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Diablero leva folclore mexicano com qualidade para a Netflix
Foi aos 45 do segundo tempo de 2018 que a Netflix lançou uma de suas séries originais mais especiais e inusitadas do ano. Ambientada na Cidade do México, Diablero acompanha as peripécias de Elvis Infante (Horácio Garcia Rojas), conhecido como diablero, homem que ganha a vida “caçando” demônios, e de Ramiro Ventura (Christopher Von Uckermann), um jovem padre que precisa abrir mão da doutrina cristã para descobrir o paradeiro de uma garotinha sequestrada por forças sobrenaturais.
Elite, da Netflix, estreia com atores de La Casa de Papel, conflitos adolescentes e um assassinato
Quando a Netflix liberou o primeiro trailer da série espanhola Elite, no dia 10 de setembro, algumas coisas chamaram a atenção e geraram um certo hype em relação à produção, entre elas: a história ambientada num colégio para ricos, onde os alunos usam uniformes que lembram os usados na telenovela teen mexicana Rebelde, e o elenco formado por alguns dos atores do fenômeno La Casa de Papel.
A propaganda realizada pela plataforma de streaming foi pesada e se espalhou até pelas ruas e pelas estações de metrô. O marketing da Netflix não desprezou as comparações entre Elite e outras produções, preparando materiais de campanha onde os atores principais apareciam instigando o público a assistir à série para descobrir se essas comparações fazem sentido ou não.
Na trama, a rotina do colégio particular Las Encinas é abalada com a chegada de três jovens bolsistas: Samuel (Itzan Escamilla), Nadia (Mina El Hammani) e Christian (Miguel Herrán). O colégio, famoso por ter entre seus estudantes os filhos da elite espanhola, recebe os novos alunos depois que a escola onde eles estudavam desaba e o responsável pela obra, pai de Marina (María Pedraza) e Guzmán (Miguel Bernardeau), decide pagar pela educação dos jovens para fazer um “mea culpa” diante da sociedade.
A entrada do trio no novo colégio estoura uma bolha social privilegiada e inicia alguns conflitos sociais e pessoais, colocando luz sobre temas como: sexualidade, xenofobia e racismo, consumo e tráfico de drogas, corrupção, doenças sexualmente transmissíveis e até sobre desigualdades sociais. Costurando todos os arcos, a princípio como pano de fundo, há a investigação de um crime.
Logo nos primeiros momentos do primeiro episódio, descobrimos que alguma coisa aconteceu no colégio e que alunos e professores estão sendo interrogados pela polícia. Pela tensão que a série emprega ao dar as dicas, fica claro que trata-se de um assassinato. Demora alguns episódios para sabermos quem morreu e, claro, mais uns tantos outros para descobrirmos o assassino e sua motivação.
Elite desenvolve-se trabalhando dois tempos distintos simultaneamente. Ao passo em que acompanhamos a rotina e as relações que permeiam as instalações do Las Encinas com a chegada dos bolsistas, acompanhamos também breves momentos de cada um dos personagens sendo interrogados por uma policial. São esses dois eixos narrativos que vão, aos poucos, expondo as peças do jogo.
Apesar de flertar com elementos que remontam a produções consolidadas no imaginário do público (como a telenovela Rebelde e a série Gossip Girl) , Elite traça sua própria trajetória, valendo-se também de elementos de investigação policial – presentes em muitas das séries europeias lançadas como originais Netflix dos últimos tempos. Por isso, é justo dizer que nem as gravatinhas dos uniformes, os atores de La Casa de Papel, as picuinhas de jovens ricos e os colegas de escola falando de alguém que já morreu ao melhor estilo 13 Reasons Why prejudicam a trama. Os elementos não são nada inovadores, é verdade, mas eles são reorganizados de forma instigante.
Além disso, é importante levar em consideração que trata-se de uma série que dá prioridade ao público adolescente. Isso não significa que ela seja restrita a esse nicho, afinal, tramas de investigação costumam ser envolventes. Significa, no entanto, que os temas retratados têm mais a ver com o universo jovem. De qualquer maneira, são pautas importantes, atuais e abordadas de maneira equilibrada. Tem sido comum que essas novas produções, principalmente as espanholas, trabalhem entrelinhas comprometidas em contextualizar, mesmo que sutilmente, questões atuais que contribuem também para a construção dos personagens.
Assim como La Casa de Papel, Elite carrega um certo ar de novela. A série chega a empregar o já muito utilizado – mas ainda eficiente – “quem matou?” como ferramenta de engajamento. Aliás, essa é uma ferramenta usada bem aos moldes de telenovelas, com direito a reviravoltas e tudo mais. Nada que chegue a ser incômodo para o público em geral, mas é certo que o melodrama aparece em cena ou outra para dar um olá – principalmente nos últimos minutos do episódio final, que servem de gancho para uma segunda temporada.
Ao que tudo indica, depois de ser surpreendida pelo sucesso dos assaltantes mascarados de macacões vermelhos, a Netflix decidiu bancar as produções espanholas originais apostando na afetividade cativa do público. O espectador que der play em Elite influenciado pelo elenco ou pelas referências, não vai se decepcionar. As intrigas, suspense, reviravoltas e fortes emoções estão ali, num pacote concebido e realizado para garantir a boa aceitação da audiência.
Trailer:
(Fonte: Netflix Brasil / YouTube)
Ficha técnica
Criação: Carlos Montero, Darío Madrona
País: Espanha
Ano: 2018
Elenco: María Pedraza, Miguel Bernardeau, Miguel Herrán, Mina El Hammani, Danna Paola, Jaime Lorente
Gênero: Drama
Distribuição: Netflix
[Coluna] Por que a Netflix aposta tanto em séries policiais estrangeiras?
Você já deve ter reparado que, nos últimos tempos, a Netflix adicionou uma infinidade de séries policiais de língua não-inglesa ao seu catálogo, não é? Algumas são produzidas pela própria Netflix, outras são distribuídas mundialmente pela plataforma como produções originais. Dentre as opções temos títulos como
A Casa das Flores reinventa o dramalhão mexicano na Netflix
Associar o México às suas novelas melodramáticas -e conservadoras- é quase que automático em nosso imaginário popular. Há anos estamos acostumados a pensar no país como expoente intocável do gênero que consagrou novelas como A Usurpadora e Maria do Bairro. Contudo, na última sexta-feira (10) a Netflix lançou um respiro às convenções do gênero: =&0=&, série criada por Manolo Caro, chegou ao catálogo da plataforma com a enorme responsabilidade de trazer novos ares ao melodrama, sem perder os (jovens) fãs noveleiros.
Com 13 episódios (que rendem ganchos para uma nova temporada), a produção mexicana acompanha o cair das máscaras dos De la Mora, uma família de classe alta, cuja imagem exemplar de comercial de margarina é tão frágil quanto as pétalas das flores da floricultura da matriarca Virginia (Verónica Castro).
A trama começa quando a floricultura, negócio responsável por manter as tradições e o status da família De La Mora, vira palco de um trágico incidente. Roberta (Claudette Maillé), a amante do patriarca Ernesto (Arturo Rios), tira a própria vida no local, durante uma festa. A partir daí, a família passa a a fazer malabarismos para manter as aparências e, ao mesmo tempo, resolver seus perrengues e lidar com as novidades.
Os elementos de uma tradicional novela mexicana melodramática estão todos presentes na série; desde os exageros, confusões, conflitos de relacionamentos, segredos, traições e reviravoltas, até a teatralidade – expressa, principalmente, pela brilhante atuação de Cecília Suárez, a filha mais velha dos De la Mora. A novidade, entretanto, fica por conta da inserção de pautas que seguem sendo tabus no país, tais como machismo, transexualidade, bissexualidade, narcotráfico, vulnerabilidade infantil, racismo e até feminismo.
Mesmo assim, não espere uma série que trate desses assuntos com a seriedade tradicionalmente destinada a esse tipo de discussão. A Casa das Flores é uma comédia bastante afiada, e, como tal, usa de situações absurdas para confrontar ideias retrógradas, sem fornecer conteúdo mastigado ou soluções fáceis ao espectador. Por isso, todos os seus personagens são falhos. Todos fazem algo reprovável em algum momento. Não são personagens feitos para serem amados, mas são grandes e fundamentais para a dinâmica da narrativa.
Aqui, Manolo Caro se vale de um humor quase mórbido – que nasce da capacidade de nos fazer rir de nossa própria decadência enquanto sociedade – e de personagens com ares “Almodovarianos” (principalmente as mulheres, com suas personalidades bem demarcadas e existências que circulam entre cores, tragédia humana e força feminina), para confrontar os conservadorismos de folhetim. Assim, num primeiro momento, a trama pode parecer irresponsável, embora ela seja, na verdade, ácida e provocativa.
Em entrevista ao jornal El País, a atriz Cecilia Suárez apontou: “Me parece absurdo que possamos ver, às cinco da tarde, rifles e metralhadoras e que não vejamos um beijo entre dois homens ou duas mulheres. Permitimos a violência, mas não um ato amoroso”.
A Casa das Flores pode ser considerada, portanto, algo híbrido entre série e novela millennial (afinal, o que seria uma série senão uma novela millennial, não é mesmo?). Aliás, ao trazer Verónica Castro, o criador da série demonstra sua intenção de reinventar a novela mexicana sem perder sua essência. A atriz, que fez parte do elenco da popular Os Ricos Também Choram, é fundamental para estipular um diálogo entre o tradicional e o inovador.
Da mesma forma, a trilha sonora opera misturando jovens clássicos da música mexicana, como a canção Es Mejor Así, de Christian Castro, filho de Verónica, com música latina contemporânea, como Nuestra Canción, da banda colombiana Monsieur Periné.
Por tudo isso, é justo dizer: fãs de dramalhões mexicanos do mundo, uni-vos! A Casa das Flores chegou para dar um fim ao eterno dilema entre assistir a uma novela por gostar do gênero, mesmo sabendo que existem inúmeros problemas, ou não assistir à novela em questão e perder todas as emoções de um melodrama carismático.
=&1=& A novela mexicana no imaginário brasileiro
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tem suas três temporadas disponíveis na Netflix. Aos desavisados, a produção espanhola pode parecer apenas mais uma série de ficção sobre viagens no tempo, mas a obra criada pelos irmãos Javier e Pablo Olivares é um verdadeiro mergulho pelos séculos espanhóis.
Luis Miguel: bio-série de um dos cantores mais icônicos da América Latina chega à Netflix.
, baseada na trajetória do cantor mexicano conhecido como “El Sol de México” (O Sol do México). A cada domingo um novo episódio da produção será disponibilizado pela plataforma para América Latina e Espanha.
Crítica: Edha, a primeira série argentina original da Netflix
. A plataforma, que já havia lançado produções latinas antes (3%, Club de los Cuervos), dessa vez, decidiu apostar em um thriller dramático – ambientado na cidade de Buenos Aires – que possui, como pano de fundo, um tema não muito habitual entre as séries de TV: os conflitos sociais gerados pela indústria da moda.
La Casa de Papel: a série espanhola que conquistou os brasileiros
Na trama, o enigmático Professor (Álvaro Morte) recruta e treina um grupo de oito pessoas que, juntas, cometem um crime épico e aparentemente perfeito: eles assaltam a Casa da Moeda espanhola. Mas não se trata de um assalto qualquer. O Professor não planeja ser a mente brilhante que vai roubar uma quantia em dinheiro que já existe, ele quer fabricá-la.
Para isso, o plano exige que o time de ladrões – vestidos com os já emblemáticos macacões vermelhos e máscaras do pintor surrealista Salvador Dalí – permaneça cerca de 12 dias na Casa da Moeda, imprimindo novas cédulas de dinheiro sem parar e com a ajuda dos funcionários, que são mantidos como reféns.
Controlando o assalto à distância, o Professor parece ter absolutamente tudo sob controle, desde as possíveis reações dos reféns, até toda e qualquer atitude que possa ser tomada pela polícia, liderada pela inspetora Raquel Murillo (Itziar Ituño).
Mas o que fez uma série espanhola causar tanto burburinho no Brasil? A temática, sem dúvidas, é um ponto forte. Séries policiais costumam agradar por se tratar de um formato familiar, independente da nacionalidade. No entanto, La Casa de Papel
ousa, desafiando seu próprio formato ao contar também com boas doses de melodrama e ao trazer assuntos atuais para a narrativa
Você já deu uma chance para as séries de língua não-inglesa?
A partir desse tipo de disposição da indústria cinematográfica brasileira (na qual a distribuição de produções determina várias coisas), criou-se uma cultura “a la American way of life“, em que tendemos a rejeitar filmes europeus – em geral, não-britânicos –, asiáticos e, principalmente, africanos e latino-americanos. Tal rejeição implica em considerar obras francesas essencialmente cult, por exemplo, ou, quem sabe, em enxergar o cinema do Oriente Médio como chato, enfadonho. Então, somada à questão da distribuição,
criam-se arquétipos em cima de quais nacionalidades e gêneros de filmes e séries são os melhores