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Desventuras em Série: 5 motivos para assistir à sua terceira (e última) temporada
Se você ainda não assistiu à terceira e última temporada de Desventuras em Série, da Netflix, nós te contamos por que você deveria dar o play neste instante. Inspirada na série de livros do americano Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler), o final do programa de TV chegou à plataforma de streaming no dia 1 de janeiro. Abaixo, você confere 5 motivos que fazem a série digna da sua atenção!
Steampunk: um subgênero que merece mais atenção
O steampunk é um subgênero de ficção científica, que ambienta alguns romances literários e obras audiovisuais. “Steam” é uma palavra em inglês que, traduzida para a nossa língua, significa “vapor”. Já punk; referente ao movimento social de contra-cultura da segunda metade do século XX; pode ser associado a outro subgênero: o cyberpunk.
Este último, normalmente, caracteriza histórias ambientadas em realidades distópicas e futuristas, nas quais uma tecnologia extremamente avançada – e, por ora, fictícia – é inerente ao modo de vida de suas populações. Pela lógica, o steampunk é, nada menos do que, uma realidade na qual a tecnologia a vapor impera vigorosamente. Na verdade, somam-se a isso épocas passadas e um progresso científico surreal.
ORIGEM
Ou seja, dentro do subgênero em questão, os personagens vivem em séculos passados da Idade Contemporânea – principalmente na era vitoriana –, mas em espaços onde os paradigmas tecnológicos dos últimos quarenta ou cinquenta anos ocorreram previamente na História (fictícia). O primeiro autor, de que se tem notícia, a ter escrito obras de steampunk é o célebre Júlio Verne (com Vinte Mil Léguas Submarinas, Viagem ao Centro da Terra e A Volta ao Mundo em Oitenta Dias). Mas, pudemos identificar estes romances como pertencentes ao subgênero somente recentemente.
Um outro livro que, este sim, é considerado o primeiro divulgador do steampunk é A Máquina Diferencial, de William Gibson e Bruce Sterling, publicado em 1990. Nas últimas três décadas, com a produção de audiovisuais intensificada significativamente, o subgênero apareceu com maior frequência nos cinemas.
Você já deve ter visto, pelo menos, um filme dentro do estilo steampunk; com máquinas feitas com materiais rudimentares, mas com alta capacidade tecnológica; personagens com vestimentas do século XIX, e com acessórios atuais, como tênis ou costuras que lembram nossas roupas contemporâneas; transportes historicamente descontextualizados; e demais referências a épocas futuras, “embaralhadas” na linha do tempo.
HUGO E DESVENTURAS
Um ótimo exemplo de longa-metragem steampunk é
A Invenção de Hugo Cabret
Crítica: Desventuras em Série – 2ª temporada
Na última sexta (30), a segunda temporada de Desventuras em Série estreou na Netflix. Inspirada na série de livros do americano Lemony Snicket (pseudônimo de Daniel Handler), a primeira temporada do programa de TV foi baseada nas quatro primeiras histórias dos irmãos Baudelaire: Mau Começo, A Sala dos Répteis, O Lago das Sanguessugas e A Serraria Baixo-Astral.
Seguindo a lógica da temporada anterior, na qual, a cada dois episódios, um novo livro era introduzido, a segunda temporada (de dez episódios), explora as continuações seguintes da série literária. Inferno no Colégio Interno, O Elevador Ersatz, A Cidade Sinistra dos Corvos, O Hospital Hostil e O Espetáculo Carnívoro são as cinco obras e capítulos da série adaptada desta vez.
Violet (Malina Weissman), Klaus (Louis Haynes) e Sunny (Presley Smith) iniciam mais uma jornada, do mesmo ponto em que pararam na temporada anterior: como novos alunos da Academia Prufrock – um colégio interno tão duvidoso e hostil quanto praticamente todos os outros lugares que os irmãos Baudelaire habitaram, desde que seus pais morreram.
Lá, eles conhecem desde figuras altamente egocêntricas e problemáticas, como o Vice-Diretor Nero (Roger Bart) e a menina Carmelita Spats (Kitana Turnbull), até seres extremamente agradáveis, como a bibliotecária da Prufrock (Sara Rue), e Duncan (Dylan Kingwell) e Isadora (Avi Lake) Quagmire – os dois irmãos remanescentes do incêndio que matou seus pais e irmão gêmeo, Quigley, na temporada passada. Neil Patrick Harris retorna ao papel do vilão Conde Olaf, um homem inescrupuloso e que deseja roubar a fortuna dos Baudelaire, assim como K. Todd Freeman (o Sr. Poe), Patrick Warburton (o narrador Lemony Snicket) e Sara Canning (a secretária Jacquelyn) em seus papéis usuais.
Dessa forma, os três órfãos vivem novas desventuras, como presenciar o sequestro dos irmãos Quagmire duas vezes; conhecer a ambiciosa Esmé Squalor (interpretada perfeitamente por Lucy Punch); descer por um fosso de dezenas de andares em um balão; serem sentenciados à morte injustamente; viver clandestinamente em um hospital bizarro, e se disfarçar em um circo dos horrores.
Outros personagens relevantes passam pelo destino dos Baudelaire ao longo desta temporada – como Jerome Squalor (o marido de Esmé, vivido por Tony Hale), Hector (um dos novos tutores dos órfãos, interpretado por Ithamar Enriquez), Hal (um amigo do Hospital Heimlich, encarnado em David Alan Grier) e Jacques Snicket (o irmão de Lemony, atuado por Nathan Fillion).
A maior qualidade da série é o equilíbrio do humor ácido com a tragédia. Afinal, por ser um programa infanto-juvenil, Desventuras em Série não poderia falar sobre assassinato, depressão e separação de forma totalmente didática. Mas, esse mérito vem, na verdade, desde a primeira temporada. Agora, o clima de amadurecimento, tanto dos personagens como do enredo central, demarca uma certa passagem de tempo e o desenvolvimento emocional das crianças.
Há algumas piadas com o fato de Presley Smith, a intérprete da caçula Sunny, não ser mais lida como bebê, mas sim como uma pequena criança (devido ao crescimento de sua estatura e esperteza). Percebemos todos os Baudelaire, aliás, mais sagazes e astutos, desta vez. Os cenários estão mais detalhistas e completos também – considerando que, dos quatro livros adaptados para a primeira temporada, a Netflix teve de lidar com o desafio de refazer a releitura do visual dos três primeiros para as telas; já que, em Desventuras em Série (filme de 2004), Mau Começo, A Sala dos Répteis e O Lago das Sanguessugas já haviam sido adaptados.
O design de arte e os figurinos continuam impecáveis, tais como as atuações. Talvez, A Cidade Sinistra dos Corvos seja o “volume” (como é chamado na série) mais arrastado e desinteressante da temporada. O Elevador Ersatz, O Hospital Hostil e O Espetáculo Carnívoro são muito divertidos, e fazem jus ao caráter sombrio e gótico da história de Snicket. Além do que, no final da temporada, temos revelações realmente bombásticas.
A segunda temporada de Desventuras em Série dificilmente decepcionará os fãs dos livros originais. Portanto, não siga o conselho do irônico tema de abertura (“desvie o olhar, desvie o olhar!“), e assista a esse programa inusitado. É possível que você não se arrependa, no final das contas.
Ficha técnica
Criação: Barry Sonnenfeld
País: EUA
Ano: 2018
Elenco: Neil Patrick Harris, Patrick Warburton, Melina Weissman, Louis Hynes
Gênero: Aventura, Drama, Fantasia
Distribuição: Netflix