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O Quebra Cabeça de Tarik
Os Mortos-Vivos, um curta-metragem de suspense sobre o “sumiço dos contatinhos”
Parece Comigo, um curta-metragem sobre a importância da representatividade na infância
Assim, um curta amazonense sobre identidade de gênero
, curta-metragem da diretora amazonense Keila Serruya, acompanha uma manhã cotidiana na vida de duas mulheres trans. No filme, as protagonistas, interpretadas por Nayla Bianca e Patricia Fontine, acordam, se arrumam, tomam café, saem para fazer compras no mercado e voltam para casa. Ações que, à primeira vista, podem parecer simples para a maioria das pessoas, mas que para mulheres transsexuais são como constantes desafios às suas existências.
Manual para incentivar o cinema nacional
Era noite de domingo (2/9) quando o Museu Nacional, localizado na Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, pegou fogo. Um incêndio que transformou em cinzas milhões de itens do acervo. Registros dos mais diversos sobre nossa história e ancestralidade. São prejuízos culturais e científicos imensuráveis, irreparáveis e desoladores.
O trágico evento levantou inúmeras discussões nas redes sociais, principalmente em relação ao evidente projeto de desmanche da cultura, da pesquisa e da educação que ganha força no Brasil pós-golpe. Além disso – e infelizmente -, as imagens da destruição e a dor da perda nos convidaram a refletir, enquanto sociedade, sobre o valor que damos à arte e ao conhecimento.
Nesse sentido, podemos pensar sobre como nossas ações e escolhas individuais podem interferir na forma como tratamos a cultura enquanto nação. Tomemos o cinema como exemplo. Quando falamos em cinema nacional, o conhecimento da maioria das pessoas se limita às grandes comédias. Já tratamos desse assunto algumas vezes por aqui, mas nunca é demais ressaltar que, com algumas atitudes específicas, é possível colaborar com a criação de campo fértil para um cinema nacional diverso em estética, narrativa, protagonismo, regionalidade, gênero, cor e etc.
Claro que nenhuma ação individual exime o Estado de suas responsabilidades (e elas são muitas e urgentes). Também não podemos exigir ou esperar que todas as pessoas tenham condições de pensar em museus, cinema e ciência quando sequer conseguem alimentar suas famílias. Vivemos tempos difíceis em todos os sentidos.
No entanto, é de extrema importância que, se possível, façamos algo. Por mais simples que seja. Então, com a intenção de ajudar nossos leitores a pensarem e agirem em prol da diversidade no cinema nacional e a partir de pequenas ações pessoais, montamos essa espécie de manual com dicas. Acompanhe:
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Sabemos que ir ao cinema é uma atividade cara e a maior parte das sessões de filmes nacionais mais independentes ficam restritas aos cinemas centrais. Por isso, procure gastar seu dinheiro pagando pelo ingresso de obras (de ficção ou documentário) que precisam de maior apoio do público.
Filmes comerciais conseguem fazer carreira investindo em campanhas de marketing e divulgação, geralmente contando com o respaldo da televisão e seus artistas. Priorize, então, produções que não possuem dinheiro para autopromoção, filmes de pequeno e médio orçamento. Além disso, dê preferência para filmes com temáticas indígenas, filmes dirigidos por mulheres negras, homens negros e mulheres brancas.
Maior diversidade em setores como direção e roteiro proporcionam, por consequência, diversidade no tipo de registro e abordagens de assuntos que teremos como memória para o futuro. Leia mais sobre isso aqui.
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Como dito anteriormente, filmes médios e independentes são distribuídos em poucas salas. Nesse caso, saiba que encontrar sessões é uma tarefa que demanda um pouco de dedicação (e disponibilidade).
Antes de mais nada, esteja disposto(a) a se deslocar até algum cinema mais distante – se isso for possível, claro. Às vezes a preguiça é cruel, mas ninguém disse que se posicionar politicamente em benefício do cinema nacional seria fácil, não é mesmo?
Procure pela programação do filme em questão nas páginas das distribuidoras. A Vitrine Filmes é a maior distribuidora brasileira de filmes nacionais e sempre divulga a lista de cidades onde seus filmes serão exibidos em sua página do Facebook. Curta e fique de olho.
Acompanhe também os lançamentos da Sessão Vitrine Petrobras, da Vitrine Filmes. São sessões que exibem filmes nacionais mais independentes, de diferentes estados, contemporâneos e dirigidos por novos e promissores nomes do cinema brasileiro. Os ingressos dos filmes da Sessão Vitrine Petrobras custam 12,00 (inteira). O projeto é uma ótima oportunidade para conhecer o que de mais atual vem sendo produzido no país.
Algumas salas de cinema promovem exibições de filmes nacionais com ingressos mais baratos. É comum que essas sessões aconteçam em centros culturais. Busque se informar sobre a programação de cinema desse tipo de espaço na sua cidade.
Também procure consultar veículos de mídia alternativos. Descentralize a informação e amplie o horizonte das possibilidades. Aqui mesmo, no “Francamente,querida!”, você encontra críticas sobre os lançamentos – e mais indicações de sites na lateral de nossa página. Sempre priorizamos produções independentes, nacionais, latino-americanas e/ou dirigidas por mulheres.
=&2=& tente assistir ao filme escolhido na semana em que ele estreou. É fundamental para mantê-lo por mais tempo em cartaz e garantir que mais pessoas consigam vê-lo. Afinal, cinema depende muito de pensarmos o coletivo.
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Em primeiro lugar: não procure por cópias pirateadas na internet. Cinema nacional independente é, muitas vezes, feito na cara e na coragem. Com pouquíssimo apoio de políticas públicas e menos ainda de iniciativas privadas. Portanto, cada centavo que entra para este tipo de produção faz muita diferença.
Sendo assim, se você não conseguiu assistir ao filme no cinema, aguarde um pouco. Em alguns meses (ou até menos) ele estará disponível para aluguel e compra nas plataformas de video on demand (VOD). Invista nisso. Um aluguel de filme nacional não costuma custar mais de 10,00 reais e esse dinheiro também é uma forma importante de apoiar a obra, de fazê-la durar para além das salas de exibição e permanecer enquanto bem cultural.
Para facilitar essa missão de garimpo, conheça o site Filmmelier, uma iniciativa que te ajuda a saber o que está sendo lançado nas plataformas on demand e em que plataformas você encontra cada filme.
Plataformas nas quais você pode procurar por filmes nacionais para assistir pagando pelo aluguel, compra ou assinatura: Apple TV, Now, Vivo Play, Google Play, Netflix e YouTube.
Além disso, alguns canais pagos, como o Canal Brasil e o Canal Curta! costumam ter uma grade de programação que prioriza a exibição de produções nacionais. Fique de olho nas programações.
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Ameaçados, de Julia Mariano, aborda violações dos direitos humanos no Pará
, curta-metragem documental que aborda violações de direitos humanos no campo e trata da questão da terra como espaço de disputa entre camponeses menos favorecidos socialmente e abandonados pelo Estado e o poder de pecuaristas, mineradoras e madeireiras.
Chico, uma distopia realista?
O ano é 2029. Durante os 13 anos seguintes ao golpe que provocou o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o racismo foi institucionalizado no Brasil. Pressupõe-se que, mais cedo ou mais tarde, crianças pobres, negras e marginalizadas virão a cometer algum crime. Por isso, assim que nascem elas são marcadas com tornozeleiras de rastreamento que as acompanharão por toda a vida. Chico é uma dessas crianças. Negro, pobre, morador de favela.
Tentei: o ciclo da violência doméstica em 14 minutos
Atenção: este texto contém spoilers. Antes de seguir com a leitura, assista ao curta aqui.
Aos 34 anos e tomada pela coragem que reuniu ao longo de muito tempo, Glória (Patricia Saravy) decide, numa manhã que tinha tudo para ser como qualquer outra, se livrar de um ciclo que a oprime e fragiliza há mais de uma década e recuperar o seu direito de ser, de existir com dignidade.
Essa seria a sinopse otimista do curta =&0=&, da diretora Laís Melo, indicado à categoria de Melhor Curta-metragem de Ficção do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2018. A obra, no entanto, segue o caminho tortuoso da realidade cotidiana de milhões de mulheres brasileiras: a realidade das dificuldades de denunciar violência doméstica no país.
Antes de mais nada, é preciso entender o que é violência doméstica. Conforme definido pela Lei Maria da Penha, “violência doméstica e familiar contra a mulher é qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial’’.
O Dossiê Violência Contra as Mulheres, da Agência Patrícia Galvão, conta com vários dados sobre violência doméstica no Brasil. Por exemplo, estima-se que cinco mulheres são espancadas a cada 2 minutos; o parceiro (marido, namorado ou ex) é o responsável por mais de 80% dos casos reportados, segundo a pesquisa Mulheres Brasileiras nos Espaços Público e Privado (FPA/Sesc, 2010)
Ainda de acordo com o documento: “Apesar dos dados alarmantes, muitas vezes, essa gravidade não é devidamente reconhecida, graças a mecanismos históricos e culturais que geram e mantêm desigualdades entre homens e mulheres e alimentam um pacto de silêncio e conivência com estes crimes.
Na pesquisa Tolerância social à violência contra as mulheres (Ipea, 2014), 63% dos entrevistados concordam, total ou parcialmente, que “casos de violência dentro de casa devem ser discutidos somente entre os membros da família”. E 89% concordam que “a roupa suja deve ser lavada em casa”, enquanto que 82% consideram que “em briga de marido e mulher não se mete a colher”.”
Então, sob o recorte certeiro de Laís Melo, também roteirista, Tentei acompanha a árdua trajetória da mulher que quer denunciar o marido. O filme vai desde o momento em que ela acorda, decidida a romper com sua atual situação, até o momento em que, desesperançosa e desmotivada por estruturas despreparadas, retorna à sua casa para, sem opção, reiniciar o ciclo.
A caminhada de Glória é solitária. Fica evidente que não há ninguém próximo para apoiá-la. Depois, quando chega à delegacia, a personagem é tratada como um número. Como somente mais uma ficha do escrivão homem. Para ela, entretanto, esse poderia ser o dia mais importante de sua vida, mas acaba frustrado pelos mecanismos institucionalizados que mais funcionam como outro tipo de violência do que como ajuda.
Laís Melo usa da ficção para representar todas as sutis (ou nada sutis) violências que convivem com mulheres vítimas de agressores protegidos pela impunidade. Mulheres que saem de casa dispostas a mudar o rumo de suas vidas, mas que, ao se depararem com delegacias despreparadas, funcionários nada empáticos e toda uma cultura misógina que diz que a culpa é sempre feminina, voltam para casa e esperam resignadas pela próxima agressão.
Tentei é um filme curto e brutal, mas também é, acima de tudo, uma denúncia indispensável que só faz somar como obra nacional disposta a tratar de violência de gênero – principalmente por ter uma equipe formada por mulheres e por tratar da questão exclusivamente sob a ótica da protagonista mulher.
Como ponto alto, a atuação contida e silenciosa de Patrícia Saravy representa a aflição de mulheres que são mais do que estatísticas, mesmo que a engrenagem que segue acobertando machismo e violência tente ignorá-las. Afinal, Glória estava viva para tentar, mas o que acontece quando uma denúncia mal sucedida termina em feminicídio? Quantas vidas de mulheres o Brasil negligencia todos os dias?
*Leia o Dossiê Violência Contra as Mulheres completo neste link.
Leia também: “
A Passagem do Cometa: o aborto no cinema fantástico de Juliana Rojas
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Edifício Tatuapé Mahal, um curta de animação nacional dirigido por mulheres
O filme denuncia a dura realidade da adoção no Brasil: as pessoas que procuram adotar ainda consideram mais seus preconceitos do que o amor que estão dispostas a dar. Assim, crianças negras, mais velhas, ou que demonstram orientações sexuais não heteronormativas são preteridas.
O prêmio de Markowicz pode ser uma boa oportunidade para que a diretora consiga maior visibilidade para seu trabalho. Em 2014, por exemplo, =&1=&=&2=&=&3=&