Baseado no clássico de terror Suspiria (1977), de Dario Argento, o remake de Luca Guadagnino (Me Chame pelo Seu Nome) acaba de ganhar seu primeiro teaser. A adaptação do longa-metragem conta com o roteiro de David Kajganich (Renascido das Trevas) e é estrelada por Dakota Johnson (50 Tons de Cinza).
(Teaser trailer abaixo):
(Fonte: Movieclips Trailers / YouTube)
Suzy Bannion (Johnson; no original, Jessica Harper) é uma jovem bailarina norte-americana que embarca para Berlim, na Alemanha, com o objetivo de integrar uma prestigiada escola de balé. Assim que chega, a protagonista tem de lidar com os mistérios que assombram o local, como o desaparecimento de uma colega da academia, Patricia (Chloë Grace Moretz), e os estranhos comportamentos de Madame Blanc (Tilda Swinton; vivida originalmente por Joan Bennet) e da também bailarina Sara (Mia Goth; Stefania Casini).
Versão de 1977
Tal como a primeira versão, o teaser do remake mostra que o clima de horror e suspense visceral continuam a ser parte fundamental da história. Suspiria (de 1977) é um terror gore, com muito sangue, chuva de vermes e mortes violentas. Sua trama, por mais intrigante que seja, tem um desfecho um tanto quanto rápido – ou, até mesmo, bobo. Mas, considerando a época de lançamento e a aclamação da crítica (com 92% de aprovação no site Rotten Tomatoes), é compreensível que o enfoque do roteiro não esteja na construção de um enredo complexo.
Ao contrário disso, a produção de Argento tem como maior mérito a junção de elementos sombrios, como a temática de bruxaria, uma trilha sonora horripilante – feita pela banda de rock progressivo Goblin – e a fotografia escura (principalmente dentro da escola de balé, com suas luzes avermelhadas). Desde a primeira cena, a trilha acompanha a mocinha quase que como uma entidade, que está lá para assombrá-la; portanto, cada nota incômoda de versões musicais, similares umas às outras, atua como um personagem à parte. É como se nos dissesse ora “sinta-se apreensivo, espectador”, ora “agora, prepare-se para algo terrível”.
Ainda assim, a trilha não contém nada de óbvio. Há cortes bruscos e fades progressivos – quando a música diminui rapidamente –, e ambos efeitos trazem um desconforto um tanto implícito a quem assiste ao filme. Aparentemente, Suzy nunca está sozinha. Então, qualquer diálogo proferido por ela poderá ser usado contra si própria.
No novo teaser
Os personagens, todos excêntricos, lembram um pouco figuras de um circo dos horrores, com feições esquisitas e comportamentos ainda piores. Já no filme de Guadagnino, segundo o teaser lançado, a escalação de atrizes como Swinton (Precisamos Falar sobre o Kevin), Moretz (Deixe-me Entrar) e Goth (Ninfomaníaca: Vol. II), com certeza, indicam o desejo do diretor de trazer à sua adaptação um elenco lembrado por longas-metragens excêntricos e/ou assustadores – sem contar as suas ótimas atuações, é claro.
Enquanto isso, Johnson poderá servir como uma perfeita Suzy, pela naturalidade de suas expressões doces e que denotam certa ingenuidade. Alguns elementos pouco explorados na produção original, como as anotações de Patricia, o talento da protagonista e a própria dança, parecem ter sido melhor incorporados à adaptação. Além disso, um objeto estranho, que lembra o formato de uma foice aberta, é mostrado no minuto 1:10 e, novamente, no 1:25 do teaser. Já a “chuva” de vermes e o andamento da trama, ao que tudo indica, podem ser bastante fiéis à primeira versão de Suspiria.
Afinal de contas,…
…para produzir um remake, é necessário a extrema admiração do filme original pelo diretor da adaptação – caso contrário, a obra mais recente terá grandes chances de não funcionar após o lançamento. Sendo assim, além do respeito para com o longa de Argento, Guadagnino precisará demonstrar fôlego e, neste caso, um aperfeiçoamento da história.
Esperemos pela chegada de Suspiria aos cinemas, com previsão para 2 de novembro deste ano, e que não siga a tendência dos remakes de terror (como Carrie – A Estranha, Psicose, Sexta-Feira 13 e A Profecia) de transformar as incríveis tramas originais em adaptações sofríveis.
COMENTÁRIOS