Categoria: CINEMA NACIONAL
Eu Sou Mais Eu, novo trabalho de Kéfera no cinema, repete fórmula de É Fada!
Em 2016, Kéfera estreava como atriz de cinema com o longa É Fada!, interpretando Geraldine, uma fada atrapalhada designada a ajudar a jovem Luna (Klara Castanho) com seus problemas de autoconfiança e com o bullying que sofria no colégio. Agora, em 2019, algo bastante semelhante acontece no novo trabalho cinematográfico de Kéfera, Eu Sou Mais Eu, filme dirigido por Pedro Amorim.
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O Quebra Cabeça de Tarik
Piripkura e o destino dos povos originários no Brasil de Jair Bolsonaro
O ano de 2018 foi particularmente especial para a produção nacional de “documentários-denúncia” sobre conflitos contemporâneos nocivos aos povos indígenas brasileiros. Tivemos Ex-Pajé denunciando o avanço (e massacre) da evangelização compulsória sobre a cultura ancestral do povo Paiter Suruí; Como Fotografei os Yanomami, expondo o tratamento preconceituoso dado pelos agentes de saúde governamentais ao povo Yanomami; e Piripkura, filme que acompanha um pouco do trabalho de agentes da Fundação Nacional do Índio (Funai), evidenciando a importância da demarcação de terras e os danos irreversíveis já causados pelo Estado (ou por omissão dele) a essas comunidades.
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Os melhores filmes nacionais de 2018
Num ano tão complicado e de tanta violência contra a diversidade, filmes queer, como Tinta Bruta, representaram a resistência do audiovisual brasileiro com louvor no exterior. Documentários também levaram às grandes telas as mazelas do país. O Processo acompanhou a trajetória do golpe parlamentar que derrubou a Presidenta Dilma Rousseff; Ex-Pajé, Como Fotografei os Yanomami e Piripkura se encarregaram de fazer competentes e diversos registros sobre os povos originários brasileiros e seus conflitos contemporâneos.
Também tivemos a grande oportunidade de vermos duas diretoras negras conseguirem chegar com seus filmes ao circuito comercial depois de mais de 30 anos de hiato – antes delas, apenas Adélia Sampaio havia lançado um longa-metragem no circuito comercial, em 1984. Na ficção, Glenda Nicácio dividiu a direção com Ary Rosa e lançou o afetuoso Café com Canela. No documentário, Camila de Morais estreou O Caso do Homem Errado.
Ainda sofremos de gravíssimos problemas de representatividade e distribuição – e tempos difíceis chegarão para a cultura -, mas 2018 foi um ano que demonstrou que é possível avançar. Abaixo, deixamos listados 6 filmes que estrearam neste ano e que acreditamos que você não pode deixar de ver:
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Arábia, dirigido por Affonso Uchoa e João Dumans, estreou logo no começo do ano, em abril. É bem possível que, de lá para cá, muita gente tenha se esquecido de seu lançamento. Mas Arábia foi uma das produções nacionais mais importantes do período e não merece cair no esquecimento.
Vencedor do Festival de Brasília de 2017, o longa conta a história de Cristiano (Aristides de Sousa), operário de uma fábrica de alumínio que morre repentinamente, deixando um diário sobre sua trajetória.
É a partir desse diário que o trabalhador ganha voz e pode, finalmente, contar sua própria história; a história de uma jornada que representa a de tantos outros brasileiros. Cristiano é a representação da classe trabalhadora que se submete a trabalhos insalubres e semi escravos para sobreviver. Trata-se de um homem marginalizado e sem perspectiva. Alguém que até pensa sobre seu lugar no mundo, mas que não encontra meios de mudar a relação trabalho e indivíduo a que foi condenado.
Leia a crítica de Arábia aqui.
Trailer de Arábia (Fonte: International Film Festival Rotterdam / YouTube)
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Benzinho chegou a ser considerado forte candidato para representar o Brasil no Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro. A indicação acabou não acontecendo, mas isso não é motivo para deixarmos passar um filme tão intimista, terno e sensível.
Na trama, acompanhamos uma espécie de processo de luto de Irene (Karine Teles), mãe dedicada de 4 filhos que vê seu mundo virar de cabeça para baixo quando o filho mais velho é convidado para estudar e jogar handebol na Alemanha.
A protagonista passa por várias fases “de aceitação” em relação a partida do primogênito. Apegada, ela começa pela negação e chega até a passar pela raiva.
Enquanto vivencia todos esses sentimentos, Irene precisa encarar os desafios de ter um emprego informal que não lhe garante segurança financeira, viver numa casa que precisa de reformas urgentes, terminar de estudar, cuidar dos outros três filhos e ainda acolher a irmã que tenta se esquivar de um relacionamento abusivo.
Em Benzinho, Karine Teles nos entrega uma das personagens femininas mais especiais do ano.
Leia a crítica de Benzinho aqui.
Trailer de Benzinho (Fonte: Vitrine Filmes / YouTube)
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Café com Canela é das obras mais apaixonantes de 2018. Assim como Benzinho, o longa dirigido por Ary Rosa e Glenda Nicácio exala afetividade e emociona.
Aqui, presenciamos o reencontro de Margarida (Valdinéia Soriano) e Violeta (Aline Brunne). Margarida foi professora de Violeta e, há anos, isolou-se da sociedade. Certo dia, Violeta bate na porta de Margarida por força do destino e, apesar de passar por suas próprias dificuldades, fica determinada a recuperar o encanto da ex-professora pela vida.
O longa possui uma estética muito particular e adota elementos quase fantásticos para inserir certa poesia e ancestralidade no cotidiano de suas protagonistas.
Protagonizado e dirigido por mulheres negras, Café com Canela age quase como uma invocação do senso de comunidade que há dentro de nós, além de ser obra fundamental para a diversidade do cinema brasileiro contemporâneo.
Leia a crítica de Café com Canela aqui.
Trailer de Café com Canela (Fonte: Arco Audiovisual / YouTube)
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Como que por ironia do destino, Ex-Pajé, de Luiz Bolognesi, estreou em circuito comercial pouco depois do lançamento de “Nada a Perder”, a cinebiografia do Bispo Edir Macedo. A Ironia se dá porque o documentário de Bolognesi serve justamente como contranarrativa ao grandioso filme religioso do dono da Record TV e da Igreja Universal.
Enquanto “Nada a Perder” narra a trajetória de Edir Macedo como se este fosse um herói nacional, Ex-Pajé denuncia o etnocídio (extermínio de uma cultura) causado pelo avanço da religião evangélica nas aldeias indígenas do Brasil.
O foco do documentário é a comunidade nativa Pater Saruí, onde um Pajé perdeu sua função social na tribo por conta da chegada de pastores. Por ter suas crenças tachadas de demoníacas, o homem deixou sua posição de líder religioso e foi reduzido a um simples funcionário do lugar onde os cultos evangélicos são ministrados na aldeia. É assim que a ancestralidade dos povos originários brasileiros segue sendo criminalizada e exterminada desde a colonização.
Leia a crítica de Ex-Pajé aqui
Trailer de Ex-Pajé (Fonte: Ex-Pajé Filme / YouTube)
AS BOAS MANEIRAS
Em 2018, os diretores Juliana Rojas e Marco Dutra nos presentearam com um filme de lobisomem para chamar de nosso. Um filme contemporâneo, com forte protagonismo feminino, bons efeitos especiais e um jeitinho todo seu de tratar a maternidade.
Na trama, Ana (Marjorie Estiano), contrata a babá Clara (Isabél Zuaa) para cuidar de seu filho que ainda não nasceu. Conforme a gravidez avança, Clara percebe que alguma coisa está errada com o bebê, que mesmo antes de nascer já causa comportamentos estranhos na mãe – principalmente em noites de lua cheia.
As duas protagonistas representam opostos. Uma é negra, a outra é branca. Uma vem de família rica da zona rural, outra vive na periferia de São Paulo. Em comum, as duas têm a solidão e o encontro com o sobrenatural.
Com tom de fábula moderna e repleto de elementos clássicos de terror, As Boas Maneiras consegue ser impressionante por transitar com maestria entre gêneros (musical, conto de fadas, animação, horror, fantasia) e por contar uma história assombrosamente encantadora sobre maternidade e tolerância.
Leia a crítica de
As Boas Maneiras aqui.
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Sócrates, a história solitária de um jovem negro e homossexual que representará o Brasil no Spirit Award 2019
Depois de perder a mãe repentinamente, o jovem Sócrates (Christian Malheiros), de 15 anos, precisa enfrentar um luto solitário e sobreviver por conta própria. O garoto, negro, homossexual e morador da periferia da Baixada Santista, litoral de São Paulo, tinha a mãe como sua única família. Ao perdê-la, se vê sem ter idade para arrumar um emprego e correndo o risco de ter que viver em um abrigo ou com um pai que despreza.