3 animações brasileiras que você não pode deixar de ver

Em 2016, o Brasil ganhou visibilidade internacional com a indicação de O Menino e o Mundo, de Alê Abreu, ao Oscar de Melhor Filme de Animação. Na ocasião, o filme brasileiro concorreu com Anomalisa, Divertida Mente, Shaun, o carneiro e As Memórias de Marnie.

Apesar de ter perdido o prêmio para Divertida Mente, produção milionária da Pixar, o sucesso, criatividade e sensibilidade artística da animação sobre o garoto que sai para desbravar um mundo cheio de belezas e desigualdades foi essencial para provar que o Brasil é uma potência no cinema.

Pensando nisso, elaboramos uma lista com três filmes brasileiros essenciais para quem quer conhecer mais da animação nacional.

 

UMA HISTÓRIA DE AMOR E FÚRIA

Escrita e dirigida por Luiz Bolognesi (Ex-Pajé), Uma História de Amor e Fúria (2013) acompanha a trajetória de lutas do guerreiro indígena imortal Abeguar (Selton Mello) e da mulher por quem ele é apaixonado, Janaína (Camila Pitanga).

A história de Abeguar, que vive há 600 anos combatendo o espírito do mal Anhangá  em busca das reencarnações de Janaína, é diretamente relacionada com quatro períodos históricos brasileiros: o do Brasil indígena (época da colonização), a Revolta da Balaiada, a resistência à ditadura civil-militar de 1964 e um futuro distópico no qual a água é escassa e símbolo de status social.

Em todos esses períodos Abeguar e Janaína representam os grupos oprimidos, enquanto Anhangá representa os poderes opressivos. Assim, a animação de Bolognesi se torna formidável não apenas por seus aspectos técnicos de qualidade, sua temática ou pela criatividade da narrativa, mas também por ser uma material rico, que registra o Brasil – e sua dinâmica de conflitos sociais – a partir do olhar daqueles que com frequência são invisibilizados, ignorados e silenciados pelos registros tradicionais.

Somente através de uma animação Bolognesi conseguiria percorrer seis séculos de história brasileira – incluindo sua projeção de 2096 – com tanta fluidez e informação.

(Fonte: AmoreFuriaofilme / YouTube)

 

HISTORIETAS ASSOMBRADAS – O FILME

Em Historietas Assombradas (para crianças malcriadas), Victor Hugo Borges leva às telas do cinema seus personagens da série de animação homônima exibida, desde 2013, pelo canal Cartoon Network.

Tal como a série, o filme mistura elementos de terror – como seus personagens monstrinhos coloridos, de formas nem sempre humanas e de personalidades geniosas – com pitadas de comédia, aventura, mistérios, fantasia e drama para contar a história da origem de Pepe, um dos personagens do programa de TV.

Pepe é um garoto de 12 anos que foi criado pela avó, uma bruxa-empresária. Ao descobrir que é adotado e que seus pais estão vivos ele parte em uma atrapalhada jornada para encontrá-los. Junto de seus amigos, Pepe enfrenta o vilão Edmundo.

Enquanto tenta vencer o mal, solucionar o mistério do paradeiro dos pais e o sequestro de sua avó, o jovem monstrengo de cabelos cor-de-rosa precisa refletir sobre suas prioridades.

Historietas Assombradas entra na nossa lista por ser uma animação divertida, despretensiosa, cheia de aventuras e por possuir um universo todo próprio. Com certeza o filme funciona bem como porta de entrada para quem tem interesse na série de TV ou para quem deseja conhecer outros gêneros e estéticas da animação brasileira.

*Disponível para aluguel no Google Play .

(Fonte: Vitrine Filmes/ YouTube)

 

ATÉ QUE  A SBÓRNIA NOS SEPARE

Até Que a Sbórnia nos Separe sofre da infelicidade de ser uma animação de difícil acesso. Ela estreou em 2014 em pouquíssimos lugares, ficou pouco tempo em cartaz e desapareceu. Uma pena, porque trata-se de um filme verdadeiramente encantador.

Nele, somos apresentados à Sbórnia, um pequeno país isolado do resto do mundo por um imenso muro que o separa dos vizinhos. Uma espécie de ilha separada do Brasil. Ali, os sbórnianos vivem conforme suas próprias leis e tradições.

Quando o muro desaba por acidente, dois músicos locais, Kraunus (Hique Gomez) e Pletskaya (Nico Nicolaiewsky), sentem na pele a divisão da sociedade entre aqueles que passam a adotar o modo de vida estrangeiro do mundo exterior e aqueles que se apegam aos costumes, tentando fazê-los sobreviver.

O longa é baseado no espetáculo de teatro musical Tangos & Tragédias, criado por  Hique Gomez e Nico Nicolaiewsky e apresentado pela dupla por por mais de duas décadas, em Porto Alegre.

Seus traços, cores e estilo fazem lembrar a animação francesa Abril e o Mundo Extraordinário, mas é no enredo que a produção se engrandece mais ainda. Com humor trágico e refinado, a obra trata de temas importantes como imperialismo, colonização e selvageria do capitalismo .

Apesar de difícil de ser encontrada, Até Que a Sbórnia nos Separe é com certeza uma das animações brasileiras mais preciosas e emocionantes.

(Fonte: Até que a Sbórnia / YouTube)

 

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