“Pelo medo de não pertencer, eu inventei um lugar para mim mesma. Para que eu pertencesse, pelo menos, a mim. Um lugar que me coubesse. Mas também é temporário, não quer dizer que vou caber aqui para sempre”. É assim que Linn da Quebrada explica ao espectador o significado de Bixa Travesty, título do documentário que registra a trajetória de seu corpo político.
Linn, negra e trans, nasceu na periferia da zona leste da cidade de São Paulo. Aos 29 anos é cantora, performer, atriz (no ar com a série Segunda Chamada, da Rede Globo) e apresentadora do programa de entrevistas TransMissão, no Canal Brasil. É ela também quem assina, ao lado dos diretores Claudia Priscilla e Kiko Goifman, o roteiro de Bixa Travesty.
O FILME
Como numa espécie de manifesto audiovisual (auto)biográfico, o filme permite que a artista determine como – estética e narrativamente falando – deseja compartilhar suas experiências e pensamentos.
Tão singular e performático como a protagonista e premiado com o Teddy Award de Melhor Documentário no Festival de Berlim, o longa invoca discussões sobre afeto, sexualidade, identidade, corpos, trabalho, direito à cidade e criatividade a partir de fluxos de construção de sentido e questionamentos sobre o que é socialmente e compulsoriamente dado como certo.
A criação do lugar bixa travesti nada mais é, afinal, do que uma construção de sentido desenvolvida por Linn para contornar um “não-lugar” imposto aos que não se identificam com estereótipos de feminino e masculino, homem e mulher. E esse lugar está em constante construção. Ser e estar são condições fluidas para a protagonista; tão fluidas quanto combativas e reivindicadoras de legitimidade para a diversidade do existir.
Cabe aos diretores, então, a tarefa de costurar o discurso militante, potente e único de Linn com o ritmo e as letras de suas músicas, imagens de seus shows, dos bastidores de seus trabalhos, da poesia (por vezes corrosiva) de seu corpo e alma e de seu cotidiano com amigos e família. Numa abordagem bastante autêntica, Bixa Travesty nos apresenta a vida e a obra de Linn da Quebrada, uma das artistas LGBTQs mais icônicas e impressionantes do Brasil contemporâneo.
SERVIÇO:
Com produção do Canal Brasil e distribuição da Spcine e da Arteplex Filmes, Bixa Travesty entra em cartaz no dia 21 de novembro em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Brasília, Curitiba. Os ingressos para assistir ao longa terão valor promocional enquanto o filme ficar em cartaz: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia).
No dia 21, haverá sessões com debates nas principais capitais: Claudia Priscilla, Kiko Goifman e Linn da Quebrada falam em São Paulo, Indianare Siqueira e Leonardo Peçanha conversam com o público no Rio de Janeiro, Letícia Lanz e Cesar Almeida em Curitiba, Symmy Larrat e Thiffany Odara em Salvador e Amara Moira e Anna Tulie em Brasília. Nesse mesmo dia, o longa também será exibido no CEU Aricanduva, no CEU Butantã, no CEU Caminho do Mar, no CEU Jaçanã, no CEU Perus, no CEU Quinta do Sol e no CEU Vila Atlântica com entrada franca.
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Ficha técnica
Direção: Claudia Priscilla e Kiko Goifman
Duração: 1h15
País: Brasil
Ano: 2018
Elenco: Linn da Quebrada, Jup do Bairro, Liniker e As Bahias e a Cozinha Mineira.
Gênero: Documentário
Distribuição: Spcine e Arteplex Filmes
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