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[Coluna] O engessamento das pautas identitárias nas premiações hollywoodianas
Em 2018, os movimentos organizados por mulheres abalaram as estruturas misóginas de Hollywood. Como resultado de feminismos que vêm sendo discutidos nos últimos anos por toda a sociedade, atrizes e trabalhadoras da indústria cinematográfica norte-americana usaram seus espaços em premiações como Globo de Ouro, Sag Awards e Oscar para dar palco aos seus discursos e denúncias sobre violência de gênero e disparidade salarial no cinema.
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Quem são as cinco mulheres indicadas por direção na história do Oscar
Isso significa que selecionar a quinta mulher indicada por direção (Greta Gerwig, por Lady Bird – A Hora de Voar), excluir um ator de uma das categorias principais (James Franco perdeu sua suposta indicação à Melhor Ator, por Artista do Desastre), nomear outro que ocupou o papel de um artista acusado de assédio (Chistropher Plummer substituiu Kevin Spacey em Todo o Dinheiro do Mundo, após o segundo ter tido suas cenas retiradas do filme), e indicar a primeira mulher na categoria de Fotografia (Rachel Moririson, por Mudbound – Lágrimas sobre o Mississipi), indica a evolução irrevogável da equidade de gênero na indústria cinematográfica estadunidense. Pensando nisso, confira abaixo a lista das únicas mulheres já indicadas ao Oscar de Melhor Direção:
1. Lina Wertmüller, por Pasqualino Sete Belezas, em 1977
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Time’s Up – O senso comum só se incomoda com o assédio sazonalmente
A CARTA NO LE MONDE
No último dia 9, dois dias após o Globo de Ouro, cem artistas e intelectuais francesas assinaram uma carta no jornal Le Monde, criticando o suposto “excesso de zelo” dirigido à questão do assédio durante a cerimônia. Entre as assinantes, está a atriz Catherine Deneuve (A Bela da Tarde / Os Guarda-Chuvas do Amor), de 74 anos, uma das personalidades francesas mais conhecidas no mundo. No manifesto, está evidenciado um dos motivos pelos quais tantas vítimas de abusos sexuais de diversos lugares do globo não denunciam os chamados “predadores sexuais“: a dificuldade do senso comum em aceitar a diferença entre assédio e paquera. Vamos, portanto, deixar clara, aqui, tal diferença.
Segundo o dicionário Aurélio, assédio é o “ato ou efeito de assediar; (…) comportamento desagradável ou incômodo a que alguém é sujeito repetidamente; (…)”, enquanto que assédio sexual é tido como o “conjunto de atos ou ditos com intenções sexuais, geralmente levado a cabo por alguém que se encontra em posição hierárquica, social, econômica, etc.”. Sendo assim, quando uma pessoa se sente incomodada com as investidas sexuais de uma outra, cujas intenções e ações foram desmedidas – e com o propósito único de estabelecer certo domínio sobre o corpo da primeira –, o incômodo em questão é consequência direta de um ato assedioso.
(Abaixo, vídeo divulgado na página pessoal do Instagram da atriz Brie Larson, a respeito da campanha Time’s Up no Globo de Ouro):
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