Tag: tv e streaming
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Sempre Bruxa, uma série colombiana Netflix feita e protagonizada por mulheres
Quando a Netflix liberou o teaser de Sempre Bruxa, há mais ou menos um mês atrás, muita gente foi tomada por curiosidade e expectativa em relação à série. O recente sucesso de O Mundo Sombrio de Sabrina deve ser um dos motivos para a empolgação gerada, já que essa nova onda de produções protagonizadas por mulheres parece agradar um nicho de audiência que procura por entretenimento, empoderamento e misticismo. Mas não se engane: apesar de apresentarem jovens bruxas como protagonistas, as duas obras originais Netflix têm muito pouco em comum.
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O Big Brother Brasil começou há menos de 20 dias e definitivamente não se fala em outra coisa na casa mais vigiada do país: Hana Khalil. Aliás, tanto dentro quanto fora da casa, todas as ações da participante viraram estopim para o início de debates sobre machismo, violências simbólicas e a importância do feminismo.
América Latina para Imbecis busca ser um antídoto contra o nosso complexo de vira-lata
Em junho deste ano, a humorista Hannah Gadsby surpreendeu os assinantes da Netflix com Nanette, sua apresentação impecável e emocionante sobre o que é ser uma mulher lésbica num mundo misógino. O show de Gadsby serviu, entre tantas outras coisas, para mostrar ao público do humor que é possível tratar de assuntos sérios e delicados a partir de uma abordagem crítica, responsável e ácida ao mesmo tempo. Nesse mesmo perfil de show de humor se encaixa o lançamento =&0=&.
Recém disponibilizado na Netflix, o stand-up América Latina para Imbecis, escrito e performado pelo ator, comediante e roteirista John Leguizamo, busca resgatar milhares de anos de história latino-americana invisibilizada nos livros escolares e no imaginário popular das Américas – e do mundo.
Com um cenário repleto de livros e uma lousa, Leguizamo aproveita sua origem colombiana para realizar uma apresentação que mistura relatos de suas vivências enquanto homem latino-americano que mora nos EUA com referências históricas de bibliografias que ele considera essenciais para o resgate e a manutenção de nossa ancestralidade latina.
Seu ponto de partida é o filho que sofre bullying no colégio. Em sua narrativa, o artista conta que o garoto sofre pequenas agressões cotidianas por ser latino e que, como todos nós, não possui referências suficientes para fazer um trabalho escolar sobre heróis nacionais sem escolher um personagem branco.
Usando a falta de conhecimento – e de apreço – do filho sobre a história e a cultura da América Latina como fio condutor de seu espetáculo, Leguizamo nos conta 3 mil anos de história latina.
Ele fala sobre como os impérios Maias, Astecas, Incas (entre tantos outros), civilizações tecnológica e socialmente avançadas, e culturalmente ricas e complexas, foram atacadas e exterminadas pela ganância dos brancos europeus.
Com riqueza de detalhes, o artista explica que as únicas vantagens dos europeus durante a colonização eram seus germes, as transmissões de doenças. Foi assim que os colonizadores brancos conseguiram invadir as terras da América, exterminar civilizações impressionantes, estuprar as mulheres nativas, destruir conhecimento e cultura e derreter obras de arte para saquear o ouro. Ao que tudo indica, a história do mundo é mesmo sempre contada por homens privilegiados e medíocres.
Em meio ao panorama histórico, América Latina para Imbecis chega aos dias de hoje com duras críticas a Donald Trump, que assim como os colonizadores, acha de bom tom enjaular seres humanos. Além disso, alguns questionamentos fundamentais são colocados: por que dizemos folclore em vez de cultura? por que dialeto em vez de idioma? artesanato no lugar de obras de arte? Por que aceitamos ser diminuídos em todas as esferas de nossas vidas?
Depois, em um dos momentos mais tocantes da apresentação humorística, Leguizamo diz que “a vida latina não vale muito nos EUA”. E nem no resto do mundo, sejamos honestos. Já diria a cantora Ana Tijoux em sua música Somos Sur: somos todos os oprimidos, calados e sem voz. Somos o sul.
Apesar de relacionar com maestria a nossa ausência da memória com nossa problemática autoestima, em alguns momentos o espetáculo deixa a desejar em relação a representatividade. É de se imaginar que as mulheres nativas tenham sofrido de outras maneiras (mais graves) com a colonização, e a performance não dá conta de uma abordagem que inclua questões de gênero com autoridade. Se homens latino-americanos foram e são invisibilizados, as mulheres e a comunidade LGBTQI+ são muito mais.
De qualquer forma, América Latina para Imbecis é um exercício positivo de memória que usa o humor para alcançar a afetividade das pessoas, além de ser um chamado para que os povos latinos, com suas semelhanças e diferenças, se unam, reconstruam sua autoestima e reajam à violência do racismo e da xenofobia para seguir em frente, rumo a reconstrução do orgulho de ser o sul.
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Elite, da Netflix, estreia com atores de La Casa de Papel, conflitos adolescentes e um assassinato
Quando a Netflix liberou o primeiro trailer da série espanhola Elite, no dia 10 de setembro, algumas coisas chamaram a atenção e geraram um certo hype em relação à produção, entre elas: a história ambientada num colégio para ricos, onde os alunos usam uniformes que lembram os usados na telenovela teen mexicana Rebelde, e o elenco formado por alguns dos atores do fenômeno La Casa de Papel.
A propaganda realizada pela plataforma de streaming foi pesada e se espalhou até pelas ruas e pelas estações de metrô. O marketing da Netflix não desprezou as comparações entre Elite e outras produções, preparando materiais de campanha onde os atores principais apareciam instigando o público a assistir à série para descobrir se essas comparações fazem sentido ou não.
Na trama, a rotina do colégio particular Las Encinas é abalada com a chegada de três jovens bolsistas: Samuel (Itzan Escamilla), Nadia (Mina El Hammani) e Christian (Miguel Herrán). O colégio, famoso por ter entre seus estudantes os filhos da elite espanhola, recebe os novos alunos depois que a escola onde eles estudavam desaba e o responsável pela obra, pai de Marina (María Pedraza) e Guzmán (Miguel Bernardeau), decide pagar pela educação dos jovens para fazer um “mea culpa” diante da sociedade.
A entrada do trio no novo colégio estoura uma bolha social privilegiada e inicia alguns conflitos sociais e pessoais, colocando luz sobre temas como: sexualidade, xenofobia e racismo, consumo e tráfico de drogas, corrupção, doenças sexualmente transmissíveis e até sobre desigualdades sociais. Costurando todos os arcos, a princípio como pano de fundo, há a investigação de um crime.
Logo nos primeiros momentos do primeiro episódio, descobrimos que alguma coisa aconteceu no colégio e que alunos e professores estão sendo interrogados pela polícia. Pela tensão que a série emprega ao dar as dicas, fica claro que trata-se de um assassinato. Demora alguns episódios para sabermos quem morreu e, claro, mais uns tantos outros para descobrirmos o assassino e sua motivação.
Elite desenvolve-se trabalhando dois tempos distintos simultaneamente. Ao passo em que acompanhamos a rotina e as relações que permeiam as instalações do Las Encinas com a chegada dos bolsistas, acompanhamos também breves momentos de cada um dos personagens sendo interrogados por uma policial. São esses dois eixos narrativos que vão, aos poucos, expondo as peças do jogo.
Apesar de flertar com elementos que remontam a produções consolidadas no imaginário do público (como a telenovela Rebelde e a série Gossip Girl) , Elite traça sua própria trajetória, valendo-se também de elementos de investigação policial – presentes em muitas das séries europeias lançadas como originais Netflix dos últimos tempos. Por isso, é justo dizer que nem as gravatinhas dos uniformes, os atores de La Casa de Papel, as picuinhas de jovens ricos e os colegas de escola falando de alguém que já morreu ao melhor estilo 13 Reasons Why prejudicam a trama. Os elementos não são nada inovadores, é verdade, mas eles são reorganizados de forma instigante.
Além disso, é importante levar em consideração que trata-se de uma série que dá prioridade ao público adolescente. Isso não significa que ela seja restrita a esse nicho, afinal, tramas de investigação costumam ser envolventes. Significa, no entanto, que os temas retratados têm mais a ver com o universo jovem. De qualquer maneira, são pautas importantes, atuais e abordadas de maneira equilibrada. Tem sido comum que essas novas produções, principalmente as espanholas, trabalhem entrelinhas comprometidas em contextualizar, mesmo que sutilmente, questões atuais que contribuem também para a construção dos personagens.
Assim como La Casa de Papel, Elite carrega um certo ar de novela. A série chega a empregar o já muito utilizado – mas ainda eficiente – “quem matou?” como ferramenta de engajamento. Aliás, essa é uma ferramenta usada bem aos moldes de telenovelas, com direito a reviravoltas e tudo mais. Nada que chegue a ser incômodo para o público em geral, mas é certo que o melodrama aparece em cena ou outra para dar um olá – principalmente nos últimos minutos do episódio final, que servem de gancho para uma segunda temporada.
Ao que tudo indica, depois de ser surpreendida pelo sucesso dos assaltantes mascarados de macacões vermelhos, a Netflix decidiu bancar as produções espanholas originais apostando na afetividade cativa do público. O espectador que der play em Elite influenciado pelo elenco ou pelas referências, não vai se decepcionar. As intrigas, suspense, reviravoltas e fortes emoções estão ali, num pacote concebido e realizado para garantir a boa aceitação da audiência.
Trailer:
(Fonte: Netflix Brasil / YouTube)
Ficha técnica
Criação: Carlos Montero, Darío Madrona
País: Espanha
Ano: 2018
Elenco: María Pedraza, Miguel Bernardeau, Miguel Herrán, Mina El Hammani, Danna Paola, Jaime Lorente
Gênero: Drama
Distribuição: Netflix