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Dirigido por Sebastián Hoffman, o longa ganhou o prêmio de Melhor Roteiro no Festival de Sundance e tem marcado presença nas listas de melhores filmes mexicanos de 2018, ao lado de filmes como Museu e Roma.
Sua proposta temática é clara: denunciar a indústria turística, expondo como o capitalismo selvagem é capaz de nos alienar e angustiar até quando o assunto é descanso. Sua realização, por outro lado, recorre a abstrações diversas. Tempo Compartilhado é um projeto ambicioso e exige que o espectador esteja disposto a vivenciar a experiência, digamos.
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Conheça os 14 filmes latino-americanos que tentam uma indicação ao Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro
Fim de ano chegando e, com ele, a época dos apaixonados por cinema começarem a pensar no próximo Oscar. As indicações oficiais acontecem somente no final de janeiro, mas os países que estão na corrida por uma indicação à categoria de Melhor Filme Estrangeiro já escolheram seus pré-indicados; dentre eles, muitos filmes latino-americanos.
Nesse período de corrida pelo Oscar, maior cerimônia de premiação do cinema mundial, cada país seleciona o que acredita ser o melhor de sua safra cinematográfica do ano correspondente. Pensando, então, em aumentar o contato do público brasileiro com o tem sido feito de melhor no cinema latino-americano, organizamos esta lista com breves comentários sobre os filmes latinos que tentam uma indicação ao 91º Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Acompanhe:
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A Academia Colombiana de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que Pájaros de Verano será o filme que representará a Colômbia na busca por uma indicação ao Oscar 2019 de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Co-dirigido por Cristina Gallego y Ciro Guerra, o longa acompanha a história de uma família indígena de origem Wayuu que enfrenta dilemas entre traficar drogas ou proteger sua ancestralidade no auge da década de 1970, quando a venda de maconha aos Estados Unidos era um negócio lucrativo.
O diretor Ciro Guerra já conseguiu uma indicação nessa mesma categoria no Oscar 2016, com o filme O Abraço da Serpente. Além disso, Pájaros de Verano foi premiado, recentemente, pelos Prêmios Fénix de cinema ibero-americano.
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A Academia de Artes Audiovisuais e Cinematográficas do Equador escolheu o longa-metragem Un Hijo de Hombre. La maldición del tesoro de Atahualpa para representar o país na busca por uma indicação à categoria de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar 2019.
Dirigido por Luis Felipe Fernández-Salvador e Campodónico, mais conhecido como Jamaicanoproblem, e Pablo Agüero, o filme retrata uma dinastia de exploradores que foram enviados ao território Inca pela coroa espanhola depois do descobrimento do Novo Mundo.
Essa é uma história real, filmada pelos diretores sem atores, roteiros e sem usar estúdios de gravação. A intenção da dupla de diretores é fomentar a preservação da biodiversidade das selvas equatoriais, exibindo a obra mundialmente e transmitindo essa mensagem.
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La Familia, primeiro longa-metragem de Gustavo Rondón Córdova é o filme escolhido pela Venezuela para tentar uma indicação à categoria de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2019.
A trama retrata uma relação disfuncional entre pai e filho; Andrés (Giovanni García) e Pedro (Reggie Reyes). Os dois vivem em um bairro operário de Caracas, de onde precisam fugir quando algo violento acontece.
Usando a atual dinâmica social e econômica da Venezuela como pano de fundo, Córdova se preocupou em fazer um filme universal, que trate de relações humanas e laços afetivos – com seus bônus e ônus.
Em entrevista à Radio Televisión Nacional de Colombia, o diretor declarou: “O filme explora, de alguma maneira, esse estado de paranoia, de transação constante. E explora porque é o que sinto como habitante e penso como indivíduo.
No meu país, uma das coisas mais graves é que todas as relações estão passando por transações, e isso gera individualismo exacerbado. Por isso coloquei como ponto inicial um pai que trabalha, trabalha e trabalha; como se estivesse em estado de inércia, esperando que seu filho se crie sozinho, até que o tempo passe e o garoto possa viver sua própria vida. O que o filme faz é, justamente, forçar esse personagem a tomar responsabilidade pelo outro. Isso era algo que eu queria explorar, falar de alteridade.”
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Os membros da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas do Paraguai designaram As Herdeiras como filme que representará o país na busca por uma indicação ao Oscar 2019 de Melhor Filme Estrangeiro.
Dirigido por Marcelo Martinessi, o filme conta a história de Chela e Chiquita. Herdeiras de uma família rica no Paraguai, elas vivem confortavelmente há 30 anos. Quando percebem que as economias estão acabando, passam a vender seus bens. Porém, Chiquita vai presa por fraude e Chela decide começar um serviço de táxi para senhoras ricas, enquanto se acostuma com a nova realidade.
No Brasil, o longa estreou dia 30 de agosto, distribuído pela Imovision.
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Viaje a los Pueblos Fumigados dialoga com um Brasil que não se importa com diversidade e biodiversidade
Fernando Solanas é uma lenda do cinema latino-americano. Nos anos 1960, realizou o clássico La Hora de Los Hornos, documentário que denunciava o neocolonialismo e a violência em uma América Latina tomada por ditaduras. Hoje, aos 82 anos, o cineasta argentino divide seu tempo entre o ativismo do cinema político e um cargo de senador em seu país – onde também preside o comitê de Meio Ambiente do Senado. Seu mais recente trabalho, =&0=& (Viagem aos povos fumigados, em tradução livre), é também uma denúncia.
Dessa vez, Solanas literalmente viaja pelas zonas rurais da Argentina para conversar com gente que é diretamente afetada pelo processo de fumigação. Fumigar significa aplicar pesticidas gasosos. Esse é o processo adotado pelo agronegócio para “proteger” suas plantações – principalmente as monoculturas de soja transgênica, principal produto de exportação da Argentina.
Aviões carregados de veneno sobrevoam zonas rurais espalhando os produtos tóxicos. Às vezes em maior quantidade do que o recomendado pelo governo argentino, outras vezes passando mais próximos das comunidades rurais do que o estipulado por lei. Na prática, comunidades inteiras de camponeses e indígenas passaram a ser fumigadas junto com as plantações.
Durante a década de 1990, quando o procedimento começou a ser adotado no país por empresas de cultivo de transgênicos como a Monsanto, muita gente era atingida pelos vapores venenosos ao sair de casa para ver o que estava acontecendo e acompanhar o “desfile de aviõezinhos”. Desde então, solos, água e ar são constantemente contaminados, provocando todo tipo de doenças (problemas de pele, respiratórios, tumores, deficiências, nascimentos de crianças malformadas) e até mortes.
Para além das enfermidades causadas pela fumigação, Solanas se preocupa também em entrevistar pessoas que possam falar sobre direito à terra, garantia de dignidade aos povos originários, sobre agricultura familiar e sustentável, alterações de fauna e flora e veneno nos alimentos que consumimos (um tipo de contaminação indireta que acomete também as zonas urbanas).
Pino, como é carinhosamente chamado o diretor de Viaje a los Pueblos Fumigados, não faz questão de ouvir os dois lados da problemática dos agrotóxicos. Seu objetivo é claro: denunciar os prejuízos sociais, políticos, e econômicos causados pelo poder do agronegócio e de agrotóxicos que, a longo prazo, comprometem o desenvolvimento do país.
Solanas faz, como sempre, um cinema engajado. Para isso, ele entrevista tanto pessoas simples e vulneráveis, que vivem em contato direto com os venenos pulverizados sobre suas casas, escolas, e cabeças, quanto especialistas, médicos e pesquisadores. Seu intuito é provar, da forma mais didática possível – e como se fosse um professor tentando ensinar com muita empatia-, que apelar para uma economia baseada em venenos e desrespeito aos direitos humanos pode ser lucrativo a curto prazo, mas muito perigoso para o futuro.
Para funcionar, a dinâmica econômica denunciada por Solanas gira em torno dos interesses de determinados poderes (grandes proprietários de terras e pistoleiros que fazem o que querem, sem reprimendas da lei) e envolve sementes alteradas em laboratórios que demandam certos venenos para o cultivo, monoculturas, desmatamentos, poluição, desgaste de solo, trabalho escravo, substituição de mão de obra remunerada por máquinas, ataque às terras demarcadas, mortes no campo (por doenças causadas pelos venenos e por violência), extermínio de comunidades, perda de biodiversidade. É uma dinâmica que não tem como dar certo. É a economia da destruição.
Viaje a los Pueblos Fumigados dialoga também – e lamentavelmente – com a realidade do Brasil, já que os setores conservadores da sociedade brasileira saíram oficialmente vencedores da última eleição presidencial.
Alinhado às elites econômicas e sociais, o agronegócio, conhecido na política brasileira como bancada ruralista, não para de ganhar força. Jair Bolsonaro ainda nem assumiu seu cargo, mas bastou ser eleito para deixar claro que serve aos interesses dos ruralistas brasileiros e que despreza não somente a diversidade humana, mas também a importância das demandas ambientais num país ainda rico em biodiversidade como o Brasil.
Além de já ter declarado que é contra a demarcação de terras indígenas e quilombolas, o futuro presidente anunciou Tereza Cristina (DEM-MS) como Ministra da Agricultura de seu governo. Conhecida como “musa do veneno”, a líder da bancada ruralista antecipou “que agrotóxicos terão ‘muito espaço’ em sua gestão”, como aponta reportagem do jornal Brasil de Fato.
É bem possível, então, que as reflexões propostas por Fernando Solanas em seu novo trabalho entrem de vez para a lista de pautas que as forças progressistas brasileiras precisarão defender com afinco nos próximos anos. Nesse cenário, Viaje a los Pueblos Fumigados é uma obra de extrema importância, e serve como lição e ponto de partida para o futuro.
* O documentário chegou ao Brasil na programação da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e ainda não tem previsão de estreia comercial.
** Este texto faz parte da cobertura da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.
Ficha técnica
Direção: Fernando Solanas
Duração: 1h37
País: Argentina
Ano: 2018
Gênero: Documentário
Distribuição: Ainda sem distribuidora no Brasil.
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