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[Entrevista] Juily Manghirmalani, co-diretora da paródia de ‘Vai Malandra’, fala sobre audiovisual, feminismo e YouTube
No vídeo, Maíra questiona padrões de comportamento de homens misóginos, junto de youtubers de canais muito influentes quando o assunto é militância online. Entre eles, temos Nátaly Neri, Alexandrismos, Canal das Bee, Diva Depressão e Lorelay Fox.
Com muito humor e coreografias divertidas, Sai Embuste reforça o espaço de ativismo que se formou no YouTube Brasil, e une um time de pessoas engajadas que se propõem a produzir conteúdo relevante para muita gente – principalmente ao público jovem, que tem trocado a TV pela internet. No dia de seu lançamento, a paródia de Maíra recebeu diversos elogios dos internautas pela qualidade e, em seis horas, já havia passado das 100 mil visualizações.
Hoje, o YouTube é uma das plataformas audiovisuais mais importantes do mundo, principalmente por proporcionar, gratuitamente, conteúdo irrestrito. Se antigamente o cinema e a TV assimilavam as pautas e debates da sociedade, agora eles não estão sozinhos nessa função. Além disso, a plataforma de vídeos possibilita algo inédito: pluralidade de vozes.
Para conversar sobre mulheres, audiovisual e YouTube, a diretora de Sai Embuste, Juily Manghirmalani, concedeu uma entrevista ao ‘Francamente’:
=&0=& Juily, você já dirigiu o curta Viver de Mim e, mais recentemente, o clipe Come To Brazil, da drag queen Alaska Thunderfuck, e Sai Embuste, de Maíra Medeiros. Como foi trabalhar nesses três projetos e quais as principais diferenças entre estar envolvida com um curta, um clipe internacional e um conteúdo original para o YouTube?
=&1=&Todas as três experiências foram incríveis e intensas. Digo dessa forma pois exigiram muito apego e energia, e geraram amadurecimento profissional e pessoal durante a realização. No caso do Viver de Mim, produzimos pelo Coletivo Lumika e tínhamos algumas cabeças envolvidas na criação. Tentamos dar um maior tempo à pesquisa, pré-produção e montagem, para que acompanhasse o processo de compreensão da própria temática na equipe, que era majoritariamente composta por mulheres. O desafio de transpor à imagem a questão do que é “ser mulher na nossa sociedade” é, por si só, bem complicado e desafiador. Tivemos alguns encontros para discutir isso entre nós e depois também nas entrevistas com as personagens. É um daqueles projetos que, por mais que você imagine o que quer dele, a resposta vai além da direção. Ela vem de fora, e é com isso que nós estávamos trabalhando, com uma compreensão de mundo que passa por nossas questões epistemológicas e técnicas, mas que vai muito além. Creio que esse filme possua camadas diferentes de leitura e compreensão, tanto quanto a influência dele em nossas vidas.
O Come to Brazil foi dirigido por mim e pelo Luiz Guilherme Moura, e foi um clipe muito interessante de ser feito. Era um trabalho de entender a visão da artista e da sua equipe sobre a nossa cultura, somado ao nosso próprio repertório. Como a arte drag tem sua pegada política e a Alaska é muito consciente, houve muita preocupação sobre como filmar as cenas e como falar do Brasil no clipe, já que a música em si é mais cômica em ode aos fãs brasileiros do que uma busca por representação real.
Já o Sai Embuste (também dirigindo pelo Gui [Moura] e eu) caiu no nosso colo de forma inusitada e, em menos de dez dias, já estava gravado e editado. Como o assunto é muito próximo do meu universo de militância, e a Maíra é uma artista aberta a sugestões e ao diálogo, foi muito fácil imaginar esse clipe e trazê-lo ao formato final que esperávamos.
As maiores diferenças entre os formatos são: em um curta, você precisa formatar a obra em uma narrativa de começo, meio e fim. O Viver de Mim possui 24 minutos e é um documentário, então existe o momento de apresentação da temática e das personagens através da montagem de falas, e há o tempo de desenvolvimento maior, característico do formato. A proposta é reflexiva e de imersão, o que contribui em ter mais tempo de discussão em tela. Já clipes musicais possuem outra premissa, são rápidos e diretos, pois trabalhamos em cima do tempo da música e em um ritmo já dado. Ambos os clipes tinham uma pegada de comédia, então o próprio gênero também já estava pré-definido. No clipe internacional, houve questões diferentes no quesito “compreensão de mundo”.
Ao trabalhar com uma equipe de fora, tivemos que lidar com diferentes idiomas, intenções narrativas e a forma de falar do Brasil, (para) que tanto o público nacional e internacional pudessem entender e gostar. Sugerimos pontos de comédia no clipe focados no público brasileiro, sabendo que teríamos também que brincar com o imaginário de Brasil que os turistas possuem (praia, carnaval, futebol). Foi super interessante! O Sai Embuste, por ser conteúdo para YouTube, feito por uma youtuber, tinha realmente outros pontos envolvidos: a importância da visualização (por isso de colocar apenas youtubers, todos amigos e conhecidos da Má [Medeiros]) e a interação de público; algo a ser sempre pensado. Produções assim costumam ser frenéticas e de rápida realização. A Maíra nos contatou uma semana antes, já com a locação fechada. Trabalhamos em cima da música e fomos gravar na cara e na coragem. Trabalhar com vídeos no YouTube é saber também lidar com os imprevistos e tirar daquilo o melhor possível, pois inclusive essa falta de controle do universo ao redor faz parte da estética youtuber. Diferente das duas obras anteriores.
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