O cavalo mais politicamente incorreto e amado da Netflix está de volta. Em sua quinta temporada, liberada na plataforma de streaming no último dia 14, BoJack Horseman faz jus àquilo que já vinha apresentando: uma animação adulta de altíssima qualidade.
Engajado em um novo projeto, Horseman (Will Arnett) – pasmem – nunca esteve mais confuso. Isso, porque o estúdio de uma nova série de televisão, na qual o cavalo é o protagonista, fora inspirado integralmente em sua casa da vida real. Assim, a sala icônica com o sofá destruído, a bancada da cozinha, a enorme suíte e a varanda que já fora cenário de inúmeras festas de arromba, compõem, também, a residência de seu personagem: um detetive egocêntrico e bastante clichê.
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A proposta do programa – da Netflix – fora pensada, principalmente, para confundir a quem os assiste. Enquanto BoJack encontra-se perdido em ambientes e histórias totalmente correspondentes, nós, seus espectadores, também batalhamos para discernir o que é a realidade e o que é a ficção (daquele universo).
Fantasmas antigos retornam ao centro da trama, quando Diane (Alison Brie), agora separada do Sr. Peanutbutter (Paul F. Tompkins), descobre um segredo polêmico do cavalo deprimido. A amizade entre ambos, aliás, parece mais forte, à medida em que nós tentamos prever aonde a relação – cada vez mais – íntima de Diane e BoJack parece os levar. Já a humana, por sua vez, tem de lidar não só com o divórcio, mas com a nova namorada do ex-marido, uma Pug vinte anos mais nova do que o quarentão “com Síndrome de Peter Pan”.
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Enquanto isso, a workaholic Princesa Carolyn (Amy Sedaris) tenta bancar, como sempre, o agenciamento – ou seria o empresariamento? – de BoJack, e a relação com o novo “colega de sofá”, Todd (Aaron Paul). A expressão “tentar bancar”, aliás, seria bastante apropriada aos personagens de BoJack Horseman. Mesmo que a série retrate figuras extremamente privilegiadas (com dinheiro, reconhecimento público e tudo o mais), a infelicidade e as dificuldades mundanas de cada uma delas é o que torna o programa tão fascinante.
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E, como era de se esperar, isso não é diminuído nem um pouco na nova temporada. Muito pelo contrário, no entanto, a ousadia de seus produtores é frisada como nunca, quando BoJack faz um longo e triste monólogo por um episódio inteiro, por exemplo; quando a terapeuta de Diane conta o caso de um paciente para sua esposa, usando alegorias como uma zebra, para se referir ao cavalo; ou no episódio em que BoJack – sempre dopado de remédios – leva ao máximo a sua incapacidade de dissociação da fantasia.
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Além disso, os momentos cômicos se equilibram muito bem com o drama da série. O episódio em que Todd vai conhecer a família de sua namorada chega à bizarrice, mas é muito divertido de se acompanhar. As desventuras do Labrador Sr. Peanutbutter também ajudam no tom leve da trama. E a busca de Princesa Carolyn por sua maternidade traz algum suspense à temporada, que se sustenta não somente em cima de dramas e contemplações da vida.
Felizmente, e para a nossa sorte, BoJack Horseman parece não fraquejar em qualidade – diante de tantas outras produções da Netflix que lutam para se manter boas. Enquanto esperamos pela sexta temporada, nos resta dar o replay quantas vezes forem necessárias, até estarmos saciados do cavalo-ator.
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Ficha técnica
Criação: Raphael Bob-Waksberg
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Will Arnett, Amy Sedaris, Alison Brie, Aaron Paul
Gênero: Animação, Comédia, Drama
Distribuição: Netflix
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