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La Casa de Papel: a série espanhola que conquistou os brasileiros
La Casa de Papel chegou tímida ao catálogo da Netflix no final de dezembro de 2017 e, depois de algumas semanas, caiu nas graças do público brasileiro. Foi do boca-a-boca entre espectadores entusiasmados que surgiu a popularidade da série espanhola – criada pelo canal Antena 3 –, um fenômeno raro quando se trata de séries de língua não-inglesa.
Na trama, o enigmático Professor (Álvaro Morte) recruta e treina um grupo de oito pessoas que, juntas, cometem um crime épico e aparentemente perfeito: eles assaltam a Casa da Moeda espanhola. Mas não se trata de um assalto qualquer. O Professor não planeja ser a mente brilhante que vai roubar uma quantia em dinheiro que já existe, ele quer fabricá-la.
Para isso, o plano exige que o time de ladrões – vestidos com os já emblemáticos macacões vermelhos e máscaras do pintor surrealista Salvador Dalí – permaneça cerca de 12 dias na Casa da Moeda, imprimindo novas cédulas de dinheiro sem parar e com a ajuda dos funcionários, que são mantidos como reféns.
Controlando o assalto à distância, o Professor parece ter absolutamente tudo sob controle, desde as possíveis reações dos reféns, até toda e qualquer atitude que possa ser tomada pela polícia, liderada pela inspetora Raquel Murillo (Itziar Ituño).
Mas o que fez uma série espanhola causar tanto burburinho no Brasil? A temática, sem dúvidas, é um ponto forte. Séries policiais costumam agradar por se tratar de um formato familiar, independente da nacionalidade. No entanto, La Casa de Papel ousa, desafiando seu próprio formato ao contar também com boas doses de melodrama e ao trazer assuntos atuais para a narrativa. E essa ousadia é o grande acerto da produção.
Existem dois tipos de séries policiais: aquelas que fazem o público torcer para a polícia e aquelas em que, pelos mais variados motivos, a torcida vai para o ladrão. Neste caso, o público passa cada episódio em uma montanha-russa de sentimentos. Em questão de minutos, sua torcida pode mudar de lado. E, por mais que tenhamos o hábito de rejeitar o melodrama, essa série jamais seria como é se não fosse por esse recurso tão bem utilizado.
Sem as subtramas de cada personagem ou das relações questionáveis e aparentemente “forçadas”, não nos envolveríamos emocionalmente a ponto de sentirmos uma certa ansiedade no decorrer dos episódios, ou de termos que lidar com a sensação de não saber para quem torcer. Em La Casa de Papel não existem clássicos vilões ou clássicos mocinhos. Ambos erram e acertam, e você provavelmente vai se desesperar e passar nervoso a cada erro da polícia ou dos assaltantes, na mesma proporção em que vai vibrar por cada acerto de ambas as partes.