma com a enorme responsabilidade de trazer novos ares ao melodrama, sem perder os (jovens) fãs noveleiros.
Com 13 episódios (que rendem ganchos para uma nova temporada), a produção mexicana acompanha o cair das máscaras dos De la Mora, uma família de classe alta, cuja imagem exemplar de comercial de margarina é tão frágil quanto as pétalas das flores da floricultura da matriarca Virginia (Verónica Castro).
A trama começa quando a floricultura, negócio responsável por manter as tradições e o status da família De La Mora, vira palco de um trágico incidente. Roberta (Claudette Maillé), a amante do patriarca Ernesto (Arturo Rios), tira a própria vida no local, durante uma festa. A partir daí, a família passa a a fazer malabarismos para manter as aparências e, ao mesmo tempo, resolver seus perrengues e lidar com as novidades.
Os elementos de uma tradicional novela mexicana melodramática estão todos presentes na série; desde os exageros, confusões, conflitos de relacionamentos, segredos, traições e reviravoltas, até a teatralidade – expressa, principalmente, pela brilhante atuação de Cecília Suárez, a filha mais velha dos De la Mora. A novidade, entretanto, fica por conta da inserção de pautas que seguem sendo tabus no país, tais como machismo, transexualidade, bissexualidade, narcotráfico, vulnerabilidade infantil, racismo e até feminismo.
Mesmo assim, não espere uma série que trate desses assuntos com a seriedade tradicionalmente destinada a esse tipo de discussão. A Casa das Flores é uma comédia bastante afiada, e, como tal, usa de situações absurdas para confrontar ideias retrógradas, sem fornecer conteúdo mastigado ou soluções fáceis ao espectador. Por isso, todos os seus personagens são falhos. Todos fazem algo reprovável em algum momento. Não são personagens feitos para serem amados, mas são grandes e fundamentais para a dinâmica da narrativa.
Aqui, Manolo Caro se vale de um humor quase mórbido – que nasce da capacidade de nos fazer rir de nossa própria decadência enquanto sociedade – e de personagens com ares “Almodovarianos” (principalmente as mulheres, com suas personalidades bem demarcadas e existências que circulam entre cores, tragédia humana e força feminina), para confrontar os conservadorismos de folhetim. Assim, num primeiro momento, a trama pode parecer irresponsável, embora ela seja, na verdade, ácida e provocativa.
Em entrevista ao jornal El País, a atriz Cecilia Suárez apontou: “Me parece absurdo que possamos ver, às cinco da tarde, rifles e metralhadoras e que não vejamos um beijo entre dois homens ou duas mulheres. Permitimos a violência, mas não um ato amoroso”.
A Casa das Flores pode ser considerada, portanto, algo híbrido entre série e novela millennial (afinal, o que seria uma série senão uma novela millennial, não é mesmo?). Aliás, ao trazer Verónica Castro, o criador da série demonstra sua intenção de reinventar a novela mexicana sem perder sua essência. A atriz, que fez parte do elenco da popular Os Ricos Também Choram, é fundamental para estipular um diálogo entre o tradicional e o inovador.
Da mesma forma, a trilha sonora opera misturando jovens clássicos da música mexicana, como a canção Es Mejor Así, de Christian Castro, filho de Verónica, com música latina contemporânea, como Nuestra Canción, da banda colombiana Monsieur Periné.
Por tudo isso, é justo dizer: fãs de dramalhões mexicanos do mundo, uni-vos! A Casa das Flores chegou para dar um fim ao eterno dilema entre assistir a uma novela por gostar do gênero, mesmo sabendo que existem inúmeros problemas, ou não assistir à novela em questão e perder todas as emoções de um melodrama carismático.
=&1=& A novela mexicana no imaginário brasileiro
Leia também:
“Crítica: A Casa das Flores – 2ª Temporada”
13º Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo: saiba tudo o que vai rolar!
Nesta quarta (25), estreia a 13ª edição do Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. Desde 2006, o evento cultural exibe títulos brasileiros e de demais países latinos, de modo a incentivar a arte audiovisual de países vizinhos, em território nacional.
Produções inéditas – de lugares como Argentina, Colômbia, Cuba, México, Uruguai, Paraguai e Venezuela –, além de encontros, debates e seminários, farão parte da programação deste ano. Já quanto aos homenageados da vez, teremos o cineasta paulista Jeferson De (Bróder, O Amuleto), cuja cinematografia aborda a retratação de pessoas negras, e a atriz argentina Inés Efron (Medianeras: Buenos Aires da Era do Amor Virtual, XXY).
As sessões do festival dividem-se em Contemporâneos (que engloba estéticas e temáticas significativas das diferentes sociedades latinas); Contemporâneos Foco Chile (em parceria com o Ministério das Relações Exteriores do Chile);
Homenagem Inés Efron
Conheça os ganhadores da quinta edição do Prêmio Platino, o Oscar do cinema latino
Na noite de ontem (29) aconteceu a 5ª edição da cerimônia do Prêmio Platino do cinema Ibero-Americano (transmitida no Brasil pelo Canal Brasil). A premiação, que este ano foi sediada na Riviera Maya, México, é uma importante vitrine para divulgar as produções cinematográficas e televisivas da América Latina, Espanha e Portugal. A partir da lista de indicados podemos ter contato com parte do que há de melhor no cinema de países que são tão pouco contemplados pelas grandes premiações da indústria internacional.
Nesta edição, o Brasil concorreu em cinco categorias, mas apenas Renata Pinheiro saiu premiada por Melhor Direção de Arte pelo filme Zama. Em seu discurso, a brasileira falou em português, agradeceu a diretora Lucrecia Martel e pediu por Lula Livre, marcando a presença política do Brasil na premiação.
As outras indicações brasileiras foram: Melhor Música Original (para Plínio Profeta por O Filme da Minha Vida), Melhor Animação (para História Antes de Uma História e Lino – Uma Aventura de Sete Vidas), Prêmio Platino Ao Cinema e Educação em Valores (para Como Nossos Pais) e Melhor Interpretação Masculina em Minissérie ou Telessérie (para Júlio Andrade por Um Contra Todos).
Igualdade de gênero foi a pauta principal da quinta edição do Prêmio Platino, mas diferente do Oscar, o assunto não ficou restrito apenas ao discurso dos vencedores. Dentre as indicações, chamou atenção a quantidade de mulheres presente nas categorias. Dos dez indicados a Melhor Direção e Melhor Roteiro, cinco eram mulheres. Duas diretoras e três roteiristas.
Logo no início da noite, o apresentador Eugenio Derbez também fez questão de ressaltar que a estátua da premiação é uma mulher. Mais tarde, uma batalha de rappers (um mexicano e um espanhol), pediu pela união do cinema ibero-americano e pela revolução ibero-americana e feminista. Além disso, as categorias de Melhor Ator e Melhor Atriz (tanto de cinema, quanto de série de TV) foram apresentadas juntas, em nome da igualdade.
O grande vencedor da edição não surpreendeu ninguém, mas fez valer suas vitórias. Depois de levar o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Uma Mulher Fantástica, do chileno Sebastián Lelio, levou cinco dos noves prêmios em que foi indicado, incluindo Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Atriz, para Daniela Vega. A atriz aproveitou seu discurso para dizer que falar sobre o direito das mulheres é uma moda muito bonita, mas não passageira. Ela ainda pediu uma salva de palmas em homenagem às mulheres ibero-americanas.
Durante o evento, alguns outros discursos também chamaram atenção. O apresentador salientou a importância de pagar por obras latinas, como atitude de fomento à nossa indústria que já é tão desvalorizada. Já a atriz Adriana Barraza, conhecida por trabalhar com o diretor Alejandro G. Iñárritu em Amores Brutos e Babel, recebeu um prêmio de honra pelo conjunto de sua carreira e aproveitou para homenagear os três estudantes de cinema mexicanos que foram mortos pelo narcotráfico. Barranza ainda falou contra a violência e pediu para que o México cuide de suas crianças e de seu futuro.
A noite, que começou com um belo vídeo sobre a potência do cinema ibero-americano – com destaque para o ano de 2017, que produziu mais de 850 filmes, de 23 países – terminou com uma magnífica apresentação folclórica mexicana. Mesmo com sua jovem trajetória de cinco anos, o Prêmio Platino se consagra como evento essencial para a nossa indústria.
Confira a lista de indicados e ganhadores:
MELHOR FILME IBERO-AMERICANO DE FICÇÃO
A Cordilheira (Argentina, Espanha) – Disponível no Google Play
A Livraria (Espanha) – Disponível na Netflix
Últimos Dias em Havana ( Cuba, Espanha) – Disponível no Google Play
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Zama ( Argentina, Brasil, México, Portugal e Espanha) – Disponível no Google Play e Looke
MELHOR DIREÇÃO
Alex de la Iglesia por Perfeitos Desconhecidos (Espanha) – Disponível na Netflix
Fernando Pérez por Últimos Dias em Havana ( Cuba, Espanha)
Isabel Coixet por A Livraria (Espanha)
Lucrecia Martel por Zama ( Argentina, Brasil, México, Portugal e Espanha)
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MELHOR ROTEIRO
Carla Simón por Verão 1993 (Espanha) – Disponível no Google Play
Fernado Pérez e Abel Rodríguez por Últimos Dias em Havana (Cuba, Espanha)
Isabel Coixet por A Livraria (Espanha)
Lucrecia Martel por Zama ( Argentina, Brasil, México, Portugal e Espanha)
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MELHOR MÚSICA ORIGINAL
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