Tarde para Morrer Jovem, um coming-of-age chileno

Depois de circular pelo mundo em diversos festivais, Tarde para Morrer Jovem, filme da chilena Dominga Sotomayor, chega hoje aos cinemas do país (nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus, João Pessoa, Fortaleza, Aracaju e Londrina). O longa, produzido pela RT Features (A Vida Invisível, O Farol,), do brasileiro Rodrigo Teixeira, foi responsável por, em 2018, fazer de Sotomayor a primeira mulher a receber o prêmio de Melhor Direção no Festival de Locarno.

Imagem: divulgação

A trama, que se passa no início da década de 1990, após a queda do ditador Pinochet e quando o Chile voltava a olhar para a democracia, acompanha Clara (Magdalena Tótoro), Sofía (Demian Hernández) e Lucas (Antar Machado); três jovens lidando com suas próprias questões sobre o crescer.

Clara perde a cachorra que ganhou da avó; Lucas sofre por um amor não correspondido; e Sofía deseja muito conhecer o mundo. Em comum, eles têm o ambiente onde vivem: uma comunidade isolada aos pés dos Andes, formada por um grupo de famílias amigas.

COMING-OF-AGE CHILENO

A princípio quase completamente alheio às questões políticas da época a que se refere, a obra prioriza, propositalmente, o registro de momentos cotidianos e de sensações de seus personagens. Por isso, assistir a Tarde para Morrer Jovem é como sentir-se percorrendo as páginas de um álbum de fotos de família; repleto de memórias sobre pequenos acontecimentos da vida. 

‘Tarde para Morrer Jovem’/ Divulgação

Em tela, as imagens dão conta de captar tanto o caos da convivência e do amadurecimento como pequenos instantes significativos para cada indivíduo; ao mesmo tempo, a impressão de nostalgia é reforçada por uma fotografia lavada e granulada. 

Mais contemplativo do que narrativamente convencional, o longa se encaixa perfeitamente no gênero coming-of-age (filmes sobre amadurecer). Então, embora localizado em determinado espaço-tempo, sua proposta dialoga com a natureza da juventude (conflitos, frustrações, intensidade, desejos e medos) de maneira atemporal.

Por outro lado, e com bastante sutileza – mais até do que o esperado -,  as tensões de um Chile castigado e em processo de redemocratização aparecem como paralelo ao processo de transição dos jovens para a vida adulta.  Num período de inseguranças e efervescências, portanto, país e juventude enfrentam dilemas sobre o futuro. 

Plácido, Tarde para Morrer Jovem leva seu próprio tempo para constituir essência; sem se preocupar com “de onde veio” e “para onde vai” o enredo. O importante, aqui, é apreciar o caminho. Nesse sentido, talvez formato e ritmo se arrastem um pouco, mas isso não anula o bonito trabalho intimista de observação das ondulações do amadurecimento que Sotomayor se dedicou a desenvolver.

Trailer:
(Fonte: Pandora Filmes Trailers/ YouTube)

Ficha Técnica:

Direção: Dominga Sotomayor

Duração: 1h50

País: Chile, Brasil, Catar, Holanda

Ano: 2018

Elenco:  Magdalena Tótoro, Demian Hernández, Antar Machado

Gênero: Drama

Distribuição: Pandora Filmes

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